Santa Maria da Feira, dia 8 de Julho, 00h54
Caros Jovens,
Venho por este meio assumir o facto que deixei de ser jovem sem dar por isso.
Sempre considerei ter a memória curta, mas quando olho para trás lembro-me de muito. De tanto, que já não posso ser jovem.
Eu ainda sou do tempo em que não havia Internet, telemóveis, TV por Cabo, computadores portáteis, PDAs, GPS e DVDs. Nem sequer VHS ou Beta.
Eu ainda sou do tempo em que não havia qualquer shopping em Portugal. Mas já tínhamos a Casa Plácido e o Presidente da Câmara.
Eu ainda sou do tempo em que a Cruz não existia. O tribunal funcionava no Convento. E ainda não tínhamos hospital. Muito menos Europarque.
Eu ainda sou do tempo em que a Junta instalou uma parabólica na Piedade e transmitia canais de satélite para toda a cidade. Cidade? Eu ainda sou do tempo em que a cidade era Vila. E Vila mesmo.
Eu ainda sou do tempo em que toda a gente conhecia toda a gente. Literalmente. Hoje ainda gostamos de pensar que funciona assim. Mas já não funciona. Tanto.
No meu tempo as crianças (as crianças mesmo) brincavam na rua e até tarde. Até de noite.
No meu tempo todos (ou quase todos) os miúdos andavam na Academia.
No meu tempo o único desporto que havia para crianças era a ginástica.
No meu tempo não existiam piscinas na Feira. Até que se construiu a do Cavaco.
No meu tempo os prédios na cidade contavam-se pelos dedos de uma mão.
No meu tempo não existia a Cafetaria, nem qualquer bar.
No meu tempo ia-se ao Café Moderno ou ao Trovador.
Eu ainda sou do tempo em que não existia Amandius (como é possível???). E quando abriu, vendia baianos.
Há pouco, quando chegava à Feira fiquei surpreendido com tanto movimento. Diversos carros chegavam à cidade. A cidade respirava movimento. No meu tempo encontravamo-nos no Arca Doce. Fazíamos festas em casas de amigos.
No meu tempo o Orfeu não existia, mas já existia o Orfeão. O Orfeão já teve uma equipa de voleyball. Ou foi o CBI (ou BCI)??? E também havia o badminton.
Eu já fui tão novo que já levei o dorsal nº1 nas Olímpiadas. Nas Mini, claro.
Já fui novo, mas já não sou.
Hoje deu-me para isto. Qualquer dia começo a pensar em descendência.
Cumprimentos,
Ex-jovem
sábado, 8 de julho de 2006
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11 comentários:
Ahhhhhhhh, El Torerito, para quando o casório...?
Espero francamente, que a essa sua anteiror condição de ex-jovem, suceda uma outra: a de noivo!!!!
cumprimentos!
O Amandius ainda vende baianos.
e havia as k7, que agora foram-se, e claro o mitico spectrum... aahhh!
caro el torero... eu já estou na fase da descendencia...
ah... e viva o amandius!
Hoje mesmo vou confirmar essa informação - o Amandius vende baianos.
Querido Torero,
(o tratamento "querido" deve-se a uma complacência compulsiva muito irritante da minha parte) Tome um lexotan que isso passa!
Caro Torero,
para o caso extraordinário de o lexontam não resultar:
Não haviam essas coisas mas, em princípio, a menos que seja mesmo decrépito, havia o toddy de morango para por no leite, haviam os desenhos animados do deprimente Marco á procura da sua mãe; a querida Heidi, o Conan - ou á como se escreve -, o Dartacão, as pastilhas elásticas peta zetas que estalavam na boca; as séries do Verão Azul, e aquelas sensacionais esperas, ás seis da tarde, em frente a um ecrã vazio, à espera da emissão da RTP. Só por isso já vale a pena estar-se velho!
Cara Lololinhazinha,
Confesso que o meu forte não é farmacologia.
Assim sendo, informo todos os que tenham ficado com dúvidas:
Lexotan, benzodiazepina para tratamento de perturbações emocionais e funcionais.
Acho que vou seguir o seu conselho em relação ao Fármaco.
Quero ainda agradecer-lhe as razões apresentadas para se querer ser velho.
Aproveito ainda para lhe perguntar se não gostava do Verão Azul. Eu acho que vi quase todos os episódios. Quando não via um episódio num Verão, via no Verão seguinte.
Caros amigos,
Já agora informo, para quem quiser ver ou rever, que o Cinebank tem, para aluguer, as duas primeiras séries do Verão Azul.
Caro Mirone,
Sendo a intenção ir depressa, e já que é por causa do D'Artacão, sugeria, em vez de ir a correr, imitar o herói em questão e arranjar um cavalo.
Seria mais rápido e mais cómodo.
Caro Torero,
Adorava o verão Azul. Lembro-me de todas as personagens e agora que nos lembrámos disso até vou comprar em DVD.
Quanto ao Lexotan, o meu cardiologista disse que se pode tomar à vontade durante toda a vida, desde que não se conte a ninguém!
Abracinho
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