Santa Maria da Feira: População e padres indignados com espectáculo do Imaginarius
A comunidade católica de Santa Maria da Feira está indignada com o espectáculo apresentado pela companhia Cacahuète, durante o Imaginarius’07. O padre missionário passionista, João Bezerra, vai promover um abaixo-assinado para entregar na embaixada francesa mostrando o repúdio por este espectáculo apoiado pelo Ministério da Cultura francês
O catálogo de apresentação do Imaginarius já avisava que se tratava de um «espectáculo obsceno, nojento, mórbido, alegre, cínico, lascivo e provocador, que combina imagens mitológicas e religiosas com alegorias decapantes, reivindicando um certo mau gosto. Certas imagens deste espectáculo são fortemente desaconselhadas às crianças e a pessoas com fortes sensibilidades religiosas».
No entanto, ninguém esperava que os franceses fossem tão longe nesta sua sátira religiosa com críticas à sociedade de consumo. «Pensam que somos tão ignorantes para não vermos a intencionalidade maléfica e satânica de se apresentar um porco numa cruz», questiona o padre João Bezerra, afirmando que «nenhum católico pode ficar indiferente» quando depois de esquartejado o animal a sua carne foi atirada e distribuída pelo público, acompanhada de expressões eucarísticas como «tomai e comei, o corpo do porco».
Neste espectáculo onde a Virgem Maria, em vez de dar à luz um menino, tirava de entre as pernas prendas, onde as freiras apareciam parcialmente nuas, onde na última ceia se comia os dejectos do porco e um homem «projectava água pelo pénis para ser distribuída pelas pessoas, acompanhada da expressão “tomai e bebei”, eram muitas as crianças e jovens que assistiam acompanhadas pelos pais que começaram a abandonar o recinto», segundo João Bezerra.
O padre, responsável pelas recriações históricas religiosas que ocorrem em Braga e Santa Maria da Feira durante a Semana Santa, diz que foi um espectáculo de «mediocridade baixa», considerando «uma ofensa grave ao catolicismo, de baixíssimo nível» e que «só veio prejudicar a imagem do Imaginarius». «Cá na minha terra, ainda não se come a porcaria dos porcos, ou alguém tem argumentos para me convencer que modernismo, progresso e cultura têm que ter tais ingredientes?», questiona.
Opinião contrária tem Renzo Barsotti, responsável pela organização e do «Festival Sete Sois, Sete Luas», que admite haver «alguma provocação» nesta crítica «ao consumo que substituiu todos os outros valores da sociedade, onde as pessoas ao domingo trocaram a igreja pela ida ao centro comercial».
Renzo Barsotti diz que «é melhor as pessoas serem menos hipócritas», afirmando que «na televisão, todos os dias, há imagens mais violentas».
Não foi possível até ao fecho desta edição ouvir Amadeu Albergaria, vereador responsável pela cultura da Câmara de Santa Maria da Feira.
In Diario de Aveiro
quinta-feira, 24 de maio de 2007
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