A conclusão é cada vez mais manifesta: a arqueologia discográfica têm hoje muito mais interesse do que qualquer outra abordagem musical (lembro o que os sonic youth faziam com as guitarras, ou o que os einstuerzende neubaten com o lixo) e assume um total protagonismo no que respeita à música eletrónica de hoje (mais ou menos dancável, mais ou menos soporífera). De qualquer forma, esse protagonismo do "sample" - que lembre-se começou no hip-hop - tem permitido às editoras rentabilizar catálogos e trazer à luz do dia, em som depurado e suporte metalizado aquilo que antes rareava e era precioso, ou se julgava definitivamente perdido, em vinyl. O "avant-garde" é hoje feito com aquilo que antes se decretava como foleiro.
E foleiro é aquilo que efectivamente o Jimmy Macgriff parece no lay-out interno do disco "electric funk", com a sua pose para uma fotografia de passe (e acreditem que deve ser mesmo!), uma camisola de gola alta de um amarelo que não lembra ao diabo e um cordão de ouro que ele também deveria usar para fazer passear o seu labrador. Contudo, se gostas de um bom "groove" que caminhe entre o jazz e o funk, eis um excelente disco para perceber que o jamiroquai não inventou absolutamente nada, apenas reactualiza numa elaboração mais pop, o que os negros norte-americanos fazem há decadas.
"Street Lady" do Donald Byrd seguindo o mesmo registo "soulgroove" é mais elaborado. É um registo mais jazzy do que o de Jimmy Macgriff, o que se compreende uma vez que aquele estabeleceu a sua reputação como músico jazz, o que não sucedeu com este último, sempre muito mais multidisciplinar. "Street Lady" é assim um excelente disco, feito das sonoridades negras características dos anos 70, que abundavam nos "blaxploitation movies", mas com um som mais elaborado e rigoroso.
De salientar que ambos os albuns constituem reedições feitas pela "Blue Note" sob a designação de "rare groove series", pelo que será de esperar por mais excelente novidades.
Tchüss.
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