Agora que o antónio oliveira salazar foi votado o maior português de sempre, não faltarão argumentos à esquerda - a toda a esquerda, da institucionalista à mais trauliteira, orfã da revolução - para uma nova ofensiva contra o fantasma do salazarismo, voltando a fazer girar aqueles moínhos quixotescos a partir dos quais, a reputação desconhecida ou duvidosa de muitos acabou por ser construída e catapultada durante o regime democrático do pós 25 de Abril. Abriu o tempo para o ajuste de contas entre os democratas pós-salazaristas, o tempo para uma purga e para uma nova sindicância: onde estavas tu no 25 de Abril? Dizeres que por acaso até estavas na sanita - pois a História, não pede licença - poderá fazer levantar, 32 anos depois, dúvidas quanto à tua idoneidade democrática e quanto ao teu empenho no pluralismo, não vá desconfiar-se que aquilo que realmente pretendes é, por artes mágicas, fazeres levantar salazar da campa!
A única razão pela qual o homem ainda é assunto, é porque há demasiada gente que na democracia tem medo de que se lhe descubra a careca e razões injustificáveis. De outro modo, ele já tinha passado à história e o importante seria o nosso futuro.
Mas afinal, onde estava tu no 25 de Abril?
6 comentários:
Insuspeitamente, na barriga da minha mãe.
O único interesse dos resultados do programa é a análise de uma sociedade esquizofrénica que continua alapada ao sebastianismo. Apesar dos últimos não sei quantos séculos, apesar dos últimos 32 anos, apesar de todos as interferências culturais. Podemos estar descansados que a globalização jamais chegará a Portugal. Os Portugueses não aprendem nada nem quando vão lá fora, nem quando recebem cá dentro. Daqui a mais 32 anos os portugueses que estiverem dispostos a gastar dinheiro para votar no maior português de sempre vão, provavelmente, continuar a babar por Salazar.
Acham que, 33 anos depois, já se pode chamá-lo carinhosamente de Toninho Salazar...?
Eu já estive à campa do Sr. Dr., sim, em Santa Comba. Não me perguntem porquê.
Antes de mais podem deixar de especular que, à data, uma das "trips" mais fantásticas para a maior parte dos adolescentes (grupo normal do qual eu fazia parte) era ir a Benidorm nas féras da Páscoa - viagem que também fiz.
Mas, na verdade, lá fui à campa do Salazar quando andava no Liceu de Espinho no 11.º ano de escolaridade.
Andávamos a dar o Eça a Português e as profs resolveram levar a rapaziada a Baião para visitar a casa do Queirós.
Como aquilo se despachou num instante, convenceram o motorista a curvar para Santa Comba, sem que os alunos tivessem dado conta (tão entretidos estavam eles com os respectivos walkman aos berros com U2 ou a curtir na cozinha).
A verdade é que chegados ao local, lá nos encaminharam para a tumba em causa.
Claro que eu posso ter imaginado tudo isto durante uma noite em que me espetaram qualquer coisa no vodka limão fajuto que emborcava numa discoteca foleira de Benidorm nas férias da Páscoa daqueles idos de 1991...
É realmente pavoroso que o público tenha perdido a oportunidade de eleger O MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE... o programa que passou de "verdadeiro serviço público" e que visava "fazer história" para mero "passatempo", "brincadeira", "concurso", citando a própria Maria Elisa quando, no final do programa, tentava justificar o desaire...
Tiro uma conclusão mais pragmática:
Quem gosta de Salazar, tem telefone.
Parece-me a única conclusão séria que se pode retirar, dado que, estatisticamente, a votação não pode ser validada, e como tal, será sempre inconclusiva.
Reforçando a ideia: Alterando uma variável, por exemplo, se a votação fosse feita pela net, qual seria o resultado?
Muito sinceramente - eu - não estou nada incomodado!
Caro Jam,
Se a votação fosse por net o resultado, em princípio, seria o mesmo. Já estava habituada a ouvir os taxistas de Lisboa clamarem por Salazar. Este programa serviu de pretexto para que saíssem do armário muitos bloggers e comentadores habituais em Blogues. O fenómeno parece estar generalizado. Agora que sabemos que a Naifa peregrinou até Santa Comba confirmam-se os piores receios: o país é salazarista. Claro que também podem ser os efeitos do vodka laranja ou do bagaço.
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