quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Que bom não ser o último!...

Cópia integral do artigo de opiniao de Domingos Oliveira no jornal "Terras da Feira" de hoje.

Ficar em 67º lugar, entre 278 municípios, segundo o dirigente político máximo do concelho, não deixa de ser uma posição elogiosa para Santa Maria da Feira, mesmo sabendo-se que, São João da Madeira, por exemplo, ficou em terceiro.

Ser Feirense sempre foi motivo de grande orgulho para mim, assunto de muitas conversas e excelente cartão de visitas na apresentação a desconhecidos. Bebi água do chafariz, brinquei nas Guimbras, aprendi a nadar no açude do Caster, ali bem perto no milheiral do "Tizé Coiteiro", joguei bola no Rossio, pedi "tostões" p'ró Santo Antoninho, atirei pedras p'ró lago, ajudei a mudar de sítio o carro do "Terra de Macieira", fiz parte dos "frinchas", "objectivo 33", dos "serenatas", "gato preto" e "Libartoni". Colaborei na caça aos gambuzinos, dei protecção ao "casal francês"… Enfim, um manancial de recordações que fazem da minha terra o palco apetecido da saudade, olhando-o, sempre, como local privilegiado da minha sobrevivência.
Um dia, surpreendentemente, cresci.

Cresci e vi também a minha terra a crescer. No plano viário e demográfico. Hotéis e residências, em vez de pensões. Coisa fina! Construções na vertical, a que insistem chamar de propriedade horizontal – gente a viver uma em cima da outra, para mim, não é a mesma coisa que, ao lado uma da outra. Cidade em vez de Vila. Derrube do Edifício escolar "património nacional" mas, como recompensa, adaptação a cinema, de futuro centro de exposições, nó da Auto-estrada e quejandas acessibilidades. Grandes superfícies comerciais, Europarque e Hospital. Zona nova da Cruz. Vida nocturna, Zona Histórica, uma rotunda… depois, mais três. Imaginarius e Semanas Medievais. Carros, cada vez mais carros. Novo Tribunal, Biblioteca e paralela à Rua Direita. Pessoas, cada vez mais pessoas.

Tudo, naturalmente, se alterou e continua a alterar-se.

Teremos, brevemente, o Lar S. Nicolau, a abrir portas. Ideia antiga?! Que será nova para tratar os "velhos", mas continuaremos a "sonhar" com outras realizações, de que o seu principal exemplo é a velhíssima Casa Mortuária. Se o sonho comanda a vida, que seja também a antecâmara da morte. O Rio Caster terá margens melhoradas. Será local de lazer e de prazer, mas, contrariando as expectativas, não irá secar. Não consta, ainda, que a nascente se esgote, nem que os seus "afluentes", a montante, sejam desviados. Os vinte e tal anos de promessa de implantação total de rede de saneamento básico continuam, tal e qual o seu promotor, na agenda de prioridades e na grande esperança santamariana. O estacionamento continua a ser assegurado e gratuito a todos os profissionais dos serviços, excepto aos que funcionam por turnos, em toda a zonas da cidade, das 8h00 às 19h00. Já os clientes, esses, dada a velha máxima de que o negócio vai de mal a pior, serão cada vez menos, motivo de preocupação. Também, que diabo!, pior estão aqueles que "… noutras cidades têm que deixar o carro a cinco quilómetros de distância"!...

Para concluir, é bom viver na terra que me viu nascer e crescer, orgulhoso de vê-la classificada em 67º lugar, num estudo que mediu o bem-estar e a qualidade de vida dos portugueses. Ficar em 67º lugar, entre 278 municípios, segundo o dirigente político máximo do concelho, não deixa de ser uma posição elogiosa para Santa Maria da Feira, mesmo sabendo-se que, São João da Madeira, por exemplo, ficou em terceiro. E se Santa Maria da Feira é a minha terra, que bom isso é para mim. Embrulharei esta prenda em papel de seda, da melhor, para, um dia, a poder mostrar à minha neta.

Sem comentários: