quinta-feira, 2 de outubro de 2008

erwin schulhoff



Quando Erwin Schulhoff morreu, tinha 47 anos. E todos sabemos que a condição humana, o frágil equilíbrio de que é feita e de que depende, não sobrevive ao indizível e ao inexplicável. O tormento obscurantista, outrora posto em marcha nos campos de concentração, pela insignificância perturbada de uns tantos animais – que se achavam homens – não permite vencedores, nem mesmo sobreviventes. Permite apenas fantasmas, os espectros de gente que ainda consegue viver para lá de uma tenebrosa recordação, para tornar contemporânea, toda a capacidade animalesca dos homens. A Erwin Schulhoff, não foi pois, a tubercolose que o matou, em 1942, no campo de concentração de Wulfsburg, na Bavária. Foi descobrir que a sua destreza musical, a sua dedicação ao aprimoramento genial do som, expressão primeira do mundo, pudesse ser tão meticulosamente decepada, pela odiosa incompreensão dos que poderiam ser seus ouvintes e a quem, a sua mestria se dedicava.
Foi a traição dos próprios homens, à sensibilidade e inteligência que são capazes de gerar e reconhecer, que então sufocou e emudeceu, o pulmão perceptivo do mundo… Agradecemos pois, a Erwin Schulhoff, a quem a vida cedo deixou de correr pelas veias, para se precipitar ligeira pelas pautas.

Erwin Schulhoff (praga 1895 - wulfsburg 1942)
cinco peças para quarteto de cordas (1), interpretado pelo quarteto Nuove Musiche.

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