Ratzinger, o Papa Bento XVI, vai vetar o acesso ao sacerdócio de homosexuais, «gays» ou «sodomitas» - repescando assim uma velha terminologia que a Igreja Católica, num passado ainda recente, gostava de utilizar!
Perplexidade do dia:
Então e ... o que vai a Igreja fazer com os homosexuais, «gays» ou «sodomitas» que já exercem o sacerdócio? Vai excomungá-los?
7 comentários:
Caro asp,
creio que se há estrutura que deveremos louvar pela respectiva coerência - que livremente se manifesta, independentemente dessa entidade cada vez mais monstruosa que é o políticamente correcto (e que cada vez mais se revela como o absolutamente nada) - é precisamente a igreja católica. Se esta históricamente sempre considerou que o sacerdócio enquanto sacramento, e enquanto papel relevante na sociedade, deve ser exercido por um determinado conjunto de homens, que reflictam uma determinada concepção teológica e moral dessa mesma sociedade e do Homem perante Deus, então acho muito bem que a própria Igreja seja consequente com a defesa desses mesmos valores e com a respectiva teologia. E isso não é discriminação, é a mais absoluta coerência.
Se o asp quiser fazer parte da maçonaria - a título meramente exemplificativo - dela seguramente nunca fará parte se o caríssimo asp persistir em assumir-se como crente na divina trindade e na encarnação do Jesus Cristo como Homem. Tal também não é disciminação, é a mais simples e bem-vinda coerência.
O que não se pode querer é exigir que tudo seja tratado da mesma forma, ao barulho e ao mesmo tempo!
Viva Ratzinger!
Caríssimo asp,
a título meramente hipotético e recreativo, está a ver o Grande Mestre maçon (será esta a designação?) do Grande Oriente Lusitano, a professar a encarnação do corpo e sangue de Jesus Cristo, no pão e no vinho?
Seguramente que não, pelas razões óbvias! A Maçonaria não defende tal tipo de abordagem e entendimento filosófico e louve-se pois a sua coerência. O que espanta é que sendo a igreja católica - e Ratzinger em particular - a fazer uso e a demonstrar tal coerência filosófica e teológica logo seja apelidade de preconceituosa.
De onde resulta perguntar-se, onde está o verdadeiro preconceito.
Cara Margot,
antes de mais, permita-me que lhe dê as boas-vindas. Para quem é cliente assíduo e vai assinando algumas coisas por este blog, é sempre estimulante ver alguém novo aparecer.
Mas vamos à polémica!
O facto de, como diz, a Igreja Católica, fazer questão no encobrimento dos abusos sexuais protagonizados por sacerdotes não constituí, no meu entender, o vector fundamental de toda esta questão. Se têm em mente o ocorrido na Diocese de Boston, esses factos foram imediatamente condenados pelo Papa João Paulo II e foram objecto de procedimento interno, que creio culminaram com o afastamento de grande parte da hierarquia naquela diocese norte-americana. Como vê a Igreja não é conivente! Têm, como não poderia deixar de ser, as suas falhas e os seus erros. Agora o que me parece de verdadeira importância na presente discussão, não é saber se este ou aquele beneficiou em pequena ou larga escala de conivências ou de encobrimentos - até á hora em que estes se revelam - mas sim a coerência doutrinal e teológica da igreja em duas vertentes: a) a coerência para com o corpo doutrinal, teológico e moral perseguido pela Igreja Católica; b) a coerência enquanto valor em si mesmo, apesar e contra este clamor de um conjunto de ideias feitas, que em termos comuns se designam como políticamente correctas e que a todo o custo - mesmo com o sacrifício daquele mesmo valor dito coerência - pretende ser imposto à sociedade e a todas as suas instituições. E é por isso que todo este barulho me parece sumamente ridículo. Com a decisão doutrinal afirmada por Ratzinger, a Igreja Católica não fez mais do que afirmar o seu posicionamento tradicional, posicionamento esse, que nas sociedades liberais e tolerantes como julgo serem as nossas - agora começo a desconfiar - é perfeitamente legítimo.
Não Caríssima margot. O Cardeal Ratzinger, o Papa Bento XVI, não nasceu para ser o Papa Porreiro, o Papa Cool, o Papa Bacano. Isso - como bem notou acima James Bond - era aquilo que o programa e a "inteligentsia" do politicamente correcto pretendia. Contudo, a Igreja Católica não pode simplesmente deitar ao lixo séculos de dogmática, para satisfazer a vontade do porreirismo e da camaradagem global a que nos pretendem reduzir e de que qualquer coisa vale a pena - independentemente do que quer que isso signifique - desde de que não haja ninguém que chateie e diga que não. Os que contrariam esse facilitismo e o acordo global sobre determinadas matérias (aborto, casamento e adopção por homosexuais, uso de células estaminais, clonagem etc...) são os fascistas, os reaccionários.
E por isso ainda que fascista ou reaccionário, haja a liberdade para dizer NÃO e para apresentar perspectivas diversas.
Viva Ratzinger, Viva Bento XVI!
Caríssimos:
Estou a adorar o debate sobre o este meu postal.
Todavia, entretanto, fui subitamente assaltado pela seguinte dúvida: não é suposto que qualquer sacerdote, independentemente da sua «tendência» sexual (hetero, homo ou bi), não a ponha em prática, no seu exercício pastoral, em face do voto de castidade que assume aquando da investidura como Padre? Serei eu que estou a pensar mal? E, caso não esteja, qual então o alcance prático que se pretende obter com o Édito Papal?
Cara margot,
reparará que se começam a amontoar as visitas ao seu profile. Sehr gut für uns und für dich!
Não sei quantos mais casos de abuso sexual por sacerdotes tem a margot conhecimento - lembro-me agora de um outro, a do padre frederico que foi igualmente objecto de procedimento criminal e creio que de condenação. Agora o silêncio de que fala (o silêncio das vítimas) é o grande problema deste tipo de crimes e ele existe independentemente do abusador ser sacerdote, bispo, notário, médico, artista de circo, rádio, tv ou disco. O outro silêncio de que fala (o da igreja católica, relativamente a este tipo de crimes) é que parece, porém, insinuar um seu preconceito: a de que em cada paróquia haverá um abusador em potência e de que relativamente a muitos deles (que a margot insinuará existirem), a igreja se cala. E isso parece-me manifestamente abusivo quando considerados alguns dos exemplos que vêm ilustrando esta nossa discussão (Boston, Frederico).
Será só obrigação da Igreja Católica denunciar tais situações? A comunidade médica ou judicial não terá tal obrigação perante os seus representantes? A comunidade artística, seja a da rádio, tv ou disco, não terá igualmente tal obrigação? Sei que dirá que sim e que reconhecerá que, nas mesmas, poderão de igual modo existir as conivências e as tentativas de branqueamento que pretende assacar quse em exclusivo à Igreja Católica. Logo a obrigação de denúncia deixa de ser mais de uns do que outros. Presumo que concordará que ela é de todos.
Quando falei do Papa porreiro, cool ou bacano, não tinha em perspectiva a maior ou menor simpatia pessoal que Ratz desencadearia junto dos mais velhos ou mais novos. Tinha e tenho em perspectiva uma ideia quase global de que se exigiria do novo Papa (fosse ele Ratzinger, ou qualquer outro) uma maior abertura - diria quase facilitismo - da Igreja Católica relativamente a um programa de valores e que hoje perfeitamente se identifica com o credo do politicamente correcto: o sacerdócio para as mulheres, para os homosexuais, permissão para o uso de embriões humanos para fins científicos/uso de células estaminais, aborto, clonagem, casamento homosexual ente alguns outros. O Papa cool, o Bacano XXI, seria aquele que sobre todas estas matérias protagonizaria uma abordadem mais porreira e consequentemente de grande abertura, que melhor se adoptasse a esta nossa dissolução de referências e de valores em que se tornam, cada vez mais, as nossas sociedades capitalizadas e consumistas em último grau.
E digo assim digo: ainda bem que o escolhido foi "das rotweiler von Gott". Não queria imaginar a desilusão de todas as pessoas que aclamariam o que lhes poderia parecer um Bacano XXI. O programa da Igreja Católica é claramente conservador e Ratzinger é a escolha claramente maioritária que tal reflecte.
Perante os dilemas éticos hoje levantados pelo conhecimento cientifico - se é que ética diz alguma coisa para si margot, e acredito que sim - e as possibilidades de manipulação da natureza humana que ela permite, creio que os tempos terão necessariamente que passar por escolhas e por referências claras, inquestionáveis, e em absoluto intransacionáveis. A igreja católica pretende constituir esse núcleo de referências, por muito que isso possa parecer politicamente incorrecto.
Immer Geraderaus Ratz. Du weisst die Weg!
Cara margot,
devo dizer que achei interessante a presente troca de impressões. O propósito da mesma nunca foi impor visões absolutas do problema que discutimos. Considero igualmente, que a Igreja Católica é senhora de inconsistências. Agora, o que sempre me pareceu, é que relativamente ao problema que moivou a presente troca de posts - não acesso ao sacerdócio de homosexuais - se condena a mesma Igreja Católica, quando a mesma reforça doutrinalmente essa mesma restrição tradicional, sem que, quanto ao mesmo assunto, fosse expectável qualquer alteração ou abertura. Portanto, o que aconteceu foi aquilo que se esperava que acontecesse e que até ao presente sempre aconteceu.
De onde resulta, que muitas vezes se ataca e se faz barulho aonde esse mesmo barulho não merece ser feito e é-o só porque se trata da Santa Mãe Igreja.
O facto de, em outras sociedades e religiões - por exemplo a muçulmana - a homosexualidade ser motivo de condenação à morte, não merece muitas vezes da nossa parte uma só linha que seja, ou um só clamor. E isso, mais do que uma sabida afirmação doutrinal da Igreja, é que deve merecer a nossa reflexão.
Espero contudo, caríssima margot, que muitas outras discussões possam ter lugar no feirafranca.
Até breve!
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