sexta-feira, 18 de novembro de 2005

quem não tem porque não quer Vs. quem não tem porque não pode

O assistencialismo faz de nós estúpidos.
Não porque, no fundo, não saiba que não o somos, mas porque – como de resto convém a qualquer assistencialismo estruturado – lhe convém que todos nós, assim sejamos entendidos. Como estúpidos, entenda-se. E enquanto o formos (e o princípio igualitário deixa muito pouco espaço a que possamos parecer o contrário) hà toda uma estrutura de entendimento, de poder, de funcionários, de sistemas e de programas sustentada pelo Estado, que persistirá e que lutará até á última gota de sangue pelo seu direito a tratar-nos como estúpidos e consequentemente, pelo seu direito a mais uma fatia do orçamento do estado, traduzida naqueles programas, sistemas, funcionários, poder e entendimento, o qual de resto, continuará a ser sempre alimentado por quem? Pelos estúpidos, obviamente!
Esta estupidez (da qual, naturalmente, se excluem todos aqueles que exercem o muito disputado direito de nos tratar por estúpidos) dará cabo de nós, porque, concluí-se, são hoje mais aqueles pertencentes a esta última categoria (dos que exercem o direito) do que os próprios estúpidos, que provavelmente cegos (e estúpidos!), continuam humildemente a contribuir com o seu esforço e trabalho, para que aquela sua condição estupidificante possa continuar a persistir.
Pois eu digo e proponho que a estupidez reinante a que muitos de nós somos reduzidos, consequentemente tratados como uns incapazes – ainda que muitas vezes gritemos o contrário – possa ser substituída por um outro princípio, o qual gostaria de nomear como: Quem não tem porque não quer Vs. Quem não tem porque não pode.
E em que consistiria este Quem não tem porque não quer Vs. Quem não tem porque não pode? Sobretudo em desagrilhoarmo-nos desta nossa condição de estúpidos a que o Estado permanentemente nos remete. Não mais os coitadinhos, os ignorantes, os incapazes, os néscios, os desfavorecidos, os não tão incapazes mas incapazes à mesma, aqueles a quem qualquer desculpa releva ou se inventa para que no fundo, todo o sistema persista. Desagrilhoados dessa nossa condição, cada um seria responsável pela construção da sua própria pessoa. Verdadeiro e primeiro responsável pelo indivíduo nas suas diferentes projecções económica, social, cultural (todas dignas da devida protecção legal e constitucional) seria o próprio indivíduo, sendo que, as sua escolhas e opções, não poderiam ser condicionadas/coagidas/afuniladas a um modelo pré-estabelecido (como é hoje o nosso) definido e imposto pelo próprio Estado ao estúpido de hoje, na educação, na saúde, na economia, na assistência social e na cultura. Esse mesmo modelo estatal – entretanto substancialmente reduzido – teria uma função meramente subsidiária para todos aqueles que, comprovadamente querendo e acreditando em si (e por isso longe de serem estúpidos) não tenham como.
Daqui, a verdadeira liberdade do indivíduo perante si mesmo, perante o destino que será capaz de escolher e de perfilhar, até a de enveredar pela condição de estúpido, pelo penos, às suas prórpias expensas!
E sobretudo, a liberdade individual perante o próprio Estado e à estupidez a que nos pretende reduzir. É o próprio Estado que promove o preconceito e insiste em nos diminuir nas nossas capacidades.

Consequência:

As 28 Assistentes Sociais adstritas a um programa idealizado e patrocinado pela Câmara Municipal de Leiria, por intermédio do qual aquelas ajudam (?) ensinam (?) pessoas/indivíduos a preencher o modelo número tal, necessário à inscrição no fundo de desemprego, seriam imediatamente removidas das respectivas funções a que as mesmas (não duvidemos!) piedosamente se dedicam, colocando assim ponto final no ridículo e no preconceito promovido pelo Estado.

Amigos, ouçamos o Povo: então quem tem boca, não vai a Roma, bolas!

3 comentários:

My Daily Struggles disse...

Greetings from the USA.

ASP disse...

Caro Amigo Fritz:
Subscrevo o seu manifesto contra a estupidez!!!
Abraço!

fritzthegermandog disse...

Caro asp,

aproveitando a sua óptima catalogação do presente post, proponho que o mesmo possa ser objecto de subscrição sob o nome por si proposto: manifesto contra a estupidez e contra a condição de estúpido.

obrigado.