A capacidade económica revelada pela china nos últimos 10 anos é algo de absolutamente assombroso. Creio que ninguém de tal poderá duvidar. Contudo dessa expansão económica de que vêm beneficiando o império do meio resultam, em linguagem económica, externalidades diversas. De uma forma geral, temos revelado a tendência para nos concentrarmos nas de cariz económico e de nos amedrontarmos com as mesmas (nalguns casos com inteira razão). Contudo a expansão económica cria todo um outro conjunto de impactos políticos, sociais e culturais que não devem ser desmerecidos, nomeadamente quando prestarmos a devida atenção ao facto de a china ser, politicamente, um regime totalitário de inspiração marxista-leninista. Eis, contudo, que o povo chinês se agita e começa a perceber que mais tarde ou mais cedo, a expansão económica de que hoje beneficiam (de inspiração liberal/capitalista) conduzirá mais tarde ou mais cedo, à questionação daquele modelo político e social .
Ora, o que é verdadeiramente fantástico nessa circinstância e que há-de constituir, verdadeiramente, uma ironia histórica e ideológica de proporções quase bíblicas, é que, convocando as teorias marxistas taõ em voga pela burocracia daquelas paragens (a lengalenga da infraestrutura económica condicionar a superestrutura político-jurídica) e postas em prática pelo regime chinês (com as cambiantes desse louco de olhos em bico chamado Mao) é verificar que, ali, é a infraestrutura capitalista que condicionará e aniquilará a superestrutura política e jurídica chinesa, de inspiração marxista, ou seja, é o sistema (capitalista) que encerrava em si a definitiva contradição que conduziria à sua aniquilação, que derrubará, na china, o sistema que o substituiria, o sistema que estabeleceria em definitivo a justiça e equidade entre os homens: o sistema comunista. Pergunto-me o que pensará Marx disto!?
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