... entrei finalmente em casa e pouso as chaves no seu sítio habitual. Por todo o dia, percorri as ruas, as avenidas de Berlim Ocidental e com elas trago a monotonia da chuva escorrendo infinita, paredes cinzentas, fachadas idênticas de blocos e prédios intermináveis, o correr longitudinal e repetido das suas janelas. Da minha, vejo todo esse aborrecimento que também agora se instala nas casas, acendendo as luzes. Chove. Sento-me e tenho um coração em arestas, uma forma brutalizada de ser, de dizer alto enormidades indesculpáveis. A nós (a Berlim e à Menschkeit), quem nos dera a harmonia e o equilíbrio das árvores, o lento esgotar do sol nos dias azuis, o aroma fresco das algas na rebentação branca do vento. Assim era certo, que no mundo haveria esperança e redenção e que haveria um nome e um país de nuvens altas e areia cristalina, aonde irradiasse calor nas suas mãos.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário