segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

concerto de natal

Declaração de princípio
Chamem-me fascista, snobe, emproado, pretensioso, preconceituoso, arrogante, nazi-racista o que muito bem entenderem e mais vos aprouver, mas às vezes a vontade é de pura e simplesmente desistir ou então, fazer justiça pelas prórpias mãos, defender a eugenia social, o puro e simples darwinismo em que apenas os mais aptos sobreviverão (e quanto á definição do que deverá constituir o mais apto, deixo á vossa inteira descrição).

Factos
Concerto de Natal, Europarque, Domingo, 18 de Dezembro, 18 horas. Programa: execução de obras sacras em estrita conexão com o tema do concerto (monteverdi, bach, händel entre outros). Conversa nas filas imediatamente anteriores, durante toda a primeira parte: “até está alguma gente ao contrário do que é costume!” “Estive num concerto em que executaram obras sinfónicas do Joly Braga Santos e eram tantos os que assistiam como os que estavam na orquestra! Mas até estremeci ao ouvir a sensibilidade musical do homem (joly braga santos)” “É melhor assim, estar menos gente. De contrário é só pessoal a fazer barulho, a espirrar e a tossir.” “Creio que na primeira parte (e isto, certamente verificando o programa), serão os Italianos (leia-se compositores italianos e respectivo estilo musical) e na segunda termos os alemães (leia-se compositores alemães e respectivo estilo musical)”. Fim da primeira parte. Intervalo de 10 minutos. Segunda parte, as mesmas pessoas na fila imediatamente anterior à minha: “queres uma chiclete de mentol?”. Um dos palhaços aceita, passando toda a segunda parte do concerto a ruminar de boca aberta para toda a restante audiência, o mentol da chiclete e a chiclete (nhác! nhác! nhác!) em verdadeira disputa solista com os músicos, alguns dos quais interpretaram a solo algumas das obras (ou seja, eram eles mais o gangster sonoro que se instalara no meu ouvido). Ele que momentos antes tinha tido a conversa culturalmente tão edificante de que já vos dei nota, aparentemente pretendendo passar-se por verdadeiro “connaisseur”.

Questão/inquérito
Suponham agora que, tal como eu, tinham pago 20 euros para assistir ao concerto e que até são apreciadores do programa musical (tendo inclusivamente alguns discos semelhantes) e que estavam satisfeitos com a consistência musical dos executantes revelada na primeira parte. Perante a circunstância descrita,

a) desejavam de serem possuidores de licença de porte de arma e pura e simplesmente, ao centésimo nhác! de boca aberta, sacarem da vossa Beretta 96 Vertec Inox semi-automática de 0.4mm e desfazer o carregador de 11 balas, sendo 10 disparadas na boca do prevaricador sonoro e a última reservada para a sua acompanhante, que assistia de gorro de pai natal na cabeça, ao concerto que vocês, até aí, tanto estimavam;
b) Voltando-se para trás, amavelmente pediam o favor ao indivíduo até aqui descrito, para que passasse a ruminar com a boca fechada, correndo o risco de não ser atendido ou ser mesmo insultado;
c) Iam-se embora;
d) Nenhuma das hipóteses anteriores;
e) Quaquer outra.

Eu, lamentavelmente, deixei a minha Beretta em casa. No próximo concerto de Natal, irei armado, não vá alguém aparecer de chiclete na boca.

12 comentários:

ASP disse...

Caro Fritz:
Compreendo a sua indignação!
Sinto precisamente o mesmo quando vou ao cinema e tenho o azar de se sentar ao meu lado um desses «ruminantes», carregado com um «contentor» de pipocas, coca-cola, chocolates, pastilhas, etc.!
Essas pessoas não vão ver cinema, vão para um «festim»!
Ah! E os anormais que atendem o telemóvel em plena sessão? Que jeito me fazia a sua Beretta ou ... então ... um «granitur»!!!!
Abraços!!!

amf disse...

De que marca eram as chicletes?
:)
Se estava assim tão pouca gente, era mais fácil mudar de lugar, e não deixar de dizer a tais reverências que a mudança se devia ao ruminar constante do animal.

JAM disse...

Caro Fritz,

Muito Bom!!!
Nem me atrevo a acrescentar mais.
Um abraço.

El Torero disse...

Eu por acaso também fui ao mesmo concerto e passei toda a 2ª parte a comer chicletes...

Penso que o que devia ter feito, caro Fritz, era cumprimentar-me e juntar-se à conversa.

Abraços

fritzthegermandog disse...

Caríssimo torero,

ainda bem que me avisa. Assim vou já munido de dois carregadores, just in case....

fritzthegermandog disse...

Caríssimo torero,

uma pequena questão entretanto ocoreu: na ocasião mencionada, vestia por acaso calças de couro justas?

El Torero disse...

Estimado Fritz,

Vestia sim. Calças de couro justas, colete latex negro e chapéu de polícia a condizer.

El Torero disse...

Estimado Fritz,

Depreendo por este post, que a liberdade de expressão que tem defendido nos últimos posts não inclui a arte de mascar chicletes violentamente... Afinal existem limites.

amf disse...

Bem apreciado.

fritzthegermandog disse...

Caríssimo torero:

folgo pela sua atenção, mas concerteza que não acredita que a liberdade de expressão artística e musical deve ceder para com a liberdade de se exprimir, ruminando ou mastigando chicletes de mentol, tal como a liberdade de alguém se assumir como vegetariano não deve ser diminuída pela minha liberdade de defender os toiros de morte e de estes saírem da praça de toiros já desmanchados em costelas de novilho.

fritzthegermandog disse...

Cada liberdade no seu galho!

El Torero disse...

Gostei particularmente das costelas de novilho.

Abraços!