terça-feira, 20 de dezembro de 2005

o meu, é um país disperso


"... o meu, é um país disperso."
in "conversas por coisa nenhuma", dezembro de 2005.
São Paulo FC, Campeão Mundial de Clubes

12 comentários:

amf disse...

Foi uma completa surpresa a sua homenagem a essa equipa que se chama São Paulo FC.
Alguma razão em especial?
Ou, simplesmente, prefere brasileiros a ingleses?

fritzthegermandog disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
fritzthegermandog disse...

Caro amf,

a questão não é tanto futebolística, mas mais histórico-cultural: o meu, é um país disperso e tal dispersão pode ter tanto a ver com o São Paulo FC, ou a Portuguesa dos Desportos, como o Eusébio ou os Palancas Negras, como com o Mia Couto ou o Jorge Amado, como as casas portuguesas de sacada em ferro forjado de Goa, como os cristãos timorenses encurralados pelos maior país muculmano do mundo, ou a Cesária Évora e os Cabo Verdianos de Lisboa. O meu, é um pais disperso e por isso ele é o meu país.
A razão pela qual naturalmente prefiro os brasileiros aos ingleses, deram-na os próprios jogadores do São Paulo, quando, VENCEDORES e numa roda, todos se ajoelharam e rezaram um Pai Nosso e uma Avé Maria (confesso que não imagino ingleses a imaginar sequer o mesmo). Contudo os jogadores do SPFC fizeram-no. Caro amf, nesse gesto há uma matriz, há um património que nos é comum e nesse sentido, como expressão do mesmo, o gesto dos jogadores brasileiros será dificil de igualar na sua eloquência histórico-cultural. Por isso a vitória dos brasileiros é também a minha (pelo menos assim a sinto).

Pegando na citação de Fernando Pessoa a que o amf deu uma ilustração belíssima

"... eu não evoluo, eu viajo."

Consequentemente,

"... o meu, é um país disperso."

fritzthegermandog disse...

Viva o São Paulo, Viva o Brasil!

El Torero disse...

O Francisco Louçã tem uma teoria parecida com a sua. O que ele disse no debate contra o Alegre é que a sua Pátria "sentiu em Londres, Barcelona e outras capitais aquando dos desfiles contra a guerra do Iraque".
Percebo que a sua pátria, caro amigo Fritz, é um país disperso, que como refere tem uma matiz cultural lusófona. O que pretendo saber é se na sua Pátria se inclui a Europa, como a Pátria de Francisco Louçã.

fritzthegermandog disse...

Não caríssimo torero. A minha pátria é uma pátria que entrelaça raízes de outras pátrias, que partilham um património comum, uma história, uma língua e uma cultura que têm enormes pontos de encontro, mas que respeita a individualidade que dá origem ao conjunto. Essa é a minha pátria, que não aconteceu agora, nem terminará amanhã.
A do Francisco Louçã, não é coisa nenhuma, não está provida de qualquer raíz. É uma moda exclusivamente urbana propiciada pelo fulgor económico do capitalismo e que o pobre diabo espertalhão cavalga, na esperança moribunda de que alguém o possa ver como o novo cavaleiro do internacionalismo proletário-reivindicativo.
Na minha pátria e na dispersão cultural que ele supõe, há futuro. Na do internacional-socialista-trotskista Louçã há apenas caceteiros "demodé" sem qualquer raiz: o Maio de 68 foi em Maio de 68 e não haverá qualquer outro!
Em contraste - e estremeço só de admitir a comparação - a Lusofonia persiste...

amf disse...

Caro fritz,

Não consigo dizer isto de outra maneira, eu cá prefiro ingleses a brasileiros.
E terei a oportunidade de escrever mais sobre isso numa outra altura.
Não está em causa a lusofonia, que também defendo, mas princípios de vida que melhor se coadunam comigo.
Para mim, a lusofonia não é tudo.

El Torero disse...

Caro Fritz,

Essencialmente gostei de o tentar comparar ao Louçã. Esperava de si uma resposta mais vigorosa após uma ofensa tão grave.

Olé!

fritzthegermandog disse...

Caro Torero

Dizer que o internacional-socialista-trotskista Louçã não passa de um espertalhão e que a respectiva prole proletário-reivindicativa apenas se lhe compara como meros caceteiros com saudades do Maio de 68 não é ser vigoroso? A partir daqui, penso que só o insulto directo seria possível e o caro torero sabe que procuro uma certa elegância na forma como me exprimo, nem que seja sobre o trotskã. Afinal ele é candidato à presidência da república!

(Oh Carrasco! É aí umas costeletas de novilho para o Sr. el teorero!! E mal passadas!)

fritzthegermandog disse...

caro amf,

e se os ingleses preferirem os brasileiros aos portugueses (afinal, como muita gente por aí se lamuria, quem somos nós?).
Nessa circunstância o amf ficará mal calçado, não?

El Torero disse...

Caro Fritz,
Fiquei a pensar... E se os Ingleses gostarem de Brasileiras, nao gostarem de Argentinos (independentemente do sexo); os Espanhóis gostarem das Argentinas e não gostarem do Argentinos;as Espanholas gostarem dos Argentinos mas não gostarem dos Espanhois nem dos Argentinos; os Argentinos gostarem dos Brasileiros (independentemente do sexo) e odiarem os Ingleses (independentemente do sexo); e os PORTUGUESES (independentemente do sexo) gostarem de toda a gente (independentemente do sexo).
Quem fica mal calçado agora???

Olé ;)

fritzthegermandog disse...

Caro torero:

nenhuma dúvida existe de que os portugueses deitaram o dente a tudo o que lhes aparecia à frente: brancas, pretas, mulatas, vermelhas, amarelas, de olhos rasgadosou esbugalhados, de carapinha, cabelo liso ou encaraco lado, enfim, fosse de que forma fosse aonde quer que fosse. Concordo pois com o caríssimo torero, quando diz que os portugueses gostam de todas e de toda a gente. Agora, não foi eu quem passou a estabelecer critérios de preferência...