Embora na cena final – um desencantado e mal tratado parque infantil – apareçam ao fundo, por milagre gráfico, as torres gémeas, não creio que Munich possa constituir um exercício que procure uma explicação para a conjuntura política global que hoje vivemos. Creio que o filme se afirma como um documento que se confina ao conflito israelo-palestiniano, explorando, sobretudo, não só a possibilidade de equivalência moral entre os respectivos protagonistas, no que concerne às acções de resposta e contra-resposta que desenvolvem (juntar mossad e fatah no mesmo quarto na Grécia, não é senão a afirmação clara disso mesmo) mas igualmente, a afectação pessoal que as mesmas acções implicam no carácter individual, pessoal, daqueles que directamente as levam a cabo. É essa a história de Avner (eric bana) alguém que claramente percebe a necessidade premente de realizar o tipo de retaliação a que inapelavelmente se dedica, para no decurso da mesma, ir percebendo que ela persistirá necessariamente, sacrificando-o a ele mesmo e à própria família em nome de uma ideia (exactamente equivalente nos palestinianos) de uma cultura e de uma história, que apenas se tornará substantiva aquando da realização plena de um desses dois Estados, que ambicionam um único território. E nesse propósito compressor, o parque infantil (o território) terá sempre o aspecto retorcido e abandonado da cena final, estabelecendo uma visão absolutamente pessismista sobre aquilo que o futuro reserva.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006
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