Independentemente da visão que nos possa merecer a publicação de caricaturas retratando o profeta Maomet (e não de proeminentes figures do hamas, como havia referido em post anterior) existem factos que deverão merecer a nossa consideração: toda esta postura do radicalismo árabe contra a livre expressão artistica ou de opinião, não começou por estes dias. Para que conste, retrocedamos: 1. publicação da obra “Versos Satânicos” de Salman Rushdie e respectiva condenação à morte por fatwa (que se mantém!) decretada pelo anterior líder espiritual iraniano Ayatollah Khomeyni sendo que o prémio pela sua morte vale, presentemente, cerca de 2,5 milhões de dólares e o mesmo encontra-se impedido de viajar em várias companhias aéreas. 2. Ataque e tentativa de assassínio no Egipto a Naguib Mahfouz, vencedor do prémio nobel da literatura em 1994, por alegadamente ofender o Islão numa das suas obras. A referida tentativa de assassinato, tendo-o colocado às portas da morte, afectou a sua capacidade de escrever; 3. Assassínio no Cairo de Farag Fouda, escritor egípcio, por alegada apostasia ao Islão; 4. Assassínio na Holanda do cineasta Theo van Gogh por ter filmado mulheres muçulmanas, de corpo inteiro, sem que estivessem cobertas por véu ou burqa. Na sequência deste mesmo assassínio, o filme que terá constituído a razão para a morte, foi retirado do festival de cinema de Roterdão e causou enorme protestos, precisamente na Dinamarca, aquando da sua exibição naquele país. 4. A publicação em Setembro dos cartoons, implicou até ao presente momento, o fecho de publicações e condenação ou internamento de alguns dos seus directores por blasfémia (malásia, filipinas, yeman, argélia, egipto) bem como a existência de ameaças de morte generalizadas a todos aqueles que publicaram ou desenharam os referidos cartoons, seja na dinamarca, áfrica do sul, noruega, frança, itália entre outros. E agora?
Nota: para que nenhumas dúvidas resultem de que toda esta questão dos cartoons é sobretudo uma orquestração, convém ter em atenção a informação de que alguns imãns acrescentaram aos 12 desenhos efectivamente publicados, outros que não o foram e alguns mesmo, que nenhuma relação apresentam com o islão e com o profeta maomet (ver).
1 comentário:
Hoje em dia, tudo no mundo é orquestrado ao sabor dos politicos e dos seus interesses directos e indirectos.
Desde os interesses numa mera autarquia até aos interesses globais, à escala planetária, são decididos ao pormenor por quem deles vai beneficiar.
Por isso, nada me admira quanto à questão dos cartoons.
Apenas temos conhecimento do que acontece na rua, nunca iremos saber o que acontece nos gabinetes e quais os objectivos.
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