segunda-feira, 3 de março de 2008

das autonomias às minorias

É hábito dos portugueses indiferenciados, encher a boca com Espanha. Espanha é que é! Espanha é o exemplo de um país que se modernizou e evoluiu económicamente etc.. etc... etc..

Não é aqui pretensão colocar esses factos em causa. Eles são uma evidência! E naturalmente que decorrem do facto de em Espanha, tendo o regime democrático chegado mais tarde (1975) do que em Portugal, ali não ter havido lugar às opções e aos delírios marxizantes e de democracia popular, com a "revolução" a encher a boca e as cabelas de toda a gente. Não. Em Espanha, quem fez a transição democrática foi a direita nacionalista, na pessoa de alguém entretanto esquecido, Adolfo Suárez Gonzalez e com este não houve cá, nacionalizações, controlos de preço e de salários pelo Estado, reformas agrárias e usurpação de terras, apropriação por decreto de empresas e grupos económicos, bem como o mergulho de olhos fechados nas teses marxistas e suas derivações, rumo à sociedade sem classes.

Espanha manteve económicamente os princípios inaugurados por Franco, de abertura de mercados e estruturação de um capitalismo sadio, ainda que em momentos alicerçado numa intervenção do Estado. Não desbaratou aquilo que tinha já alcançado! Por isso - mantendo as estruturas capitalistas da sua economia - pode avançar mais rapidamente para o mercado globalizado de hoje, assente em Grupos económicos significativos que perceberam perfeitamente as oportunidades que se abriram com a Organização Mundial do Comércio e nomeadamente com o mercado sul-americano!

Nessa altura (meados das década de 1990) andávamos ainda a refazer os grupos económicos que o sadismo marxista de 1976 havia destruído - Grupos Mello, Espírito Santo, Champallimaud, Cupertino de Miranda, Sacor, Central de Cervejas, Pinto Magalhães entre outros...

Por isso, quem enche a boca com Espanha, deve sobretudo reflectir naquilo que andou a fazer em Portugal durante 30 anos! Eu, de uma forma digo, que se andou a brincar e que a brincadeira tem um preço a pagar - aquele que todos nós hoje pagamos!!!

De qualquer modo - e este o sentido do presente post - tal não significa que ao contrário do que a grande maioria julga, não existam problemas graves em Espanha!! Há-os e numa dimensão que não acontece em Portugal. Espanha vive hoje com sérias dúvidas sobre a sua viabilidade como Estado, apesar do sucesso económico que alcançou. Isto porque, como toda a gente sabe, a Espanha é efectivamente uma agregação de povos e de culturas diversas, que ao longo destes últimos 30 anos foi ganhando cada vez mais autonomia e reconhecimento jurídico ao ponto de quem hoje determina a viabilidade do Governo da Espanha, serem as formações políticas de carácter regional - como é hoje o caso da ERC (Esquerra Republicana de Catalunya) de Carod - Rovira que sustenta o PSOE no governo.

A questão autonómica em Espanha (e são 17 as regiões autónomas) é a questão da sobrevivência do Estado Espanhol. Fica pois a esse propósito artigo hoje publicado no ABC que sumáriamente apresenta toda esta questão, que naturalmente será dirimida pelo PSOE e pelo PP nas próximas eleições legislativas. Enquanto Portugueses, não podemos ficar naturalmente indiferentes às encruzilhadas políitcas que hoje acontecem no país vizinho...

A sua divisão, ser-nos-à favorável?

1 comentário:

Anónimo disse...

A recessão económica portuguesa das ultimas décadas não se deve ao facto do regime democrático ter chegado mais cedo a Portugal, mas sim ao facto dos péssimos governos e políticos deste país desde então. Espanha pelo contrário teve governos duradouros e estáveis que fizeram crescer o país económicamente e não só. Políticos q serviram o seu país em vez de se servirem somente a si próprios.