quinta-feira, 30 de março de 2006

clube beretta 2000 - os diários


Prossigo em velocidade pelas curvas que nos fazem ascender ao centro das coisas, ao espaço que mais se estende e maior largura ocupa em Fornos, a praça na qual ainda domina a Igreja e o Centro Paroquial. Chego aí desocupado e amorfo no final de mais um dia, acelerando, surgindo imprevidente do sul, trazendo comigo a impressão de que o calor se acumula primeiro, e depois se exterioriza e se expande nas coisas, de que o conforto quente que nos preenche a roupa agora em demasia, vai também tomando conta das paredes, dos modos, da língua e torna então difícil olharmos os olhos dos outros, que passam. É uma impressão da primavera que se adivinha, a benção de um país ao sol que ganha corpo, finalmente aviando o frio e a humidade, um país que têm a disposição dos raios e da luz e sente que é chegada a paz do tempo que o favorece, tornando-o disposto à alegria dos meses, à descoberta do mundo sentado nas esplanadas. Fazendo passagens de caixa, cortando as curvas, eu adivinho todo o sol dos outros dias.
No largo, parei e observei os mais velhos sentados nas sombras, reflectindo os verdes iluminados das folhas dos plátanos. Este é o país calmo e maduro da pele escura, o país senhor de si mesmo, senhor do tempo e da luz sobre o mar, o país que envelhece de serenidade pois nada mais tem a provar, e a quem nada mais persegue senão a certeza do seu lugar no mundo – o país com irmãos países de distantes lugares, a quem a inconcebível distância não fez perder uma igual raiz de comunicação e de culto, uma igual predisposição ao sol e ao tempo que se estende para nós, na areia das praias.
Tu olhas, mas não acreditas que possa ser esse o lugar, esse o segredo que trazemos escondido de todo o planeta e de todos os seus homens. Não há nada que melhor nos defina, que não o sol, que não a terra, que não o mar. E por isso, há imensidão naquilo que nos alegra.
Prossegui de janela aberta, passando o restaurante "Cruzeiro", fazendo outras curvas adiante, lançando a mão ao calor, à brisa quente que amacia o metal e acelerei pelo paralelo, ao sol da Piedade... vive a minha pátria em lugares pequenos, chamados Fornos.

* ... an you will know us by the trail of dead - EP "The Secret of Elena´s tomb"

APARTAMENTOS

A preocupação em falar baixo, assim como não fazer qualquer tipo de barulho, para não incomodar o vizinho, é uma realidade própria de quem vive em apartamentos. Em cada lote somos acompanhados por vizinhos que detestamos e a quem gostaríamos de apoquentar de todas as formas possíveis e imagináveis. Porém, fica sempre a sensação de que, qualquer iniciativa deste género será sempre um tiro no pé. Afinal, todo o nosso dia-a-dia pode ser acompanhado por eles. Senão, tome-se por exemplo as nossas idas ao wc. Muitas das vezes o vizinho ficou a saber disso; como também sabe as horas a que nos levantamos, e vice-versa. Casos há em que os filhos dos ditos também são os nossos, pelo menos, quando há que aturar o berreiro que fazem.

A juntar a este clima delirante:
Há uma forte probabilidade de encontrar o dito no elevador todos os dias, isto, se tiver a sorte de não o encontrar nas reuniões de condomínio…

Soluções?

Se puder, opte pela vivenda no meio do mato! Digo eu…

terça-feira, 28 de março de 2006

um parque, por favor

E no final de mais um ciclo invernal, lá chegou a Primavera. E com ela, a passarada, as flores, as rinites. O tão enigmático pó de lagarto... a simpática "hora de Verão".
Os feirenses, embora de forma tímida face às chuvadas que ainda para aí vem, vão começando a ganhar coragem para pôr o esqueleto a mexer - afinal, já não há-de faltar muito para poderem, de novo, ficar horas dentro do carro nas bichas para o Furadouro, onde desejam bronzear os seus corpos torneados pelo exercício! Daí a necessidade de (re)iniciar o plano que leram na Mulher Moderna.
Ora como o pessoal anda fraco de finanças com os Cetelem's, os Credifin's e os Cofidis' a queimar cada franjinha que sobra do salário, não há que enganar: mais uma despesa em ginásio, nem pensar!
Vamos, assim, começar a ver as ruas do burgo feirense cheias de caminhantes, verdadeiros peregrinos dos quilos a mais. Afinal, esteve frio e era mesmo necessário comer aquela quantidade toda de gordura e doces para aguentar a intempérie...
Agora, sinceramente, tenho pena destas pessoas.
Tenho pena porque já não bastava terem que explicar à vizinha do 1.º esquerdo que não se vai para o ginásio porque não se gosta de estar fechado (eufemismo para " 'tamos sem cheta, à beira da bancarrota "):
- têm que estar sujeitos a caminhar numa cidade onde não há arruamento sem buracos, guias partidas, calçada a desfazer-se (nas ruas que foram contempladas com passeios...).
- têm que se sujeitar a inspirar o CO dos automóveis.
- têm que ter cuidado para não serem colhidos nas artérias sem passeios...
Será que é muito pedir um PARQUE para Santa Maria da Feira?
Um sítio onde as pessoas pudessem fazer desporto "de graça", onde a canalha pudesse jogar à bola ou andar de bicicleta sem deixar os pais aterrorizados com a probabilidade de atropelamentos, onde os idosos pudessem estar a tarde toda na conversa?
Estou certa que não era pedir muito, não senhor!
Não precisava ser gigante, não precisava ter árvores exóticas, não precisava de ter grande equipamento (odeio a designação "mobiliário urbano"), não precisava de "ser melhor que o de ...".
Bastava ser um sítio agradável, limpo e seguro.
É só.

pala pensal...

1. Na sua álea de lesidência existe algum estabelecimento de lestaulação habitualmente designado por "Lestaulante Chinês"?
2. Ainda na sua álea de lesidência, já se cluzou na lua com alguma pessoa chinesa idosa?
3. Nas suas idas ao cemitélio, alguma vez plesenciou um funelal cujo de cujus fosse chinês?
4. Sabe o que também significa, foneticamente, a explessão "chop suey"?

boa noite e boa sorte



O pressuposto liberal de que parte, persiste por todo o filme. Liberal, não só na vertente do indivíduo consigo mesmo, no modo pelo qual ele se entende e se representa nas suas responsabilidades, no seu dever, como ente capaz do julgamento moral e logo capaz da acção em total conformidade com as percepções assim delineadas, mas igualmente liberal, no julgamento que se faz da dimensão usurpadora e intrusiva que por vezes pode o Estado assumir, em claro prejuízo da preservação dessa mesma individualidade fundamental e irrepetível. Nesse sentido, Clooney numa clara afirmação dos valores essenciais sobre os quais a América se construiu e sobre os quais pretende ele persistir. O título – boa noite e boa sorte! – não assume nada mais que essa mesma remissão para aquilo que, enquanto indivíduos, somos capazes de empreender, ou rejeitar. Excelente banda sonora, para quem aprecia jazz...

ILUMINADO...

Rua do Almada - Porto

… ou fumo a mais!

SUGESTÃO?!

Rua da Fábrica - Porto

O amigo Fritz que me perdoe...

segunda-feira, 27 de março de 2006

MEMORÁVEL

Na passada sexta-feira o Rocktaract, que vai já na sua 8ª edição, deu a conhecer a Santa Maria da Feira mais um excelente projecto da música moderna nacional.
Os Dead Combo deram um concerto que irá ficar na memória de todos aqueles que tiveram a oportunidade de assistir.
Mais um concerto com o selo Rocktaract, a iniciativa que mais fez pela música moderna do concelho.
Na próxima sexta-feira chega mais um espectáculo a não perder, The Vicious Five.

domingo, 26 de março de 2006

BEATITUDE

A propósito do meu último post, e por que nem todos conseguiram ouvir os vídeos, deixo aqui a sugestão:
PEPE DELUXE, colectivo de dj’s finlandeses – JA Jazz, Super Jock Slow spin, and James Spectrum – que se deixaram envolver na música de forma definitiva, quando a Levi’s utilizou um dos seus temas, numa das suas campanhas publicitárias.
BEATITUDE (2003) Terceiro Álbum, que mistura várias sonoridades que vão do hip-hop à electrónica passando pela pop, acompanhado por um baixo poderoso a marcar o ritmo, em muitos dos temas.

sexta-feira, 24 de março de 2006

o que será feito de...

kitt

clube beretta 2000 – os diários

Tupperware e miúdos de frango

Coisas há para as quais se torna difícil estabelecer uma explicação, por muito que seja o esforço posto na tentativa de alcançar uma sua razão lógica. Quando depois desse empenho intelectual, continuas sem coisa nenhuma, sem razão aparente, então é porque essa explicação não existe, ou existindo, não se reconduz á categoria da experiência e do raciocínio. E não se estabelecendo ela nessa plataforma comum ao Homem, como ser pensante, capaz da inteligência, convocarás posteriormente, as fenomenologias, os credos, as aparências, os espectros, os assombramentos ou até graves disfunções, que pelo menos têm o grandioso mérito de remeter e fazer esquecer, classificando, o que se torna difícil de conhecer, ou que muito simplesmente não alcanças.
Ora, a pura estupidez não cabe em nenhuma das anteriores categorias assim definidas, pois nem pode ser sofisma mais ou menos elaborado, produto de razão e inteligência, nem pode ser tomada por uma qualquer entidade espectral, que se apresente para lá da experiência sensível de que somos capazes. Pelo contrário. A estupidez não é nenhuma aparição, é bem real. Confronta-nos todos os dias e grande parte das vezes, acaba por se constituir num autêntico desafio á maior ou menor inteligência.
É precisamente esse desafio com que termos sido confrontados e nos temos debatido, desde o dia em que, na habitual cerveja das sextas-feiras no café tareco, o alfredo da tijuca nos comunicou que estaria umas semanas fora, mais concretamente em Radomysl, arredores de Kiev, aonde o seu penn-friend ucraniano – aquele que lhe havia remetido por via postal a AK – 47 búlgara às peças – o instruiria, fazendo luzes sobre o tráfico de órgãos humanos, os respectivos circuitos internacionais e a estrutura e os passos necessários para que ele, alfredo da tijuca, pudesse criar a respectiva delegação ou filial portuguesa, dedicada àquele comércio, aparentemente, em Fornos. Pois...
Passando a ponte do farinheiro no ford capri, cortando à direita e por ali descendo, ouço “Little Sister” dos QOTSA e são miúdos de frango aquilo que me vai ocupando a cabeça. O sol não é muito. Não sei se muitos partilharão desta teoria, mas creio que por razões que não foram ainda estabelecidas – sem que isso necessariamente nos remeta para o sobrenatural – em alguns contados indivíduos, são precisamente miúdos de frango aquilo que preenche a respectiva caixa encefálica, não o imaginado cérebro! Estão lá corações, moelas, fígados e outras partes inominadas do mais comum e vulgar frango, tudo com aquela coloração escura, acinzentada, e a consistência granulada que assumem depois de cozidos (sem molho pica-pau!). Não digo e não penso isto a despropósito. Ao meu avô cheguei a ouvir dizer que um outro tijuca qualquer, de tempos passados, havia também feito saltar miúdos de frango pela cabeça, quando a fez rebentar com bala de revólver, o que muito impressionara a vizinhança e a redondeza, que então atribuíram o fundamento para aquela imprevista refeição rápida, a obra do diabo! A genética estava ainda longe de fazer o seu caminho e avançar os porquês para vacas com duas cabeças, macacos de três olhos e coelhos com lã de ovelha. Os tijucas – pertençam eles a que geração pertencerem – é que devem ter alguma relação com tais e recentes problemáticas, de combinações ypsilon e xis, pois são metade homens, metade galinhas. Torna-se assim evidente que, trazendo miúdos de frango na cabeça, são de igual modo alternativos os circuitos de raciocínio que percorrem, os quais, dificilmente, se podem contrariar – pelo menos para aqueles que sejam orgulhosos possuidores de um cérebro. No fundo, é uma luta desigual porque, contra homens-animais, a única forma de encerrares trocas de opinião ou discussões (quando a isso te permites) é, ou cortar-lhes a cabeça, ou dar-lhes uma traulitada no cachaço. É evidente que tal nunca acontecerá com o alfredo da tijuca, e julgo que com os seus descendentes. Apesar de considerarmos a sua condição como híbrida, é alguém que se estima, que inclusivamente têm uma arma de guerra guardada no armário, o que em caso algum retira a constatação de que aquilo (o alfredo da tijuca) nunca encaixou lá muito bem! Por isso desisti. Não dedicarei mais partes de inteligência a descobrir razões para a estupidez, razões que expliquem pretender alguém traficar córneas, rins e fígados humanos, provavelmente enclausurados e despachados em caixas de tupperware, para os vender a preços especulativos, depois de haver obrigado outrem – sabe-se lá por que métodos e em que condições de higiene – a “doá-los” ao mercado. Não sei, parece-me tudo demasiado torcido para quem cresceu em terra agrícola. Mas esse é o prejuízo que decorre da sua presente condição suburbana: trazer-nos o desconhecido, o que não julgávamos possível.
Não deixo de qualquer forma de me confrontar com um sério e tenebroso pressentimento: indo o alfredo da tijuca à ucrância – há quem me pergunte aonde é que isso fica! – passando uns dias nos arrabaldes de Kiev – no que concerne a dizer o que é que isso igualmente possa significar, confesso também a minha ignorância! – pergunto-me se não é a ele mesmo, ao alfredo da tijuca, aos seus viçosos rins, ao seu algo danificado fígado, ao seu olho de lince, aquilo que efectivamente os eslavos andam atrás! Temo que mal colocando pé em solo ucraniano, lhe dêem logo uma traulitada, ou lhe façam saltar a cabeça e depois o seccionem ás gramas, guardando-o no congelador em caixas tupperware. Resta saber se para um homem-galinha há bom escoamento no mercado. Uma coisa porém me parece certa e é o motivo da minha preocupação: vender coisas às peças, começa a estabelecer-se como uma especialidade ucraniana....

JÁ AGORA!

Este fim-de-semana não fique em casa. Aproveite para visitar alguém que já não vê há muito tempo, ou então saia e dê um pezinho de dança.

Aproveite-o bem!

JOGO PARA O FIM-DE-SEMANA

Faça corresponder os lugares à esquerda, aos seus significados:


Eiras .................................... a) Abelharuco
Montinho .............................. b) Compaixão
Cruz ..................................... c) Martírio
Milheirós ............................... d) Acervo
Cavaco ................................. e) Acha
Lavandeira ............................ f) Molhar de novo
Moinhos ............................... g) Malhadouros
Piedade ................................ h) Idosa
Relva .................................... i) Azenhas
Remolha ............................... j) Capim
Calvário ................................ l) Lavadeira
Velha .................................. m) Crucifixo


Sol: 1) - g); 2) – d); 3) – c); 4) - a); 5) - e); 6) – l);

7) – i); 8) – b); 9) – j); 10) – f); 11) – c); 12) – h)

quinta-feira, 23 de março de 2006

EXCELENTE OPORTUNIDADE!

Máquina de sinais vitais da marca «Longlife».
Bom estado de conservação, dir-se-ia até «como nova»...
Base de licitação muito baixa!
Maquinismo ideal para decorar ou compôr o recheio das instalações ou sedes das Comissões Políticas Concelhias do PSD e do PS de Santa Maria da Feira, atentos os mais recentes - e espasmódicos - episódios daquilo que um saudoso Mestre rotulava de «strengh for life»!

quarta-feira, 22 de março de 2006

the cb 2000 sound clips


"Quando arrancamos, fizémo-lo ao som de Blue Orchid, boa malha, que bem ilustraria o arranque do artista principal, filmado com um ar decidido dentro de uma viatura exclusiva e reluzente."
"blue orchid" - The White Stripes: get behind me satan, 2006.

"Não estava bem disposto CÃO ESCURO. O tom da música – em excesso de decibeis – não nos pareceu nada convidativo quando, atrás de nós, a porta se fechou."
"arcarsenal" - At The Drive-in: relationship of command, 2001 (sample).

"... não lamentamos o desapontamento de CÃO ESCURO com ele mesmo, nem o facto de, naturalmente, o seu ridículo não nos poder continuar a servir de inspiração. O Capri pegara à primeira e era “die all right!” coincidentemente dos “The Hives” o que soava na radiola...".
die all right! - The Hives: veni, vidi, vicious, 2000.

"... e em tudo havia uma só vertigem, um só propósito, uma ríspida mas assente impassibilidade. "
"have love will travel" - The Black Keys: Thickfreakness, 2001.

"Anunciei a tragédia, a catástrofe em prejuízo dessa estreiteza de perspectivas alinhada ao domingo em manadas...".
"2.10am automatic" The Black Keys: rubber factory, 2005.

"Depois dos móveis, ou do corredor ou de uma qualquer amplitude menos percebida, Hung up é a estridência e o bem-estar que nos ressoa...".
"hung up" - Madonna: confessions on the dance floor, 2006.

"Creio que também, nenhum de nós arranjaria a paciência para tanto, ainda para mais, quando aguardo uma sopa de legumes e mão de vaca... agora, à república, só a ira de Deus valerá!"
"dies irae" - W. Amadeus Mozart: Requiem.


"Passando a ponte do farinheiro no ford capri, cortando à direita e por ali descendo, ouço “Little Sister” dos QOTSA e são miúdos de frango aquilo que me vai ocupando a cabeça. O sol não é muito."
"little sister" - Queen of The Stone Age: lullabys to paralyse, 2005.

HEDIONDO

“Cova” – Feira (cidade)

Ele também um Xunga Típico!

segunda-feira, 20 de março de 2006

a cura

Actualmente é impossível não nos vermos afectados pela lufa-lufa do quotidiano com os horários, os patrões, os impostos, a má TV, os congelados, a máquina de lavar avariada, a reunião de condomínio, a vã esperança de ganhar o euromilhões...
Eis o STRESS, de que somos já tão íntimos a ponto de lhe poder chamar ESTRESSE.
Para um alívio imediato dos seus nefastos efeitos, qual Xanax, qual Lexotan!
Minha gente, é biqueiro no caniche!

DE ESCAPÃES A GUIMARÃES

“SÁ CARNEIRO: ONDE ESTÃO OS 33.000 CONTOS?”
(Escapães - SMF)

“ESTE GOVERNO TEM LIVRO DE RECLAMAÇÕES?”
(Rua Nova de Monchique – Porto)

“UM DIA A CULTURA VEM ABAIXO”
(Rua Oliveira Monteiro – Porto)

“VIVA O SOCIALISMO MORTE AO FASCISMO”
(Rua do Campo Alegre – Porto)

“VIVA O COMUNISMO LIBERTÁRIO”
(Rua de Gil Vicente – Guimarães)

sexta-feira, 17 de março de 2006

SÓ 5€!


Óptimo estado. Plástico incluído!

quinta-feira, 16 de março de 2006

o que será feito de...

MC Hammer

Cicciolina

Limahl

matisyahu

Haverá alguma coisa a mudar na indústria musical norte-americana? Eis algo que se procura colocar muito para lá do hedonismo consumista a que nos habituam. Além da postura e da mensagem de inspiração marcadamente religiosa, registo reggae e hip-hop a que acresce a tradição musical judia. "you got to make the right move!" Eis que uma página se vira e que se centra o discurso musical num outro conjunto de preocupações! O rabino tem futuro! http://matismusic.com/mediaplayer/

quarta-feira, 15 de março de 2006

A FRASE E O GORDO


Peço-vos encarecidamente que não liguem ao gordo exibicionista que aparece na imagem. O importante está em segundo plano, ao fundo… no muro!

Foto gentilmente encaminhada por “Manel”

terça-feira, 14 de março de 2006

DESCULPE, MAS TENHO DE IR...

Chamam-lhe seco ao telefone? Não suporta estar mais de dois minutos agarrado ao auscultador? Quer dizer à sua mãe ou namorada(o) que tem de desligar, mas tem medo que fiquem aborrecida(o)s? Pretende ver-se livre dos operadores de telemarketing, que lhe ligam à hora de jantar. Está farto de aturar clientes ao telefone, mas não lhes quer dizer que tem mais que fazer?


AGORA SIM, JÀ PODE!

Especialmente para os leitores deste blog (e não só… para os amigos deles também), o feirafranca propõe-lhe que, educadamente desligue o telefone, sem qualquer tipo de constrangimento e passe a desfrutar de uma maior qualidade de vida, no sossego do seu lar. Para o efeito propomos um serviço, completamente gratuito, que lhe permite fazer downloads dos mais diversos sons – desde o tradicional, bater à porta, até (imagine-se!) um rebanho a pastar (para o caso de se encontrar no campo) – que no momento corroborem as desculpas que queira dar ao seu interlocutor, para desligar o telefone!


Feirafranca: A Casa Plácido da blogosfera!

segunda-feira, 13 de março de 2006

voar

Sei que a maioria das pessoas enquadra-se na categoria dos que “gostam ou não se importam” de viajar de avião.
Pois eu não pertenço a essa pandilha. Eu odeio viajar de avião. Tenho aquele temor reverencial por tudo que é antinatural e muito rusticamente digo: se Deus quisesse que voássemos, viveríamos em ninhos. Nutro a mesma repulsa pelas viagens de barco – da última vez que me vi ao espelho não notei nenhuma barbatana nas costas, da mesma forma que nunca se me sumiu a base ou o blush para as guelras.
Por isso, acredito piamente que a lei da gravidade é um statement divino a não vexar. Há-que andar com os pézinhos no chão. Não se deve zombar das leis da natureza e ponto final.
A vida impõe-me, no entanto, prazeres irrenunciáveis. Amor, chocolate amargo, viagens. Não há volta a dar-lhe. O terceiro dos vícios anunciados colide frontalmente com o pavor de voar. E porque hoje o que conta não é a distância mas o tempo que se leva a chegar, surge, incontornável, a blasfémia do Avião.
Por isso às vezes, em nome do vício, lá tenho que fazer o check-in e embarcar. Lá tenho que pagar os olhos da cara por umas horas da mais subida e aflitiva angústia. Nem posso botar abaixo um par de JackDaniel’s sem gelo para tentar minorar a histeria porque não gosto de whisky; também não me dou grande coisa com Valium.
E começa o calvário: desde logo, as náuseas provocadas por aqueles cheiros aeronáuticos, que resultam de um mix de vomitados mal limpos, de comida entornada para debaixo dos bancos onde os aspiradores não chegam e de perfumes baratos da malta que viaja em turística (que agora se chama economy). Depois, tudo o resto me ensandece: a colocação das valises de mão e demais tarecada nos porta bagagens (processo que se assemelha sempre a um scketch do Roan Atkinson), a música dum qualquer Phill Collins a perturbar o ambiente, as “aeromoças” com ar de enfado, as pessoas que nunca mais se sentam porque estão excitadíssimas por “ir andar de avião”... Esta trapalhada vai-se desenrolando enquanto se ouve o captain a testar a aeronave fazendo uns barulhinhos quaisquer tipo aparafusadora sem fios Black&Decker. Será que enquanto isso estará a pensar: “Vamo lá ver se a rebimbela da grampôla não encrava como no voo de ontem pra Paris...”
Jesus!
De seguida, quando se ouve nos altifalantes “portas em disarm” (que diabo será isso?) inevitavelmente chega a hora da descolagem... Palavra de honra, é do que mais mexe comigo, ao ponto de ficar com os olhos mareados. Primeiro, é aquela aceleração incrível em que temos a nítida sensação de que “se este fulano quiser parar, já não dá...” à qual se segue o esmagamento dos pulmões e estômago contra os intestinos – este é o sinal de que as rodinhas do bicho deixaram o solo... A subida é, normalmente, acompanhada de umas inclinações e uns abanões por demais desconfortáveis acompanhados do acentuar do ranger dos plásticos que compõe os interiores da aeronave (de certeza que são do mais inflamável que há).
Após a exaustão provocada por estas sensações físicas, banhada em suor frio, vem o pior: é altura de perder o controlo dos meus pensamentos: tudo me passa pela cabeça, desde que relacionado com acidentes abomináveis. Tenho tanto tempo disto (voei pela primeira vez quando tinha 6 anos de idade) e tal jeito para piorar a minha situação que no meu acervo psicótico de catástrofes aéreas uma explosão é a ocorrência mais soft.
Durante os meus últimos voos tenho me debatido com a análise e ensaio mental de acidentes que ocorram sem a componente explosão e/ou despressurização. Tenho desprezado estas nuances porque a primeira resolve tudo instantaneamente e a segunda resulta para a população viajante a perda de consciência, de modo que em nenhum dos casos ocorrerá a roda viva do desespero-agonia-sofrimento. Assim, enquanto uns ouvem música ou passam os olhos pela revista da companhia aérea para matar o tempo, imagino como serão vividos os largos minutos de queda livre do aparelho numa viagem de longo curso (em que são atingidas altitudes da ordem dos 45.000 pés, cerca de 14 quilómetros). Nesses delirium tremens a cabine está sempre pressurizada e iluminada, de modo a que as pessoas possam ser testemunhas do horror que se deve apoderar da cara das outras. Isto fora os gritos e o vomitado...
Não deve ser pêra doce. A plena consciência do que se está a passar e a inevitabilidade da desgraça deve compor um quadro particularmente dantesco.
Acreditem: passo horas nisto. Pode vir a comida, o carrinho do duty free on board, pode passar o Brad Pitt vestidinho de “aeromôço” que não adianta: a psicose está sempre lá... Não tenho cura.
Entretanto começamos a descida e os meus tímpanos vão dando conta disso. Os pulmões e o estômago que na descolagem haviam esmagado os intestinos vão, finalmente, sofrer vingança. De lágrimas nos olhos e unhas bem cravadas nos braços do assento (que inevitavelmente conquisto ao passageiro do lado depois de lhe rosnar se for necessário) acabo por sentir o baque do monstro na pista. É altura de a populaça bater palmas e divertir-se a ver os flaps nas asas enquanto eu, secretamente, carrego com o pé direito num pedal de travão imaginário debaixo do assento do passageiro da frente. É que me parece sempre que o captain não vai conseguir fazer a besta parar sem um peão na pista...
Para os interessados em agudizar o seu pavor de voar ou em dar umas valentes gargalhadas com as psicoses alheias, recomendo uma visita a www.planecrashinfo.com, um site sério onde poderão, por exemplo, ouvir ficheiros MP3 com comunicações rádio dos últimos momentos anteriores aos desastres ou ficar a conhecer o elenco de sinais e ruídos que possam significar que algo deve estar a correr mal no vosso voo.
Boa Viagem!

sexta-feira, 10 de março de 2006

clube beretta 2000 - os diários

As conversas com o biela: sobre o indivíduo e o estado

Parte I – a derivação nihilista

Para o biela, circular e viver em Fornos com uma Beretta entalada nos costados era, acima de tudo, uma questão filosófica. Será à primeira vista difícil compreender como é que andar com uma arma (no caso do biela, uma pistola semi-automática Beretta 8000 F Cougar L type P de 9mm) pode ter alguma coisa a ver com uma determinada mundividência, com um determinado posicionamento ontológico sobre as coisas do mundo. Mas isso seria desconfiar do biela! Seria participar de preconceitos relativamente à sua sabedoria e à sabedoria que existe naqueles que nos possam parecer mais humildes. Seria também perspectivar coisas e pessoas, segundo banalizações e estereótipos estafados, desconfiando assim de toda uma bagagem adquirida nos livros e numa vida feita de trabalho árduo. Ora, eu não creio que alguém que vive e trabalha honestamente na sua oficina como mecânico de automóveis, trazendo sempre presa pela cintura uma pistola automática, enquanto simpática e muito diligentemente procede ao alinhamento de direcções, ou faz mudanças de óleo, possa ser reconduzido àquilo que de normal conhecemos das coisas. Não. Algo mais se esconde e o biela estava nos antípodas de toda a superficialidade dos dias, a que se manifesta por empurrões de arrogância e que funciona pela agregação a modelos de ignorância e de hedonismo, modelos de onde está ausente aquele mínimo de cultura e de história, que muito simploriamente assenta na pura sofisticação da imagem que nos limitamos a consumir, e onde assumir qualquer conteúdo ou princípio mais rígido que lhe seja inverso, é proibido. Ignora-se assim, o valor das coisas simples, das sabedorias antigas, o valor da abordagem humilde, ainda que seja muita a cultura e o conhecimento que possamos partilhar.
Por isso (porque, de certo modo, todos no Clube Beretta partilhávamos esta última visão das coisas) se o biela me dizia que trazer uma pistola entalada pela cintura (afivelada pelo cinto), era para ele, uma questão filosófica, eu não poderia deixar de acreditar. Tanto mais, que depois me explicou porquê...
Trazer por sistema a semi-automática não tinha tanto a ver com o assumir de um nihilismo nietzschiano com o qual o biela (ou nós mesmos!) estaríamos comprometidos. Não haveria da nossa parte uma tentativa de tudo reduzir a cinzas, no pressuposto de que existe um profundo engano, uma perversão da verdadeira natureza do homem operada pela predominância e domínio dos valores de tradição judaico-cristã. Não. Nós não havíamos sido corrompidos! É certo, reconhecia o biela, que sendo portador de uma arma, por vezes se tornava difícil resistir a essa derivação nihilista e que às vezes também lhe passava pela cabeça dedicar-se à loucura, metralhando tudo. Mas nada desses pressupostos acabavam por assumir a verdadeira relevância no porquê filosófico da arma. Para o explicar, lembrou-se de convocar um pequeno parágrafo, de inspiração nietzshiana,

“foram os judeus quem, em oposição à equação aristocrática do nascimento nobre, da riqueza, da bravura (bem é igual a aristocrático, igual a riqueza, igual a belo e feliz, igual a amado pelos deuses) ousaram (...) sugerir a equação contrária (...) só os desgraçados são bons; só os pobres, os fracos, os humildes são bons; os que sofrem, os necessitados, (...) são os únicos que são piedosos, os únicos que são abençoados, a salvação é só para eles. Mas vocês (...) os aristocratas, vocês os homens de poder, são para toda a eternidade o mal, o horrível, o avaro o insaciável, o ímpio;”

Muito embora a sabedoria e suas derivações não sejam assunto desconhecido de quem habitualmente o frequenta, a citação, dita num tom algo incisivo, provocou alguma perplexidade no habitual alinhamento do balcão do “Café Tareco” – significativamente atestado, mas que por manifesta infelicidade de metros quadrados, nunca fora grande – tendo eu igualmente notado, que essa mesma perplexidade chegou a ressoar pelos espelhos e alumínios que constituíam o seu singelo elemento decorativo, eles, mais as mesas e cadeira lacadas a verde água onde nos sentávamos. Indiferente, firme, o biela prosseguiu a sua explicação. Se o coitado do Nietzsche, com parágrafos como aquele, acabara por morrer louco, ele, o não menos brilhante biela, estava sobretudo interessado em preservar a respectiva sanidade, vivendo por muitos mais anos como mecânico de automóveis (afastando-se da condição de inimputável!) e por isso rejeitava qualquer entendimento que filosóficamente o pudesse ligar a um super-homem remontado da respectiva loucura, renascido das cinzas do judaísmo e do cristianismo, que posteriormente viesse a restabelecer uma ordem oligárquica entre os homens, cuja inspiração derivaria directamente da antiguidade clássica. Não! O biela perfilhava o Deus monoteísta daquela tradição judia e nada queria ter a ver com a interminável e promíscua sucessão mitológica dos Deuses do Olimpo, cuja própria história confundem, ainda para mais, por gostarem em demasia de se carregar e pôr uns em cima dos outros! Uma vez mais, não! A razão da semi-automática, o fundamento filosófico para a sua permanente presença no quotidiano, estava para o biela umbilicalmente ligada ao liberalismo filosófico-político dos séculos XVII e XVIII, de tradição modernista e pressupostos hobbesianos, nos termos dos quais, o indivíduo, a irrepetibilidade da pessoa humana era e é, a medida única para todas as coisas, o único princípio válido em torno do qual, toda a arquitectura da existência deveria assentar as suas bases. O quotidiano da Beretta era, enfim, a expressão última de um individualismo filosófico feroz que ele procurava desse modo perfilhar, e que no seu entender, era cada vez mais acossado pela opressão do Estado, que pela burocracia e pelo funcionalismo procurava deturpar e distorcer esse contrato ancestralmente estabelecido e no qual o indivíduo era e deveria continuar a ser o seu ente e dominante principal... Hoje, em face da dimensão e do controlo estadualmente exercido sob o mais amplos e diversos domínios da existência, a única coisa a que como indivíduos poderíamos aspirar, era a réstias, a episódios de individualidade, pelas quais o biela estaria disposto a lutar de faca nos dentes.
Por coincidência ou não, mas como pura manifestação desse mesmo individualismo agressivo e senhor de si mesmo, cada vez mais raro, tombara com estrondo no mesmo instante, o tijaquim das malotas. Sabe-se que todo o Homem sempre se movimenta preservando um ângulo recto ao solo, ainda que lhe seja muito difícil manter um rumo certo, ou mesmo tomar uma direcção. Mas o tijaquim, numa demonstração tanto de virtuosismo como de ritual alcoólico, bebera um último copo ao balcão do “Café Tareco” inclinando-se de tal forma para trás que se esquecera dessa aquisição evolutiva. Já estendido, gemeu então ao retardador.... aaiiiii!, mas ninguém lhe ligou nenhuma...

clube beretta 2000 - os diários

Parte II – do liberalismo filosófico

Pensei no quanto de agressividade de que somos capazes quando nos sentimos acossados. Pensei que nessa gradação, o desespero ou mesmo a demência poderiam ter um importante papel a desempenhar – das razões que nos impõem ou nos trazem a violência, não vale a pena acreditarmos que nelas, ou depois delas, haverá espaço para um instante de equilíbrio, para o ajuizado. Por norma, é sempre mais violência aquilo que sobra, até que nos comece também a faltar o tempo para a repetir em acréscimos, dando-lhe uma eterna continuidade.
Olhei para fora das duas pequenas janelas do Café Tareco. Com o olhar houve alguma pausa nos ecos e nos sons que lhe conheço. Afinal, era o dia que também se ia encerrando, e Fornos haveria hoje de viver esses dias de transtorno e de incómodo. De há uns anos para cá, semeara-se uma ruindade que entretanto brotara e crescera pelos seus carreiros e pelas ruas. Da identidade que lhe fôramos conhecendo – da gente trabalhando sementeiras no campo, do São Miguel que encerrava todos os anos as suas esforçadas tarefas, dos dias determinados pela som e a presença da luz, do gado, dos cães e de todos os outros animais que nos circundavam os dias – a única coisa que ainda se fazia presente, eram as couves do quintal que se coziam abundantemente na sopa, ou o tutano da mão de vaca que por norma se lhe juntava, ou então, o espectáculo de ver correr galinhas depois de lhes cortar o pescoço (o povo deixara de se juntar e matar porcos, em nome de regulamentos assépticos e veterinários e às vezes, entretinha-se a recordar histórias enquanto as galinhas decepadas esbarravam nas paredes). Fornos era hoje acossada pela impossibilidade urbana, pelo mito de que o progresso surge por desatar a construir paredes ao alto, rebocando-as por fora de azulejo para casas de banho. Fora esse o progresso especulativo dos ignorantes que viraram empresários, que viraram falidos. Fora esse o progresso deixado a meio e que fazia conviver actualmente sementeiras e batatas com edifícios desconexos, implantados aos repelões, e toda uma outra gente que não se respeita e não se conhece de parte nenhuma. É daqui a derivação feroz, o impulso individual e agressivo quando nos impõem caminhos que não escolhemos, quando abandonam os projectos impossíveis. O drama é que em Fornos já ninguém conhece o que quer que seja ...
O tijaquim das malotas lá se deixou ficar estendido e não gemeu mais. Por vezes movimentava ligeiramente o braço direito, fazendo-o correr ao longo do corpo, coçando-se aqui e ali mas deixando-se quedo, a ver se se recompunha. Quem fosse do Café Tareco sabia que bem o poderiam ali fechar, encerrando o estabelecimento, que seria o tijaquim das malotas quem encontrariam na manhã seguinte pendurado ao balcão, já à espera que lhe fosse servido o primeiro bagaço. No Café Tareco, toda a gente condescendia nessa sua vontade de morrer por desgosto (um homem é livre de morrer quando e porque razões quiser!) e por algumas vezes nos havíamos conluiado para que esse funcionalismo piedoso da Segurança Social não fizesse abortar esse seu propósito suicida, enviando-o uma qualquer instituição de solidariedade social, por sempre achar que para o Homem, há esperança. A única esperança do tijaquim das malotas era que o deixassem morrer rápido por congestão do bagaço e não seria o Estado que o iria impedir de fazer da sua vida, o que muito bem entendesse. As suas contas seriam assunto com Deus e não com burocratas bem intencionados apenas com a própria sobrevivência económica. Por isso o tijaquim das malotas contava com a nossa colaboração caridosa para com essa sua última expressão de vontade.
Não por ironia, tudo reforçava o enquadramento que vinha discutindo com o biela e que fundamentava o porquê filosófico das armas, sobretudo como uma afirmação agressiva de individualidade.
No fundo, não havia nada aonde não metesse o Estado o bedelho! Nem o simples desejo de morrer impedia que a diligência do seu funcionalismo nos batesse á porta! O Estado sabia o teu nome, a tua idade, se eras casado, solteiro ou divorciado, se compravas na farmácia espermicida, ou se tinhas com gosto oferecido qualquer coisa de mais valor à tua mulher! O Estado sabia se eras gordo ou se eras magro, se tinhas problemas de epilepsia, quantas propriedades tinhas ou quanto achavas por bem investir na Rua de Ceuta, no Porto. E viria seguramente o dia em que, por razões de saúde pública ou de medicina preventiva, te obrigariam a frequentar rastreios sanitários, de tempos a tempos, onde te enfiam sondas em todos os buracos que trazes, delicadamente apalpando-te os tomates, enquanto te pedem para abrir a boca e para dizer aahhhh!... É por isso que a arma é a tua única solução! O Estado, sobretudo aquele de inspiração social-democrata, tornou-se num pardieiro de zelo e de regulamentos ridículos e inconcebíveis, que apenas servem para justificar os salários que tu próprio pagas! O contrato de inspiração hobbesiana celebrado com a individualidade de cada um, para a necessária preservação dessa individualidade e irrepetibilidade de cada um, foi subvertido pelo Estado e nele, as diferentes dimensões inerentes a cada pessoa humana, é secundarizada por imposições de modelos que o próprio Estado define. Ele estrangula-nos e trata-nos como verdadeiros estúpidos em seu próprio benefício, quase incapazes do próprio raciocínio. E a quem assim não alinha, a quem acredita que algures foi subvertida a relação indivíduo/estado em prejuízo do domínio sobre ti mesmo, do teu destino, não resta senão o poder da arma como afirmação última dessa individualidade que se vai perdendo, assumindo a sua verdadeira natureza humana, do bem e do mal. Neste último aspecto, a arma constituía até um mecanismo de responsabilização quanto ao teu próprio destino, porque te dava o poder da escolha, o poder de o definires e de afirmares a tua existência pelo bem, ou pelo mal que entendas praticar. Com uma arma na mão, não haveria mediadores: eras tu e a consciência da tua história, a consciência daquilo em que acreditas.
É aliás essa opção e vontade estadual de aspirar ao condicionamento da natureza humana, dela obliterarando toda a ruindade e toda a violência (fazendo-se de Deus Pai Todo – Porderoso, criador do universo) em que assenta e motiva o zelo do funcionalismo que o serve, nesse inconcebível propósito. O Homem é objecto de todas as violências e é por isso que nós, no Clube Beretta, pretendemos ser esse contraponto, o outro lado das coisas, contra o consenso e o mimetismo a que nos seus dias, todos os outros se dedicam. O Clube Beretta e a arma que o mesmo pressupõe, não é senão a afirmação dessa mundividência a que todos deixaram de prestar atenção. Se Fornos assim o pudesse também traria Berettas na mão e uma faca nos dentes e o tijaquim das malotas, senão estivesse já morto para si mesmo, enquanto vivia para todos os outros, também seguramente se nos juntaria...

FRASES SOLTAS ... III PARTE.


RIBEIRO E CASTRO dixit:
«Sou líder de um partido, não sou chefe de banda!!!»
(Reacção ao facto de o Grupo Parlamentar do CDS/PP não ter batido palmas a Jorge Sampaio)

A DEMOCRACIA DE ALGUNS

A falta de aplausos dos grupos parlamentares do PCP e do BE na tomada de posse no novo Presidente da República demonstram a falta de cultura democrática destes dois partidos, que, simplesmente, não admitem, nem aceitam, a escolha do voto popular.

Do mesmo modo, e em consonância com a sua campanha eleitoral, o candidato derrotado Mário Soares abandonou em passo acelarado a Assembleia da República sem se prestar aos cumprimentos da praxe ao novo Presidente.
Outro cuja cultura democrática não parece vinda de quem tanto lutou contra a ditadura.

quinta-feira, 9 de março de 2006

FRASES SOLTAS ... II PARTE.

"Soares saiu do Parlamento sem cumprimentar Cavaco. O antigo Presidente da República Mário Soares abandonou, esta quinta-feira, o Parlamento sem cumprimentar o novo chefe de Estado, Cavaco Silva".
(FONTE: TSF)
BELO «SABER PERDER»!

FRASES SOLTAS ...


“Eu sou o único comentador isento em Portugal, todos os outros estão agarrados à sua agenda política”
MIGUEL SOUSA TAVARES (ao «Diário Económico»)
PERDEU-SE, NESTE PAÍS, TODO O SENTIDO DE DECORO OU VERGONHA!!!!

ARTES & OFÍCIOS

Há pessoas que nascem com dons! Mas há aquelas que, quando entram para uma determinada categoria profissional, adquirem aptidões e capacidades intrínsecas a essas profissões. Um jogador de futebol é muitas vezes tido como um artista, facto que decorre da sua capacidade técnica no desenvolvimento da actividade profissional. Mas com tanta visualização de bola, começamo-nos a aperceber que há uma outra arte (não sei se lhe deva chamar desta forma, deixa lá ver... vamos lá: capacidade!) que praticamente todos eles têm, pelo simples facto de jogarem futebol!
Refiro-me concretamente ao cuspir, ou ainda melhor… e isso sim é uma verdadeira arte: o expelir do muco nasal, com um simples tapar de narina!


FANTÀSTICO!!!!!
(Atenção! muito bom mesmo…)


Esta era uma habilidade que me passava um pouco despercebida, mas com a evolução dos meios técnicos televisivos, comecei a valorizar este pequeno fenómeno, dentro do grande universo futebolístico. Foi ontem, na segunda eliminatória do jogo da Liga dos Campeões, em que o Benfica jogou em Liverpool, que tive oportunidade de assistir àquele que se pode considerar o ícone desta faculdade, tal qual o Che Guevara está para a Revolução!
A imagem, em “superslowmotion”, de um jogador a ser substituído, a lançar o meteorito pelo nariz, realçou de maneira inequívoca, a dificuldade e simultaneamente a simplicidade de tal acto!

Da beleza do mesmo, já não me apetece falar…

quarta-feira, 8 de março de 2006

INSÓNIA

Fábrica de ideias…

terça-feira, 7 de março de 2006

clube beretta 2000 - os diários


(have love will travel - the black keys)

Fornos, 08 de Março de 2006.

... e em tudo havia uma só vertigem, um só propósito, uma ríspida mas assente impassibilidade. Havia um só domingo para fazer rebentar todo o metal e depois fugir-se a toda a velocidade. Seria obra para palavras nenhumas, obra para se cuspir fogo brotando a pólvora, obra intocada pela piedade ou pela comiseração, apenas dedicada ao nosso espanto e à incredulidade.
No fim deste destempero, do vazio em que é difícil de acreditar, houve no sol um brilho diferente, um acréscimo ignóbil aos factos coleccionados pelo mundo. Sim, seguramente... não fora um domingo qualquer...

clube beretta 2000 - os diários

lulas grelhadas logo batatas cozidas

Há uma clara vantagem ao almoço: a de se fazerem acompanhar sempre as lulas grelhadas com batatas cozidas. Por muita que seja a tua fome e por muito que se coma, elas nunca chegam a carregar no estômago, demorando aquelas eternidades gástricas que sempre acontecem aos almoços pesados, servidos por carne mal passada enrolada nos fritos indigestos. Assim, por sugestão minha e apesar da extensa escolha de carnes e peixes disponibilizada, termos todos alinhado pelas batatas e as lulas no grelhador – ainda que elas nos possam saber bem melhor pelo verão! – fora a melhor opção de todos, atentos os desenvolvimentos que seguidamente, bem nutridos mas perfeitamente maleáveis e escorreitos de movimentos, pretendíamos desencadear ao longo da estrada nacional 109 e ligação à A25, na expectativa apenas que o aguardado rodopio domingueiro e automóvel, se tornasse visível na distância.
Acresce que, sendo todos pessoas de educação humilde mas esmera, não houve lugar a qualquer sofreguidão, qualquer palavrear de boca cheia durante a refeição, todos deglutindo com parcimónia – fazendo adequado uso de faca e garfo – esses bichos estranhos e viscosos, que nos levantam a pergunta sobre os universos paralelos concebidos e frequentados por Deus, para que um dia ousasse neste, a admissão de tais criaturas. Para mim – como creio, para todos! – estando infinitamente longe de ser Deus e dos porquês que envolvem toda a sua criação, o tempero e o grelhador continua a ser o único e previsível destino desses animais esquisitos, que com propriedade se qualificam como nem sendo verdadeiramente carne, nem sendo adequadamente peixe. De uma forma muito térrea poderia até ser dito a propósito deles, que o seu único deus criador habitando as redondezas, seria precisamente Asdrubalino da Feijoca que no seu tempero e assadura, os elevava à categoria do sagrado e do divino.
O alfredo da tijuca é que, pelo tempo que demorara o almoço, não largara mão da ak-47, apesar das nossas sucessivas insistências para a alcançarmos e darmo-nos conta dessa áurea matraqueadora que envolve tais armas de assalto, pegando nela e puxando para trás, pelo menos uma vez, a respectiva culatra. Evidentemente que tal só poderia ser feito se tivéssemos a ak-47 nas mãos, o que sistematicamente nos era recusado pelo alfredo da tijuca, que para mais adoptara o quase silêncio e uma certa sobranceria como postura convivencial, não se mostrando tal éticamente correcto, face á tolerância e à liberalidade por todos nós demonstrada quando considerado o facto de termos permitido a sua participação no Clube Beretta 2000, sem que tivesse preenchido cabalmente os requisitos para tanto. Para mim, não era seguramente a circunstância de o alfredo da tijuca arranjar Kalashnikovs na Ucrânia que iria fazer cessar aquela acumulação de pontos que lhe garantia para já e por troca, uma porrada de ciganos. Por mim e perante tal postura, essa contabilidade e acumulação prosseguia.
Porque assim persistia, estranhamente, esteve a arma de assalto encostada à cadeira desse nosso convidado especial, apoiada sobre a coronha, sem que ninguém ousasse tocar, permanecendo perfeitamente visível a todos os presentes àquela hora pelo “O Tasco”, comessem eles lulas grelhadas ou enguias à espanhola. Nenhum melindre ou sobressalto ocorreu. Não há dúvida de que à mesa, sempre o propósito é o do armistício ou o da trégua, nunca o do confronto, ainda que à nossa frente, ao serviço da nossa faca e do nosso garfo, sejam criaturas estranhas o alimento ser subtraído a Deus e à criação.
Eram pois chegadas as horas... Das lulas, nem no prato nem já no estômago havia sinal e foi com a agilidade e a rapidez esperada que depois das contas e da gorjeta, todos saímos... O domingo ampliava o máximo de perfeição que se conhece a qualquer domingo. Sobretudo, porque era convidativo no conforto ameno que o sol propiciava e porque dessa maneira, permanecia favorável aos propósitos por nós delineados, já que nenhuma dúvida existia pelos quilómetros adiante, fosse qual fosse a direcção que pensássemos, que se alinhava um único congestionamento e pior, existia uma única e estreita ideia por milhares de cabeças, repercutindo em uníssono a mesma intenção: a de se fazerem chegar ao Furadouro às manadas, presas ao aconchego automóvel, ao turpor das digestões difíceis e à humidade dos meses que agora se fazia soltar dos tecidos e das roupas. O homem, o chefe de família ouviria adormecido o relato e assim, não importaria às famílias, que muito mais riqueza e diversidade existisse no mundo ... e esse, o seu verdadeiro e inconcebível engano! 2.10 am automatic The Black Keys Rubber Factory. Anunciei a tragédia, a catástrofe em prejuízo dessa estreiteza de perspectivas alinhada ao domingo em manadas, quando fiz girar a chave na ignição... Em sentido contrário, a velocidade proibitiva, afirmaríamos todo um outro lado, toda uma outra dimensão da inabarcável diversidade da existência... Os domingos não podem mais ocorrer, como se fossem uma coisa qualquer...

COMÉRCIO TRADICIONAL

Fui a uma loja de ferragens da nossa cidade, vulgo drogaria, com o propósito de fazer uma pequena compra. Enquanto a pessoa que simpaticamente me atendeu foi buscar o artigo que pedi, fixei o meu olhar num outro que não relaciono ao comércio a retalho de ferragens. Falo-vos de pensos higiénicos. Ou seja, no meio de toda aquela montra de artigos maioritariamente masculinos, dou por mim a olhar para pensos higiénicos. Ainda me interroguei se o fabricante dos pensos, começados por E e terminado em VAX, comercializariam também parafusos; porcas e berbequins, mas rapidamente cheguei à conclusão que não! Se assim não fosse, seria fácil imaginar, no acto de encomenda, o fornecedor sugerir algo do género:

“Ora muito bem, são 100 parafusos, mais 100 porcas e anilhas, 1 berbequim e leva também 10 caixas de pensos higiénicos, que estão agora em promoção!”

Ocorreu-me então a ideia que, muito provavelmente, a Casa Plácido tem o primeiro concorrente declarado na sua área de negócio, i.e., vender tudo (não lhes sei dizer qual o c.a.e.)! Tantos anos a vender tanta coisa, e tudo resulta afinal de uma leitura atenta do meio envolvente e consequente antecipação de uma realidade – as grandes superfícies – que, mais tarde ou mais cedo, lhe iria alterar o negócio.

Casa Plácido: Muito à Frente!

Fico na expectativa da baixa dos preços, especialmente nas luzes de Natal, provocada pelo aumento da concorrência. Afinal, esta última, serve sempre para beneficiar o consumidor.

sexta-feira, 3 de março de 2006

MOTEL

s.m. hotel situado à beira das vias de grande trânsito, especialmente equipado para receber automobilistas de passagem. (De moto + hotel) *

Como o país é pequeno, ninguém fica neste alojamentos quando viaja. Considero pois (eu e toda a gente) que a única funcionalidade destes, aqui em Portugal, é garantir uma cama a quem quer praticar sexo!

Permitam-me então uma pequena actualização nacional ao seu significado:

s.m. hotel situado à beira das vias de grande trânsito, especialmente equipado para receber casais de passagem (De sexo + hotel)

A reforçar esta nova terminologia proposta, acrescento que surgiram no centro da cidade, placas a evidenciar a presença de uma destas unidades nas redondezas. Bem vistas as coisas, nenhuma via de grande trânsito atravessa o centro da cidade, mas também, não é para isso que as placas ali estão…
Só estranhei não encontrar nenhuma na zona do castelo!

* In dicionários Porto Editora - 6ª edição

quinta-feira, 2 de março de 2006

Super-heróis – ainda existem?

Hoje fui surpreendido com a notícia que tinham sido distribuídas pelas ruas da Feira, folhas onde alegadamente se revelavam situações menos correctas numa empresa municipal. (O modus operandis utilizado recordou-me uma situação idêntica em vésperas de eleições autárquicas, em que se denunciavam circunstancias pouco claras na gestão da Junta Feirense.)

Em conversa de café, discutia-se a identidade de misterioso cidadão. Quem seria? Imaginava-se um vulto em cima de um prédio, oculto na sombra da noite, observando. Denunciaria todas as situações obscuras, fazendo justiça pelas próprias mãos – utilizando neste caso uma folha A4. Seria um Super-Herói? Viveria ele na clandestinidade, procurando a justiça a todo o custo? Mas porquê viver na clandestinidade se vivemos num país de liberdade?

Esta visão romântica do Super-Herói Feirense deixou-me preocupado. Por vezes os nossos políticos falam em défice de liberdade (a verdade é que falam mais vezes no défice do orçamento, mas como há vida para além do défice…). Penso muitas vezes que é um artifício linguístico utilizado para exacerbar determinada ideia que pretendem transmitir. Mas será que é isso que se passa na realidade? Uns utilizam folhas A4 que espalham pela cidade na calada da noite, enquanto outros escrevem em blogs?

Diálogo Publicitário






Mesmo o mais distraído dos leitores ter-se-á apercebido da publicidade que a MediaMarkt lançou pelas ruas da nossa cidade informando da abertura da sua loja em Aveiro e com o slogan “Eu é que não sou Parvo”.
Ok, também me parece estranho que façam publicidade a uma loja de Aveiro na nossa cidade, mas não quero ir por aí…

O que me pareceu mais estranho foi, pouco tempo depois, surgir outra publicidade espalhada pelos mupis da Feira, em que a Rádio Popular comunicava que “Parvo é quem chama os Portugueses de Parvo”. (Agradeço a preocupação da Rádio Popular com a defesa do bom-nome dos Portugueses)

Mas o que mais me surpreendeu, foi ler esta semana que a MediaMarkt tinha respondido informando que “Parvo é quem quer ser POPULAR sem ter preços baixos”.

Vou estar atento às cenas dos próximos capítulos.

MAPA MURO

“GALIZA LIVRE!”
(Travessa do Carregal – Porto)

“FALLÙJAH RESISTE!”
(Rua Álvares Cabral – Porto)

“SE QUISERES, PODEMOS REVISITAR A NORMANDIA!”
(Largo de Mompilher – Porto)

“SOMOS O QUE HACEMOS POR CAMBIAR LO QUE SOMOS”
(Rua Sacadura Cabral – Porto)

“GALIZA LUSÓFONA”
(Rua das Fontainhas – Porto)

“RECLAIM THE STREETS RECLAIM YOUR LIFE”
(Rua do Almada - Porto)

quarta-feira, 1 de março de 2006

HEDIONDO MANUEL BURGESSO

“Puse-o” – Pu-lo
ex: “O papel estava no chão e eu puse-o ali em cima...”
Nota: Um agradecimento especial ao Toni – arrumador de carros – pela dica!

“Adrega” - Calha
ex: “Se adrega de chover, estamos lixados!”

“Andáinde” – Venham
ex: "Andáinde daí! Dasse… nunca mais chegamos!"

“Houhe” – Sim / diz
ex: “Hediondo, tás aí?" "Houhe, que éhe!”

“Aquase” - Quase
ex: “Aquase que me miscava!”

“Vai vir” - Vem
ex: “Ele vai vir aí…”

“Bolina” – Velocidade
ex: “Binha com muita bolina, a modos que só parou no poste!”

“Veio-se p’ra mim” – Virou-se p'ra mim
ex: “Ele veio-se p’ra mim e empurrou-me.”

“Andorinho” – Vai-te embora
ex: “Andorinho daqui para fora!”

“Falar p'ra ela” – Namorar
ex: CB 2000