Afinal quem é que beneficia?
Finanças: Olhando para os números do Orçamento Geral do Estado para 2004 e 2005, seguindo as tranferências para os municípios – Participação dos municípios nos Impostos do Estado - percebemos que existe uma certa igualdade de tratamento para com Aveiro, o segundo maior concelho, mas uma terrível disparidade quando comparamos, por exemplo, com as verbas atribuídas ao concelho de São João da Madeira (SJM). Num cálculo aritmético simples, percebemos que SMF recebe 12,4% da dotação, enquanto SJM recebe 3,1%. Estabelecendo uma relação entre o total orçamentado para o distrito e o peso demográfico de cada concelho, SJM com apenas 0,2% da população – correspondentes a 2,3% do concelho de SMF - recebe 25% daquilo que um concelho sete vezes maior recebe. Numa relação mais equilibrada, SJM deveria receber apenas 0,35% dessa mesma dotação, enquanto Espinho, com 1/4 da população feirense, recebendo 1/3 do valor que nos é atribuído, vê inflacionada a sua dotação em 25% .
Se acha esta distribuição um pouco injusta ou desequilibrada, então olhe para os números do PIDDAC . Digo-lhe apenas que, dos quatro concelhos em causa, SMF recebe apenas 0,95% da dotação atribuída ao distrito à frente apenas de SJM, com 0,92%. Espinho e Aveiro recebem respectivamente 11% e 8,8%, praticamente dez vezes mais o valor que nos é atribuído.
Politica: O distrito da Aveiro elege pelo seu círculo quinze deputados, no entanto, SMF, apenas consegue eleger um, quando afinal deveria poder eleger três.
Sociedade: Somos o maior concelho do distrito de Aveiro, temos o menor número de médicos por 1000 habitantes, a maior taxa de analfabetos (logo a seguir a Espinho) e no entanto conseguimos ter a mais baixa taxa de desemprego dos quatro.
Assim se percebesse, porque é fácil construir 150 rotundas; um novo canal e estádio ou enterrar um linha de comboio. Simultâneamente, tão difícil dotar o nosso concelho com uma rede de águas e esgotos; construir o IC2; requalificar a vergonhosa EN1 ou enterrar uma estrada que há vinte anos corta esta cidade ao meio.
Este concelho, infelizmente, dependeu e julgo continuará a depender quase unicamente da iniciativa privada. Se pretende mais um dado objectivo, de como tudo isto se reflecte no seu dia-a-dia, clique aqui, sabendo que Aveiro não entra neste estudo.
De quem é a culpa?
Somos um concelho rural?
Falta peso político?
Falta iniciativa?
Então o que é que falta?
Eu gosto do meu concelho mas, perto, há melhores sítios para viver.
Fontes: INE; Diário da Republica; Ministério das Finanças e Adm. Pública Ministério das Cidades, Administração local, Habitação e Desenvolvimento Regional - Direcção Geral do Orçamento; Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional; Assembleia da Republica.