quarta-feira, 24 de agosto de 2005

U2

Tive a sorte e a felicidade de assistir, ao vivo, ao concerto dos U2 em Alvalade no passado dia 14 de Agosto. Foi o segundo concerto da banda, ao qual pude assistir.
Gostava de levantar as minhas pequenas diferenças entre um e outro concerto e posteriormente centrar-me naquilo que representa hoje o fenómeno U2.

Em 93 era um “teenager”. Hoje sou trintão.
O tamanho do bilhete de 05 é 1/3 do bilhete de 93;
O preço do bilhete de 93 é 1/3 do preço de 05;
Em 93 estive no relvado, enquanto em 05 estive na bancada;
Em 93 entrei às 17h00, cinco horas antes do início do concerto. Em 05 entrei às 21h, uma hora antes do início do concerto;
Em 93 estive acompanhado por 8 pessoas, a 10 metros do palco. Em 05 estive acompanhado por uma pessoa a 60 metros do palco;
Em 93 fui do José de Alvalade à estação de Santa Apolónia a pé. Em 05 fui do Alvalade XXI ao Marquês, também a pé;
Em 93 estiveram 65.000 pessoas. Em 05 estiveram 52.000.

Passados doze anos muito mudou e no entanto quase tudo continua na mesma. Se há doze anos – como os próprios assumiram – tinham chegado ao auge da sua carreira, com o seu album Achtung Baby, esperando que daí em diante fosse sempre a cair, o certo é que tal não aconteceu. Se é bem verdade que hoje são, talvez, a banda mais importante do mundo, julgo que tal se deve, não à sua qualidade musical, mas acima de tudo à vertente mediática que transportam. O concerto foi um sinal disso mesmo. A Vertigo Tour tem muita mais luz, imagem e informação, mas se estivéssemos atentos, as músicas, foram praticamente as mesmas da ZOO TV Tour de há doze anos, excepção feita a uma mão cheia delas. Mais. Os pontos altos do espectáculo, foram sempre as músicas dos álbuns bem mais antigos, que acabaram por preencher mais de 80% do concerto.

No resto, os U2 são uma banda formidável. Impressionante a forma como Bono está sempre presente e ainda com uma energia e voz imparáveis. Se há bandas que ao vivo perdem toda o seu elan, os U2 ganham uma força capaz de contagiar o mais céptico. A este respeito devo confessar que em 93 fui ao concerto a pensar na banda que, supostamente, iria abrir o palco – Os Red Hot Chili Peppers. Pouco tempo antes do concerto confirmaram que estes não iriam estar presentes. Desanimei e pensei vender o bilhete. No entanto fui … e ainda bem que o fiz!
Nesse dia, como agora, valeu a pena!

3 comentários:

amf disse...

Eu fui um dos 8 de 93.
Com pena minha não fui em 2005.
Se tivesse ido, as diferenças aqui expostas pelo jam seriam idênticas para mim, com excepção de uma.
Em 93 ganhei umas coroas valentes com a venda de 5 bilhetes, em 2005 não ia ganhar nenhum.

fritzthegermandog disse...

Hallo, wie gehts? Bin Ich hier wieder. Meinen Ferien sind auch am ende. Leider, haben wir nicht vielen interessanten themen um es zu diskutieren.

aos U2 vi-os uma vez em Manheim em 1991 ou 92, chovia copiosamente. Era Agosto.

(a alemanha nesse particular e em muitos outros, será sempre um país detestável)

O jam põe as coisas sempre de uma forma interessante. A prosa é simples e directa, mas convoca sempre contextos ou circunstâncias que lhe emprestam uma ironia muito particular e agradável de ler (bom exemplo disso mesmo é o primeiro parágrafo do presente post).

Confesso-me admirador do percurso musical dos U2. Para mim contudo tal admiração acabou com a edição do "All that you can leave behind" - creio que será esse o nome.

(existe de igual forma um período que coincide com a edição do "rattle and ..." com disco ao vivo acoplado que não me pareceu nada brilhante e que eles próprios acabaram por não achar de grande piada uma vez que seguidamente se reinventam - pondo toda uma carreira no cepo - editando o "Achtung Baby")

Aí os U2 baralharam e voltaram a dar a Pop Music. Devo confessar igualmente que o disco que mais admiro desse período é o "Zooropa" e que de uma forma geral não teve, nem tem grande aceitação por parte dos fãs.

(há toda a depuração e racionalização do som inaugurado em "Achtung Baby" e que para mim têm o seu expoente em "lemon" - onde tudo se concentra em acidez)

mas eu estava em Manheim (a cidade austera) e chovia. Creio que se chamva a ZooTV tour e havia uma sentimento de irmandade na Alemanha. Isso pressentia-se quando identificando "ossies" (alemães de leste, claramente visíveis e identificáveis pelo péssimo gosto com que se vestiam e sobretudo penteavam)se nutria uma sentimento de proximidade e de esperança no futuro da Alemnha agora reunida. Sendo filho de emigrantes, esse aspecto político da história alemã, embora importante, nunca me tocou de uma forma profunda.

(comparativamente e passados todos estes anos, a coisa alterou-se significativamente. O muro já não está lá mas a Alemanha vive dividida. Os federais detestam todos os democráticos - sobretudo os seus ridículos bigodes. Os democráticos detestam os federais e o dinheiro que estes ganham e já não querem emprestar.)

Engraçado. Volta a chover no pariferia semi-industrial alemã onde vivo e estudo e tudo ganha coloração cinzenta e vazia (todos nós, os alemães, estamos a trabalhar desde as sete e meia da manhã e não há viva alma na rua)

Certamente que em Portugal o dia se pôs radioso e com uma luz infinita. É essa memória viva e simples que nestes dias tão caracteristicamente germânicos, me torna viva a costela portuguesa e me faz desesperar por esse Sol português.

Não há Pátria mais bela.

El Torero disse...

Fritz,

Confesso que muito me agrada a tua participação.

Abraço