quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

1 de FEVEREIRO de 1908.


«Em 31 de Janeiro de 1891, no Porto, rebenta o primeiro movimento revolucionário de carácter republicano, que as forças monárquicas conseguem asfixiar. A 1 de Fevereiro de 1908, escreve-se uma página negra na nossa História: D. Carlos e D. Luís Filipe são barbaramente assassinados, no Terreiro do Paço, quando regressavam de Vila Viçosa
O Regicídio deu-se em 1 de Fevereiro de 1908.
Teremos razões para lamentar?

9 comentários:

fritzthegermandog disse...
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fritzthegermandog disse...

Caro asp,

a sua atenção é digna de louvor!
Devo confessar-lhe que o regicídio é daqueles momentos da história de Portugal que me impressionam significativamente. Creio aliás, que terá sido o único regicídio (assassínio) verificado nas monarquias constitucionais europeias, de onde resulta a brutalização de todo um povo, como a morte simultânea do Rei e do Princípe Herdeiro. Aliás, o acto em si reflecte todo o radicalismo e falta de preparação intelectual e política da Carbonária cuja actuação se limitava aos atentados à bomba, ao assassínio e à agitação social junto da incipiente massa operária lisboeta. O acto cometido nesta mesma data foi desprezível ao ponto de os próprios Republicanos, o terem condenado.

D. Carlos era um homem profundamente culto, de uma capacidade artística notável, que se vinha politicamente esforçando no sentido de reafirmar toda a importância geo-estratégica de Portugal no mundo. Era um homem que cedo percebeu toda a riqueza económica do mar e foi pioneiro na sua exploração e catalogação científica, tendo para esse mesmo efeito posto em marcha todo um programa lógico, com a criação do que hoje se chama museu Vasco da Gama e a construção do iate Raínha D. Amélia que permitiria precisamente, a capacidade científica necessária à exploração dos segredos marítimos. Aliás, tudo aquilo que nos resta de notável e de pioneiro, na história marítima Portuguesa, deve-se a D. Carlos e com ele acabou.

A república hoje, perdeu o sentido da nossa história, do seu propósito simbólico e identitário, perdeu o sentido do património cultural que partilhamos com outros povos do mundo e está mais preocupada em transpor para o nosso ordenamento jurídico regulamentos e normalizações intragáveis e ridículas, que obrigam a maçã a ser acondicionada em cartão canelado, com a dimesão de x e y e de que se não pode matar nem fazer sangrar um porco para produzir chouriço, em Montalegre.
A república é um feudo de burocratas ás ordens de mais burocratas!

fritzthegermandog disse...

Caríssimo asp,

evidentemente que há razões para lamentar! Nenhuma razão plausível pode justificar a agressão brutal sobre a instituição milenar e simbólica da monarquia portuguesa. Só a a pura estupidez carbonária para levar a cabo um acto desprezível e que os próprios republicanos condenaram. De lamentar ainda mais, quando a mesma República logo depois, nada mais conseguiu do que catástrofes sucessivas e perseguições religiosas, tendo inclusivamente assassinado Sidónio Pais, presidente da república e homem de inteligência absolutamente superior pelo facto de, sendo oficial do exército (onde a simpatia monárquica era significativa) e defender uma República mais apaziguadora e mais próxima de outros valores(tolerência religiosa e política, para com os monárquicos)pagou com a vida na Estação de Santa Apolónia, o preço que a ala radical republicana lhe quis cobrar. De lamentar ainda mais, porque, depois, Salazar não aparece por simples manifestação de vontade...

Sobre todo este período da nossa história é fundamental ler:

A Vontade de Poder
de Vasco Pulido Valente - Gradiva

obra que se debruça sobre o movimento repúblicano português, desde a sua fundação na 2ª metade do século XIX à implantação do respectivo regime em 05 de Outubro de 1910, de contornos absolutamente recambolescos que inclusivamente passaram pelo suícidio do seu mentor, almirante Cândido dos Reis, por a certa altura acreditar que a revolta republicana havia falhado.

fritzthegermandog disse...

Caro asp,

96 anos depois, pergunto-me se o almirante Cândido dos Reis no seu acto de afirmação individual soberano, não foi promonitório quanto aos destinos da república!

ASP disse...

Eu sabia que estas datas - 31 de Janeiro e 01 de Fevereiro - iam «animar» o Meu Caro Amigo!

fritzthegermandog disse...

Caro asp,

isso é o que se chama apanhar um peixe com pouco isco. A república hoje dá de comer a muito poucos, enquanto a maioria se esfaima... mas esse de resto sempre foi o truque republicano, prometer a democracia, o fim dos privilégios, o combate entre iguais, para depois apenas alguns, repartirem o "filet-mignon".

fritzthegermandog disse...

Caro asp,

apesar de apanhado pelo pouco isco que oferece a república, continuo a sugerir a leitura acima recomendada e verá como a perspectiva muda... Se quiser, eu próprio lhe farei chegar em mãos a sugestão enunciada.

Abraço

ASP disse...

Sem embargo de um debate mais aprofundado sobre estes temas, da República e da Monarquia (que, aliás, julgo que temos vindo a manter neste blog ... ainda que, da minha parte, de uma forma bem mais modesta e «aligeirada»!), uma coisa tenho que concordar com o Meu Amigo: a organização revolucionária republicana, denominada «Carbonária», cometeu um acto selvático, altamente censurável, sem precentes conhecidos!

fritzthegermandog disse...

Caro asp,

foi a carbonária quem fez a revolução e quem depois manteve a república refém de um radicalismo acéfalo, controleiro e persecutório. Por isso o Salazar foi inicialmente considerado um mal menor ....