É hoje que faço a escritura da minha casa nova. Daqui me vou, carta fora deste baralho, para Leça da Palmeira.
Não pagarei aqui os impostos, e não farei aqui compras, nem aqui deixarei descendência a medrar.
Sei para onde vou, embora não saiba o que será da terra de onde saio. Não são as estradas ou os prédios que me afugentam, ou as pessoas - que são iguais em todo o lado. Gostava da Feira pelo seu carácter quase rural, pacato e ponderado, com todos os defeitos que isso tem, que são bastantes.
Não gosto agora do excesso de velocidade no centro da cidade, do estacionamento estúpido à frente das forças da autoridade, ou das passadeiras que são artigos decorativos. Não aprecio o facto de não haver passeios adaptados a pessoas com dificuldade de locomoção, ou das estradas estarem constantemente esburacadas. Também não gosto do ruído nocturno, ou de sentir que a marginalidade encontra aqui um pousio vinda da metrópole adjacente.
Mas, fundamentalmente, não sou capaz de entender como é possível que uma terra com tanta facilidade para ser exemplar - pois há o potencial humano, cultural e financeiro para tanto - se torna tão parecida com todas as outras.
A Feira poderia ser um paraíso, se se soubessem expolorar as suas potencialidades, que não residem em aglomerados populacionais, mas sim na qualidade de vida. Esta vai diminuindo progressivamente, dando-me a sensação que há um contador a funcionar, medindo o ar que se respira.
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1 comentário:
Caro Framboesa:
Desejo-lhe as maiores felicidades na sua nova casa!
Só espero, daqui a algum tempo, não ver um post idêntico a este assinado por si no "LeçadaPalmeiraFranca"...
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