quinta-feira, 21 de agosto de 2008

os russos. os soviéticos. os russos.


Há 40 anos atrás, os soviéticos invadiam Praga, esmagando pelos tanques, o desejo de liberdade e democracia dos checos. Haveriam de o repetir, em Varsóvia e Potsdam, e antes de tudo, fizeram-no em Budapeste. Tal facto histórico deve ser por todos lembrado. Contudo, ele servirá aqui, como enquadramento ou fundo histórico para algo mais actual, que afecta as perspectivas de futuro, do mundo de hoje.

Numa altura em que a opinião pública nacional e mundial, espelha muitas vezes um anti-americanismo primário - e muitas vezes saloio - aquilo que se passou há 40 anos atrás Praga, deve ser hoje lembrado, para que todos não se esqueçam, que existem múltiplos "players" na cena internacional, e que a simples diabolização dos Estados Unidos, não corresponde senão a um afunilamento simplório, acrítico e históricamente ignorante, da política, das relações internacionais e da história que lhe subjaz.

O apelo aos EUA feito pela Geórgia, a assinatura do tratado de misséis balísticos com a Polónia, a visita de diferentes chefes de estado do Leste a Tiblissi, em tempo de crise, são a expressão política de um realismo fundamentado, de um medo efectivo, de todos os Estados que circundam a Rússia. E há razões mais que objectivas para tanto: a partição da Polónia por Estaline e Hitler em 1939 com o tratado molotov-ribbentro;, a anexação unilateral da Estónia, Lituânia e Letónia; a invasão da Finlândia e a guerra subsequente; os esmagamentos em Budapeste, Praga e Varsóvia e sobretudo a política do regime comunista, de desenraizamento e de deslocalização massiva de povos, culturas e etnias, que teve o seu expoente máximo em Estaline, com as consquências que hoje conhecemos na Abcázia e Ossétia e outras que se adivinham (e quanto a a esta matéria, à perseguição paranóica, sanguinolenta e cultural de Estaline não há nada como ler a respectiva biografia editada pela Tinta da China e escrita por Montefiore).

Portanto, o apelo aos Estados Unidos, e o alinhamento que em quase toda a Europa de Leste acontece em seu favor, não é o resultado de qualquer política de W. Bush mais ou menos provocadora (se é que alguma ele teve) como muito do anti-americanismo acéfalo, por aí proclama. É antes o óbvio resultado da intromissão, opressão, assassínio, deportação, que históricamente a Rússia e a União Soviética, sempre ali exerceram e que aqueles outros Estados não mais toleram.
Citando murais muito em voga em tempos mais vermelhos, hoje, agora, "os russos que paguem a crise!".

O problema para todos nós, é que a acefalia anti-americana pulula em tudo o que emite opinião e ninguém se digna a contextualizar o verificado, nomeadamente na Geórgia. Aliás, aquilo que aconteceu à Georgia, não é senão o atestado que todos esses países estão certos em alinhar com os Estados Unidos da América. Toda a precipitação Russa, o demonstra, e agora mais que nunca, o Leste não tem outra alternativa, senão cerrar ainda mais as suas fileiras!

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