quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A PRIMEIRA OPÇAO: FLAUTA

Nota introdutória: Piadas fáceis não contam!

Assim que entrei para a escola primária, entrei também para a Academia de Música.
Aos alunos desta instituição feirense era obrigatória a inscrição em duas disciplinas: Canto coral e Formação musical, podendo ainda se inscrever numa outra facultativa, que teria de ser obrigatoriamente um instrumento musical à escolha do aluno.


Os meus pais escolheram-me flauta!


Pois bem, para quem não sabe há dois tipos de flautas: Bisel, para quem começa a aprender; transversal, para quem já vai mais à frente na aprendizagem.


Os primeiros anos foram bastante bons tendo tirado notas muito razoáveis, o que na altura criou nos meus pais a ilusão que tinham feito uma escolha acertada. Os problemas começaram a aparecer quando tive de passar para a flauta transversal.
Os primeiros anos nesta nova flauta (bastante mais complexa) logo indiciaram que não havia grande futuro, e cedo tentei fazer ver isso aos meus pais, que no entanto me apontavam para o livrinho das notas, que até então mostrava números bastante acima da dúzia! Nesses tempos valeu-me o professor que me conhecia desde miúdo e, como simpatizava comigo, ia-me avaliando com notas positivas que me permitiam passar de ano. Além das notas, a única diferença era que, ao contrário do que acontecia antigamente, eu nunca estava no grupo de alunos convidados a actuar nas famosas audições presenciadas por alunos e professores.

Um professor consciente, a quem agradeço a presença de espírito por nunca mais me ter indicado para as actuações!

E foi assim ao longo dos anos até ao momento em que fui avisado pelo professor que, naquele ano que agora se iniciava, a passagem para o ano seguinte implicaria um exame, em que a avaliação seria feita por um outro professor. Como para bom entendedor meia palavra basta, percebi logo que teria de convencer os meus pais a deixarem-me desistir da disciplina. Foi um feito particularmente difícil, mas o certo é que os consegui convencer a mudar para guitarra - ao tempo, o melhor instrumento musical para engatar miúdas. Ora bem, convencidos que estavam os meus pais, faltava transmitir a decisão ao professor.
E assim foi! Quando lhe disse que não iria fazer o exame e que ia começar a aprender guitarra, não deixei de reparar que algumas lágrimas lhe escorreram pela face. Sinceramente, até hoje, nunca cheguei a perceber se eram de contentamento, ou tristeza…

3 comentários:

lololinhazinha disse...

Inspirada por esta história de professores aliviados (eu interpreto assim) vou contar uma minha:
Sempre fui uma optima aluna a todas as disciplinas excepto matemática e desenho (devem estar ligados de alguma forma).
No nono ano tive um professor de matem+atica velhinho que não se conformava com o facto de uma boa aluna a outras disciplinas ser tão inábil a matemática. No primeiro período deu-me um 3 - inútil voto de esperança - apesar de a média dos meus dois testes em conjunto não chegar a 50%.
No segundo período quase chorou quando me anunciou que ia ter que me dar um 2 porque num dos testes de matemática consegui ter 15%.
No terceiro período, perguntei directamente ao senhor se nao era melhor desistirmos daquele suplício de ele ainda me tentar ensinar e eu tentar aprender. O senhor, comovido, fez um acordo comigo: se tivesse uma média de 50% na soma dos dois testes e prometesse que nunca na vida me meteria num curso que tivesse matemática, ele dava-me um 3 para não me estragar a caderneta. Eh Voilá! Pela primeira e única vez na minha vida copiei nos testes para compensar a bondade do homem. Acabei com um 4 e cumpri a promessa de nunca estudar mais estudar matemática!

Meu caro, as lágrimas foram de alívio!

fritzthegermandog disse...

caro jam.

elaborar o post que fez e avisar que piadas fáceis sobre ele não valem, é estar a arriscar...

El Torero disse...

Eu voto em lágrimas de alegria.

Eu comecei na Academia pelo piano e rapidamente para a flauta de bisel. Nunca sequer cheguei à transversal. Tive a sorte de convencer os meus pais mais cedo.

Lembro que penosamente ainda consegui passar um dos exames de musica, mas não tentei o segundo.

Das famosas audições, fugia a 7 pés. Por que seria...

Pode alegrar-se, amigo Jam, de mim a Academia de Musica não guarda saudades.

A sua memória é fantástica e os seus posts deliciosos.