quarta-feira, 24 de setembro de 2008

do verão na finlândia - reedição em setembro 08

Soube, caríssima Kimi, que as neves de Setembro caem já pela Lapónia. Em breve, a natureza, inevitável, lançará o seu manto de escuridão sobre esta minha cidade de Helsínquia e pelos próximos tempos, nela haveremos apenas de saborear, a gentil generosidade do sol, por seis pequenas e insignificantes horas – assim o permitam os agasalhos e os blusões de penas.

Sabes Kimi, ás vezes canso-me destes extremos e do rigor a que nos sujeita a nossa natureza e penso que o destino nos escolheu para existência, um lugar demasiado estúpido e insensível, aonde a nossa condição perecível não tem outro remédio senão desenvolver, vigilante, uma permanente luta contra a inclemência e a contrariedade.

Esta Finlândia bela mas apática, vazia, faz-me sonhar por uma terra de equilíbrio e de brandura, em que o inverno possa por vezes aparecer compreensivo e o Verão nos sorteie noites quentes e extensas, onde possamos simplesmente, existir e amar.

Escrevo-te do meu quarto, do meu apartamento, na companhia de toda a sofisticação, comodidade e design nórdico que nele existe, nesta minha Helsínquia cosmopolita, a quem em breve a natureza apagará as luzes e férreamente anseio, por um pouco mais de azul, um pouco mais da generosidade da luz, queimando-me a pele...

Kimi:

Haverá por aí algum Verão que conheças e que possamos, ardilosamente, roubar?

Teu, Niklas.

PS: o presente post foi orinariamente publicado no feirafranca por fritzthegermandog em novembro de 2005.

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