sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Obama and the Promise Land

Como nos Estados Unidos, graças a Deus, nunca existiu Socialismo, fosse em que variante fosse (da social-democracia nórdica, àquele de maior inspiração francesa) e como o pressuposto fundacional do país é o individualismo e capitalismo puro e duro – aonde ninguém ousa tocar – é sempre com um certo descanso, para quem perfilha a Direita política, que vê a disputa partidária norte-americana. Independentemente de quem ganhe o lugar de Washington, será sempre o velho capitalismo, quem dominará a terra do tio Sam!

E é por isso curioso ver o modo como toda a esquerda europeia, literalmente, se baba quando alguém pronuncia o nome Obama. Para eles, Obama cicatrizará as feridas do mundo e fará da América (sobretudo, a sua América profunda) um país um pouco mais civilizado (que é como quem diz, europeu). WRONG! A Europa hoje, não conta para quase nada, e pior ainda, conta cada vez menos para os Americanos. O nosso eurocentrismo e o modelo de vida que habitualmente lhe corresponde (e que para mais está falido!) nunca tiveram grande poder de fascínio ou de penetração nos partidos norte-americanos e não é Obama que se atreverá a mudar isso – se efectivamente estiver interessado em ganhar eleições…

O que me espanta, é que essa salivação incontrolada da esquerda por Obama, não considera minimamente aquilo que ele, efectivamente, representa e defende. Em Obama e nos Democratas não há sistema de saúde universal, há companhias de seguro e seguros de saúde; há cheques saúde pela Medicare; há a promessa de baixar impostos e de eliminar programas federais classificados como “big spenders”; em Obama e no partido Democrático, não há golden shares em empresas previamente nacionalizadas, e muito menos empresas estatais nos transportes, na televisão, nas companhias petrolíferas ou outras; não há rendimento mínimo garantido; não há serviço público de educação antes cheques educação, nem subsídios a agentes culturais (há indústria de conteúdos e ai do Estado que se atreva a patrocinar qualquer dos seus propósitos artísticos); há sobretudo a religião em Obama, as elites endinheiradas e bem pensantes do Massachussets e há mais dinheiro junto para uma campanha eleitoral do que alguma vez foi junto em campanhas eleitorais nos Estados Unidos. Com ele estão muitos dos multi-milionários do mundo, a começar por Warren Buffet, o primeiro de todos; mas sobretudo, em Obama e no partido Democrata (ao contrário do que muito gente possa pensar) não haverá nunca qualquer espécie de hesitação em defender os interesses norte-americanos, aonde quer que eles estejam ameaçados e sobretudo, se eles forem ameaçados em solo nacional (como o provam os Democratas Woodrow Wilson/Grande Guerra, Franklin D. Roosevelt/Segunda Guerra e John Kennedy/Vietname).

Assim sendo e estando a sua política enquadrada por aquilo que é profundamente liberal, não negando ele o facto de ser estruturalmente religioso, tendo durante parte da sua vida, trabalhado para paróquias evangélicas como animador comunitário, porque se baba a esquerda europeia, pelo simples pronunciar: Obama? É por ele ser preto? Seguramente que o seu percurso e curriculum, merecem muito melhor apreço que tal tipo de considerações descriminadoras, camufladas em piedade sarcástica. Porque se prostra a esquerda? Rendeu-se ao capitalismo estado-unidense? Ao liberalismo clássico? E com tal rendição, será ainda possível que a esquerda social-democratizante e tão zelosa do seu secularismo, possa um dia invocar a Deus, pedindo também a sua bênção? Poderá um dia Sócrates dizer "... e que Deus abençoe os Portugueses!"?

Se assim acontecer, eu próprio farei de Obama um Santo! Que Deus nos abençoe a nós e à América, JÁ!

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