Foi sempre diverso o debate ideológico “made in usa” porque verdadeiramente ele nunca se fez dentro ou a partir de uma matriz social - científica para as outras correntes ideológicas situadas à direita (conservadorismo, liberalismo, democracia – cristã). Aliás, quando os liberais norte-americanos se deixaram entusiasmar e levar por uma deriva de inspiração eminentemente social-democrata (com George Macgovern nos anos 70) tal correspondeu e corresponde ainda, à maior derrota eleitoral de sempre do partido democrata norte-americano, então contra Richard Nixon.
Agora que a europa meteu a social-democracia na gaveta, esvaziando desse modo o debate ideológico que a dividiu por todo o século XX, agora que os zelotas do marxismo ou os entusiastas de uma sociedade de matriz social-progressista reproduzem de uma forma desavergonhada o credo das sociedades capitalistas de inspiração substantivamente liberal – antes o seu alvo predilecto, objecto de todas as denúncias proletárias que procuravam antecipar qualquer e qualquer sociedade socialista – agora e sobretudo depois que o tal muro cessou de existir, esse mesmo debate ideológico segue o seu caminho “made in usa”, ou seja, reduzido a um debate entre o Conservadorismo vs. Liberalismo, de onde qualquer perspectiva ou equação socializante está e sempre esteve ausente.
Tudo isto a propósito do último livro de Ann Coulter - conservadora acérrima – best seller norte americano e objecto de uma fortíssima crítica por parte da generalidade dos Democratas (liberais).
Óbviamente nada sei sobre a totalidade do respectivo livro – nem provavelmente o poderei algum dia saber se ficar à espera da edição portuguesa, uma vez que os livros “à direita” não são objecto de disputa num mercado editorial marcado pela esquerda (com a honrosa excepção da Princípia). Simplesmente terei que esperar que os editores brasileiros o façam.
De qualquer modo, considerando algum do feedback que se vai reproduzindo nos talkshows, a fúria democrata contra Ann Coulter reside no facto de ela denunciar a utilização por parte do Partido Democrático de testemunhos e apelos de algumas viúvas das vítimas do 11 de Setembro, contra a política externa norte-americana, facto que, como é tradicional nos EUA, é pago a peso de ouro. Citando Ann Coulter “... those brods never earned so much money in their life....”.
Ora e é aqui que surge o ponto de interesse: a política e o respectivo debate ideológico sempre se fez e deve ser feito a partir de argumentos e elementos racionais que resultam de uma ponderação não dominada pelas emoções, ou pelo menos, onde estas não assumam o protagonismo. Quando a propósito da discussão sobre a política externa norte-americana se apresentam os relatos emocionados de viúvas das vítimas do 11 de Setembro, como é que se pode razoavelmente contra-argumentar? Como é que se pode responder sem que imediatamente nos cataloguem de cínicos ou insensíveis? Quando é a própria vítima que se apresenta como argumento político, é a emoção aquilo que passa a ser o denominador comum a toda a discussão e a partir desse mesmo momento, é a discussão que acaba. E daqui resulta uma conclusão muito simples: se o conservadorismo norte-americano partilhava com o partido democrata até ao presente momento, o capitalismo e o credo na economia de inspiração liberal, esse mesmo conservadorismo ganha agora a batalha dos valores (que sempre perdera) uma vez que, há falta de argumentos racionais, os Democratas americanos esgrimam os não-argumentos, ou seja, a emoção.
Agora que a europa meteu a social-democracia na gaveta, esvaziando desse modo o debate ideológico que a dividiu por todo o século XX, agora que os zelotas do marxismo ou os entusiastas de uma sociedade de matriz social-progressista reproduzem de uma forma desavergonhada o credo das sociedades capitalistas de inspiração substantivamente liberal – antes o seu alvo predilecto, objecto de todas as denúncias proletárias que procuravam antecipar qualquer e qualquer sociedade socialista – agora e sobretudo depois que o tal muro cessou de existir, esse mesmo debate ideológico segue o seu caminho “made in usa”, ou seja, reduzido a um debate entre o Conservadorismo vs. Liberalismo, de onde qualquer perspectiva ou equação socializante está e sempre esteve ausente.
Tudo isto a propósito do último livro de Ann Coulter - conservadora acérrima – best seller norte americano e objecto de uma fortíssima crítica por parte da generalidade dos Democratas (liberais).
Óbviamente nada sei sobre a totalidade do respectivo livro – nem provavelmente o poderei algum dia saber se ficar à espera da edição portuguesa, uma vez que os livros “à direita” não são objecto de disputa num mercado editorial marcado pela esquerda (com a honrosa excepção da Princípia). Simplesmente terei que esperar que os editores brasileiros o façam.
De qualquer modo, considerando algum do feedback que se vai reproduzindo nos talkshows, a fúria democrata contra Ann Coulter reside no facto de ela denunciar a utilização por parte do Partido Democrático de testemunhos e apelos de algumas viúvas das vítimas do 11 de Setembro, contra a política externa norte-americana, facto que, como é tradicional nos EUA, é pago a peso de ouro. Citando Ann Coulter “... those brods never earned so much money in their life....”.
Ora e é aqui que surge o ponto de interesse: a política e o respectivo debate ideológico sempre se fez e deve ser feito a partir de argumentos e elementos racionais que resultam de uma ponderação não dominada pelas emoções, ou pelo menos, onde estas não assumam o protagonismo. Quando a propósito da discussão sobre a política externa norte-americana se apresentam os relatos emocionados de viúvas das vítimas do 11 de Setembro, como é que se pode razoavelmente contra-argumentar? Como é que se pode responder sem que imediatamente nos cataloguem de cínicos ou insensíveis? Quando é a própria vítima que se apresenta como argumento político, é a emoção aquilo que passa a ser o denominador comum a toda a discussão e a partir desse mesmo momento, é a discussão que acaba. E daqui resulta uma conclusão muito simples: se o conservadorismo norte-americano partilhava com o partido democrata até ao presente momento, o capitalismo e o credo na economia de inspiração liberal, esse mesmo conservadorismo ganha agora a batalha dos valores (que sempre perdera) uma vez que, há falta de argumentos racionais, os Democratas americanos esgrimam os não-argumentos, ou seja, a emoção.
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