quinta-feira, 22 de junho de 2006

quando países vão e vêm


Ás vezes o calor pode-nos fazer mal. Retira-nos da atenção que devemos prestar ao mundo. Alguma justificação existe para que prossigamos distraídos enquanto outros países entram em colapso? Que desculpa arranjaremos para o descaso a que aparentemente remetemos a desconstrução da entidade histórico-cultural de influência universalista daqueles que chamamos nossos vizinhos, que habitam o que ainda conhecemos como Espanha e que com cada vez menos propriedade chamamos espanhóis?
O calor faz-nos mal e ainda mais mal nos faz quando acompanhado de doses industriais de bola e do patético que a sua náusea provoca em muitos, como seja aquele atrevimento de homenageando um tal de perestrello (que a única coisa que faz é berrar de um modo absolutamente insuportável o nome de Portugal, Portugal, Portugal, Portugal) estender a homenagem a todos os Portugueses. Vão à m***a!!!!!!!! Se hà coisa que qualquer português consciente da sua história e da respectiva cultura não quer, é ser homenageado porque agora estão uns gajos na Alemanha a dar uns pontapés numa bola e uns outros, que a esse propósito, perdem por completo o sentido das coisas e berram de uma forma descontrolada e demencial, até sucumbirem de síncope cardíaca! Se é a mim que assim pretendem homenagear, eu sinto-me imediatamente dispensado por ser patética e com cheiro a vómito, a homenagem!
Mas talvez sejam elas (as homenagens de trazer por casa, que despertam nos amantes da bola um sentido piedoso) a razão pela qual continuamos distraídos enquanto a Espanha colapsa. Porque sobre ela corre um ácido, um veneno balcânico que progressivamente a desmembra como entidade histórica e cultural unívoca: na Galiza instala-se uma guerrilha linguística, a propósito do uso do galego e do recohecimento da respectiva nacionalidade; a Catalunha agita-se e usa os cotovelos e o que vai sobrando do Estado espanhol, senta-se à mesa com a ETA, sem que esta tenha abdicado de qualquer das suas reivindicações independentistas.
Nós por cá enternecemo-nos de saudade pela demência ruidosa do perestrello, enquanto prevalece o mais absoluto silêncio sobre o destino Ibérico....

5 comentários:

naifa disse...

A propósito do "...berrar de um modo absolutamente insuportável o nome de Portugal, Portugal, Portugal, Portugal..." devo informá-lo, caro Fritz, que agora pode mandar um sms para um número fornecido no écran e receber o ficheiro correspondente ao ataque histérico apresentado no reclame a que faz referência para usá-lo como... toque de telemóvel!
Deus nos ajude se a moda pega... (e vai pegar, vai ver que vai pegar!)

naifa disse...

Em tempo: considerem a possibilidade de fazer download do infame ficheiro para o utilizar do seguinte modo:

1. Aguarde pelo dia da sua partida para férias;

2. Configure um telemóvel (toda a gente já tem um telemóvel lá em casa do qual já não se serve) para que o toque de despertar seja o infame ficheiro "Perestrello";

3. Configure o volume de alarme para MÁXIMO (nos Nokias sentirá o especial "twist" de, depois de optar pelo volume 5, o telemóvel lhe apresentar uma mensagem de alerta "atenção: tom com volume muito alto!";

4. Acerte o despertador diário (default alarm, ou seja, todos os dias) para as 05h57m;

5. Esqueça acidentalmente o dito aparelho na divisão do seu apartamento que fique o mais próximo possível do quarto de dormir dos vossos vizinhos predilectos;

6. Aproveite bem as suas férias! E ria, ria muito!

lololinhazinha disse...

Cara Naifa,

Há um estudo australiano que diz que é assim que se começa uma brilhante carreira de psicopata.
Palpita-me que ainda vamos encontrá-la na primeira página do jornal "O crime"!
Aposto que todos os cachorrinhos do seu prédio foram encontrados nos respectivos cestinhos misteriosamente envenenados.
Livra!!

lololinhazinha disse...

Caro Fritz,

Como pretender que os portugueses estejam atentos ao que se passa em Espanha quando parecem totalmente letárgicos em relação ao que se passa à sua própria porta?
E olhe, pode ser que o futebol seja bom para a economia! será que já alguem se debruçou sobre os efeitos do aumento do consumo do caracol com cerveja na economia nacional? Desconfio que também deve haver um estudo australiano sobre isso...

fritzthegermandog disse...

Cara mirone,

o exemplo que expõe é perfeitamente ilustrativo do entendimento e da abordagem condescendente e absolutamente desculpabilizadora com que a EDUCAÇÃO é hoje entendida: toda e qualquer exigência não é vista como um bem em si e para si, é sempre entendida como uma violência exercida sobre o coitado da aluno, ele mesmo objecto de uma descriminação promovida pelo próprio sistema que o entende e o aborda em regra, como alguém que padece do desfavorecimento social, do déficit emocional ou quando assim não acontece e por consequência lógica, da arrogância económica. O Estado e a respectiva abordagem desculpabilizadora para tudo e para todos, que saia da educação!!!