Diariamente recebo uma newsletter da SIC com os temas que vão ser apresentados no Jornal da Noite. Ler estes mails tornou-se, para mim, uma actividade rotineira e trivial. Até ontem…
Eis o conteúdo:
“Ponto prévio: não gosto de José Sócrates. Não gosto do seu estilo de homem providencial, não gosto da sua arrogância que roça (ou ultrapassa?) as fronteiras da indelicadeza. Está dito e fica gravado, para que ninguém tenha dúvidas. E também não gosto - porque não entendo o alcance - de algumas das medidas que o Governo tem anunciado e Sócrates tem reivindicado, no âmbito dessa ânsia de nos colocar no pelotão da frente dos infocultos. Pergunto-me para que serve o ViaCTT, esse serviço que dá a cada um dos 10 milhões de portugueses um endereço electrónico no balcão dos correios mais próximo. Se calhar não serve para muito - para já. Ou será que tem toda a utilidade e que o problema reside em mim, na minha incapacidade para vislumbrar para além do óbvio? Confesso que só coloco a questão depois de ter tomado conhecimento, hoje, da mais recente iniciativa "socrática" no âmbito da Internet: o portal net-emprego. A Internet já cá anda há muitos anos, mas nunca nenhum governo tinha pensado (ou, se tinha, ficou-se por aí e de intenções está o inferno cheio) em colocar desempregados e empregadores em contacto, num espaço de fácil acesso de todos. E não me venham falar dos Centros de Emprego. O meu aplauso para o net-emprego ganha outro entusiasmo à luz de uma conversa recente com um amigo empresário. Grandes superfícies à parte, é o maior empregador do seu concelho. Tem porta aberta há mais de 10 anos. Já criou três dezenas de postos de trabalho - mas nunca foi contactado pelo Centro de Emprego da zona. Agora, já não precisa - basta-lhe ir à net. Paulo Camacho”
Um apresentador de telejornal tem com toda a certeza direito à sua opinião. Mas deverá expô-la de uma forma tão directa e agressiva. Não tem ele obrigação de informar com isenção de forma equilibrada e objectiva.
Com estas declarações ele terá deixado de ser um apresentador e passou a jornalista? Procura uma escola mais agressiva ao estilo Manuela Moura Guedes? Ou terá sido “promovido” a comentador?
4 comentários:
Caro torero,
é efectivamente surpreendente o que revela. Eu há muito deixei de acreditar na isenção e objectividade do nosso jornalismo e para isso basta pensarmos ou vermos os telejornais das TVI (ainda que no mundo exista outro jornalismo capaz de baixar ainda mais o nível e vender de igual modo - tablóides britânicos). Mas confesso que é de ficar verdadeiramente perplexo perante essa frontalidade de opinião, ainda para mais assente em julgamentos ou valorizações de índole pessoal. Que isenção, ou que verdadeira informação teremos quando o camacho fizer perguntas a um qualquer ministro? O homem queimou-se!
em tempo:
mas bem pior que tudo isto é forjar entrevistas e atribuir declarações incendiárias a quem nunca disse uma só palavra e depois ser citado em vários órgãos de comunicação social, quando objectivamente, o que se noticia nunca chegou sequer a acontecer!
(a propósito da entrevista a pauleta forjada por tablóides ingleses e citada como fonte fidedigna pela SkyNews).
Caros blogistas, vão desculpar-me o comentário fútil que se segue:
Paulo Camacho, querido, tás perdoado.
Com efeito, como consegues manter esse ar de trintão exótico quando já ultrapassaste a barreira dos 50 e estiveste tão doente há pouquíssimo tempo!?
Um avé pra ti, ó Paulinho! Saúdinha!
Cara Naifa,
Essa é que é essa! Avé para ti também, por reparares sempre naquilo que, de facto, interessa.
Deixem lá o homem dizer o que quiser! Pior do que isso é ter jornalistas de mordaça na boca.
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