Quem quer oferecer toda a comida deste Mundo e do outro, escolhe que a cerimónia religiosa se realize antes do meio-dia para poder dar almoço, lanche, jantar e ceia (sem contar com o pequeno almoço aos parentes na casa de cada um dos noivos antes da saída para a igreja). Esse horário é também o preferido daqueles que acham piada ao facto de a noiva ter que se levantar às 6 horas da madrugada para começar o chorrilho de preparativos que incluem cabelo, make-up, manicure.
Quem casa fora das estações outono/inverno é porque não se importa de ter temperaturas de 30º logo a partir das 8 horas da manhã, é indiferente ao facto de nas suas fotografias de casamento toda a gente aparecer com cara de quem saiu de um forno a lenha, não se importa que o verde-branco escorregue melhor e que, por isso, os seus parentes vão fazer figuras tristes na pista de dança, não se importa de ter tido que tratar de tudo com 2 anos de antecedência e ter que pagar os olhos da cara pela festa.
Há sempre gente que desilude com as respectivas fatiotas, seja o sobrinho que vai com o fato da comunhão, seja a tia que aparece, às 11 horas da manhã, a resplandecer de lantejoulas, seja a prima francesa que se lembra de levar chapéu.
Há muitos convidados que não se importariam de não ter sido convidados.
As mães dos noivos travam uma guerra fria sobre quem vai mais bem vestida.
Os pais dos noivos fazem contas.
Há sempre gente que se atira de forma menos contida às gambas.
Quando os noivos vão entregar o ramo à Nossa Senhora a meio da cerimónia não rezam porque estão a fazer poses para o fotógrafo.
Os solistas dos coros residentes das igrejas fazem má figura.
O noivo aparece com cortes de gillette na cara.
O sapato da noiva magoa-lhe os pés.
A fruta aparece esculpida nas mais inimagináveis formas, e já foram vistos leitões assados colocados em cima de mini-bicicletas.
O cetim, apesar de ser uma péssima opção para vestidos, aparece frequentemente como matéria prima do da noiva e do das convidadas. O cetim é um tecido barato, cujo brilho é de mau gosto e nunca substituirá a seda.
Em vez de proporcionar o efeito de um sereno e simpático chuvisco, há convidados que gostam de atingir o novo casal atirando com o arroz de forma violenta.
Quando o arroz atinge os noivos, vai suado das mãos dos convidados.
Os meninos das alianças acham graça calcar o véu da noiva.
15 comentários:
cara naifa:
o que considero verdadeiramente torturante nesses casamentos maratona, é ter que me aguentar sentado nos tampos de cadeira, sem direito a uma almofada! Esse facto tira-nos meses de vida!
De facto, esse elemento é mais um prego no caixão de quem tem que suportar as orgias de comida que são precedidas, por mero acaso, por uma cerimónia onde se ministra um Santo Sacramento...
Com a publicação do presente post penso ter sido cortada de alguns projectos de lista de convidados (olé!).
Cara Naifa,
Se é isso que é preciso...
Declaro que odeio casamentos.
Já está! Não custou nada...
Esclarecimento: não odeio casamentos, apenas aqueles em que ocorrem situações semelhantes às descritas no post.
caríssimos:
esse casamento com um leitão tostado sentado sobre uma mini-bicicleta deve ter sido a versão miniatura que inspirou aquele árbito, antes incrédulo, que entretanto numa versão ampliada daquela, jurou ter visto um porco a andar de bicicleta e que de então para cá, tudo para ele se lhe tornava possivel...
A imaginação de alguns é difícil de alcançar - e por vezes explicar - concretizando-se ela por obra e graça do porco ou de um jovem leitão: basta pô-los a andar de bicicleta!
Cara Naifa,
Não são todos iguais?
...olhe que não, Sr. Dr., olhe que não...
Caros naifa e torero:
acreditem que para mim o fundamental é uma almofada! Se nela me puder sentar em vez de aguentar horas numa cadeira de pau, acreditem que, se por causa do ressoado do chão e de restos do bolo caído, baleias vestidas de lantejoulas tropeçarem e caírem porque se entusiasmaram com a vizinha a dançar uma espanholada (os respectivos maridos, entretanto, adormeceram por causa do verde) acreditem que não mexerei uma palha e simplesmente ficarei à espera que o reboliço causado pela queda se disperse, enquanto acabo mais uma rodela de ananás fatiado, não vá alguém tirar-me a almofada! o resto aguento bem (ou melhor, + ou -)!
lembrei-me agora que em vez de acabar com aquela rodela de ananás enquanto a multidão se dispersa, poderia antes investir no leitão ciclista! O grupo do baile que continuasse a charanga ao som dos gipsy kings: bamboleo, bambolea...
Olá!
Genial! Até parece uma pintura feita com palavras, da quase totalidade dos casamentos. Há de tudo.
Aqui, há o costume de vender retalhos da gravata do noivo. (Pelo menos improvisam uma velha) O dinheiro, é claro, irá ajudar nos custos da lua-de-mel. Mas, em pelo menos um dos casamentos ao qual fui, sem querer, surpreendi os amigos vendedores da gravata do amigo noivo, "separando" uma parte do dinheiro arrecadado, para uma festinha particular deles. Com amaior cara de pau, disseram: é reembolso por causa do trabalho.
Como vês, há de tudo.
Cordial e virtual abraço a todos.
http://sonetosesonatas.blogspot.com
Evaristo
Provavelmente, cara Margot, o casamento invernal ao qual teve o desgosto de comparecer era de gente sem pastel e, portanto, as senhoras presentes não possuíam peles e aproveitaram o vestidinho de verão que usaram no último glorioso casamento de Agosto.
E vai desculpar-me a franqueza, mas só pode ter sido um casamento de mau gosto porque: tenda no inverno!!!!????
Finalmente, desde que a lista de convidados seja composta por gente, em princípio, nem com tinto nem com verde se fazem "figuras tristes".
efvilha, welcome!
Caro amigo efvilha:
aqui (por estas terras portuguesas e talvez em outras) o hábito acontece com a noiva: haverá sempre um momento em que esta, de costas voltadas lançará o seu bouquet de flores para o meio do grupo das respectivas amigas que o disputarão - algumas com uma avidez criminosa - uma vez que, acredita-se, aquela que dele ganhar posse será a próxima a casar. Escusado será dizer que este mesmo momento mais casamenteiro, convém que aconteça em locais onde não se acumule o ressoado e a humidade própria de qualquer espaço fechado com muita gente dentro, ou em locais em que por acidente, ou sofreguidão, o leitão ciclista haja tombado da respectiva bicicleta. Se assim acontecer, a disputa pelo bouquet da noiva poderá em momentos assemelhar-se áquelas disputas na lama protagonizadas por mulheres fisicamente apetrechadas, o que bem poderia constituir uma variante para as cerimónias de casamento civil, menos sacramentadas!
Quanto à gravata do noivo, se ele for rapaz para aguentar quantidades de vinho permanecendo com um ar circunspecto, aquela seguramente permanecerá presa ao colarinho. Se assim não for e a certa altura o noivo perder a mão em si próprio - e acredite que isso acontece com frequência - o mais certo é ele, a certa altura, passe a usar a gravata amarrada com o mesmo nó na testa e de assim continue até ao final da festa!
Seja bem-vindo!
Caro fritz,
Gosto da obsessão pelo porco.
Esse hábito do bouquet e das gravatas na testa recordar uma canção: "Boa sorte, Boa sorte...”
Conhecem??? Muito bom!
E nada melhor que acabar um casamento com um fogozinho de artifício.
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