quarta-feira, 14 de junho de 2006

santo antónio de lisboa


Agradecia que me explicassem porquê.
Porque é que todos os anos temos que gramar por horas a fio com as Marchas Populares de Lisboa. Que comam as sardinhas, que gramem o Santo António, não vem mal ao mundo por isso (pelo contrário!). Que levantem uns estúpidos de uns arcos com evocações decorativas que ninguém percebe e que marchem ora para a esquerda ora para a direita - quase parecendo uns tolos - ficando sempre muito aquém de qualquer coreografia que se perceba (quanto mais de uma que se goste), que o façam! Mas porque raio temos nós (o resto do país) que gramar com essa interminável gincana folclórica, com essa seca pegada de gente a marchar ao som de uma charanga de terceira categoria, com gordos e gordas de sardinha pregada no cabelo, esforçando-se por não dar barraca no ensaio coreográfico, sempre pobre e desprovido de interesse estético?
Porque raio temos nós (o resto do país!) que gramar com as coristas do Parque Mayer e a decadência do seu corpo artístico, com a cultura revisteira falida de que provêm e que mais não faz, do que dizer uma graçolas brejeiras de mãos na cinta, a marchar, com a projecção de voz de quem ainda vende sardinha e robalo no terreiro do paço, arrastando sempre a penúltima sílaba!
Que façam fila na Avenida, ás centenas de milhar! Que gramem e cultivem a cultura popular armada ao pingarelho! Mas deixem o resto do país em paz e dispensem-no da histeria televisiva que pretende fazer de uma porcaria sem graça, de um folclore de charanga (marchas populares de Lisboa) um novo Carnaval do Rio! Não obrigado! O resto do país dispensa essa faceta pela qual ainda se exprime um certo marialvismo lisboeta e seus modos brejeiros, que se gritam na Adega do Machado enquanto corre mais um fado vadio. Ao contrário do que nos pretendem fazer querer, nada existe nisso de distinto. Para nós o Cachucho e a respectiva ginginha, bem podem ficar pelo bairro de Marvila!

6 comentários:

naifa disse...

Ou então, em nome do princípio da igualdade (não igualdade das regiões, em resposta a um bairrismo grosseiro, mas dos próprios Santos Populares!) passem a transmitir em directo das ruas do Porto as guerras de martelinhos e alho pôrro entre a populaça já bem bebida!
Só o Santo António tem direito à rameira da Merché e ao Múmia Isidro!?
Então, para o S. Joõn e para o S. Pedro não vai nada, nada, nada!?

naifa disse...

Devo acrescentar, caro Fritz, que a foto que escolheu para ilustrar o seu post é apocalíptica!
Se ainda por cá andar no Dia do Juízo Final, tenho a certeza que no meio da confusão que se prevê venha a instalar-se vou encontrar essa alfacinha avantajada integrada na comitiva de demónios em fúria!

JAM disse...

Caro Fritz,

Também pensei em escrever sobre o assunto, mas ainda bem que o fez! Apenas me resta dizer que, pessoalmente, considero as marchas de Santo António uma inequívoca demonstração de que também há parolos na capital.

Um abraço.

fritzthegermandog disse...

Caro jam,

por aquilo que se vê em tais ocasiões - marchas populares de lisboa - eu diria que parolos na capital, são aos montes!!

lololinhazinha disse...

Caros Jam e Fritzthegermandog,

A parolada da capital só tem a seu favor o facto de dizer menos palavrões e o bom hábito de se juntar toda no mesmo local. Por exemplo, nas marchas populares.

Lolo

fritzthegermandog disse...

cara lololinhazinha,

efectivamente, não estou a ver pessoal com sardihas espetadas na cabeça a efectuar apreciações sobre o set de DJs no Lux, ou a comer um misto de frutas exoticas na esplanada do hotel do chiado!

Sempre é melhor juntá-los a todos nas marchas!