segunda-feira, 27 de novembro de 2006

GOSTAR DA FEIRA?

Hoje recebi dois emails de pessoas a dizer que estão fartas da Feira.
E a primeira coisa que pensei foi, que curioso.
Tantos anos a ouvir, e a dizer, que a Feira era o melhor local do mundo para viver, e hoje em dia, é ver e ouvir tantas pessoas a dizer que afinal não deve ser bem assim.
Na realidade, é como tudo na vida, uma questão de expectativas. Quando se conhece pouco, e as expectativas são baixas, pensa-se sempre que o que temos é o melhor do mundo. Quando começamos a conhcer mais e mais, abrimos os horizontes e, acima de tudo, abrimos a nossa mente a novas experiências, as expectativas crescem e a exigência também.
Na realidade a Feira, com todas as suas coisas positivas, tem também muitas, mas mesmo muitas, coisas negativas. E principalmente daquilo que as pessoas falam é sobre as relações com as pessoas, de sentimentos de melancolia e claustrofobia que a Feira provoca.
Quem diz, e eu dizia, que a Feira é o melhor local do mundo para viver, está completamente fora da realidade.

4 comentários:

naifa disse...

Caro AMF, permita-me que discorde:

Penso que, como muitos outros, a Feira é um excelente lugar para se viver.

Mas convém saber viver.

Muitos confundem "viver" com "passar a vida" nos cafés e quejandos, onde só para gente sem interesse que, por isso mesmo, vegeta nesses locais à procura de "assunto" para preencher a falta de conforto que tem em casa.

Nunca entendi malta que prefere passar tardes de Domingo inteiras em cafés medíocres com pretensões de local "fashion", a encher os pulmões de tabaco e viroses alheias, a uma tarde com a família em casa ou a fazer uma visita a este ou aquele parente que não vêem desde o Natal do ano passado.

O que falta às pessoas é o conforto da família - caso contrário, não andariam a vegetar pelos "bares" da terrinha à procura de não ter que conversar e conviver com os seus.

Nesse particular dos cafés e afins, aceito, a Feira é um mau sítio, como muitos outros por este Mundo fora.

Se essa gente poupasse o dinheiro que gasta nos cafés e o aplicasse em viagens, por mais pobres que fossem, teriam a felicidade de perceber que Portugal é muito mau, mas também é muito bom sim senhor!

fritzthegermandog disse...

Caro amf:

Há defeitos e há virtudes. Não há nada que não os tenha, seja Londres ou Nova York, Lisboa, sejam cidades ou vilas pequenas como Colares, ou a Feira. A questão fundamental é de como lidamos com os defeitos que resultam da respectiva dimensão.

De qualquer maneira, há algo que me intriga: quando hoje não há praticamente limitação no acesso aos conteúdos - podemos estar no cume do everest, e aceder a informação da bolsa de londres, ou optar por ler os artigos da The New Yorker - verdadeiramente, é assim tão importante o local onde vives? a única conclusão que se pode retirar daqueles que não gostam ou acabam por desprezar o sítio em que vivem, é de que nada fazem para quebrar esse incómodo ou desprezo que sentem... Hoje é muito mais fácil de o fazer, o que apenas só pode agravar o juízo sobre essa acomodação!

Como diz bem a naifa, também há que saber como viver!

fritzthegermandog disse...

Devo por fim referir, que a Feira, nem acho bem, nem acho mal. a única coisa que tenho em perspectiva é saber se o facto de aqui viver, me impede o acesso a outras coisas que reputo importantes. Até ver, nunca me queixei. É certo que por vezes isso implica algum esforço e empenho de minha parte, como seja, jantar com amigos e ir ao teatro ou ao Museu de Arte Antiga em Lisboa, ir ao museu de Serralves ou à Alfândega do Porto ver uma exposição, ver o Wim Martens no europarque, quando poderia muito bem dispensar-me desse esforço e ficar em casa a ver um jogo de futebol, depois de uma tarde nos cafés, ligando a toda a gente por telemóvel... Convenhamos que este último programa, em termos geográficos e da variedade cultural que acarreta, é muito pouco exigente... não deve pois surpreender que ao fim de algum tempo, as pessoas se queixem de onde vivem! Mas o problema é delas mesmo, não de onde têm a casa...

amf disse...

Pois é caros amigos,

Como se se conseguisse viver sem os outros na Feira.
Talvez daqui a uns 50 anos as coisas mudem.
Já mudaram alguma coisas, mas ainda vai ser preciso pelo menos duas geracoes para que as coisas sejam diferentes.