quarta-feira, 29 de novembro de 2006

socialism

… o ambiente tornara-se soturno, pesado. Afinal, por razões que todos muito bem conhecíamos, a União Soviética acabara de retirar do Afeganistão e esse facto adensara ainda mais o sentimento entre todos, de que muito dificilmente se resistiria ao colapso. Para a grande parte, isso passara a ser um dado adquirido. Por isso, a ideia de subir ao palco e questionar todos aqueles que se encontravam presentes, naquele mês de Novembro de 1988 em Berlim, no que seria a última reunião de agências secretas de países ditos socialistas, subir e perguntar-lhes sobre o que era afinal o socialismo, seria seguramente para todos os demais, piada de mau gosto, o verdadeiro humor negro. O suposto, era de que todos fizéssemos uma pequena ideia do que tal poderia significar – e as agências secretas, sempre fizeram questão em manter o zelo no que a tal dizia respeito. Mas ainda assim, apesar do desgosto amargo e da grande maioria não estar para brincadeiras, questionaria e todos ficariam então ainda mais abismados com a ironia da resposta que esquadrinhara… foi quando chegou a minha vez... Subi e perguntei:

“What is Socialism?". E então respondi: "The most difficult and tortuous way to progress from capitalism to capitalism.“

a partir de “The Mitrokhin Archive, The KGB and the world, volume II” – penguin books.

CONTENÇÃO NA DESPESA ... COM ATENÇÃO À DESPESA!

INAUGURAÇÃO DO JULGADO DE PAZ DE SANTA MARIA DA FEIRA.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

O Papa calça Prada


estreou hoje, em Ancara

hobbesiano

... stanislav andreski, embora escrevendo com uma clareza e com uma confiança que chegava a tocar as raias do exibicionismo (verdadeiramente andreski nunca prescidiu daquela brusquidão e da altivez que resultam da sua simultânea condição de eslavo e de britânico) seguiu estabelecendo essa visão pessismista da natureza humana, de que a luta é uma condição necessária à sua existência e nos termos da qual, solenemente, proclamou: "duas pessoas não podem estar mais de meia hora juntas, sem que uma adquira uma superioridade evidente sobre a outra." Lapidarmente, essa, era a súmula filosófioca do destino dos homens sobre a Terra...

a partir de "Uma História da Guerra" de Jonh Keegan, em edição impecável da Tinta da China Edições.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

justificação toponímica

A-dos-Loucos. Alhandra.

"um normal agregado familiar, daqueles verdadeira e absolutamente comuns, em que normalmente se integram elementos bem suceddidos no mercado da construção civil local - com ramificações na política autárquica do concelho de Alhandra e Alhos Vedros - homens feitos a pulso, as respectivas mulheres e filhos, aos quais se juntam mais uns tios e primos num total de dez, a que acresce uma tia solteira (que provoca alguns apetites desmedidos e uns elogios desadequados que traduzem o mau gosto reinante da horde masculina) decidem, num domingo razoável e algo solarengo de inverno, fazer relembrar tempos da mocidade, organizando uma apanha de cogumelos pela lezíria ribatejana, evidentemente, depois da missa... Epílogo: 2 deles morrem, todos os restantes precisarão de transplantes de fígado."

A-dos-Loucos, Novembro de 2006."

GOSTAR DA FEIRA?

Hoje recebi dois emails de pessoas a dizer que estão fartas da Feira.
E a primeira coisa que pensei foi, que curioso.
Tantos anos a ouvir, e a dizer, que a Feira era o melhor local do mundo para viver, e hoje em dia, é ver e ouvir tantas pessoas a dizer que afinal não deve ser bem assim.
Na realidade, é como tudo na vida, uma questão de expectativas. Quando se conhece pouco, e as expectativas são baixas, pensa-se sempre que o que temos é o melhor do mundo. Quando começamos a conhcer mais e mais, abrimos os horizontes e, acima de tudo, abrimos a nossa mente a novas experiências, as expectativas crescem e a exigência também.
Na realidade a Feira, com todas as suas coisas positivas, tem também muitas, mas mesmo muitas, coisas negativas. E principalmente daquilo que as pessoas falam é sobre as relações com as pessoas, de sentimentos de melancolia e claustrofobia que a Feira provoca.
Quem diz, e eu dizia, que a Feira é o melhor local do mundo para viver, está completamente fora da realidade.

A APOLOGIA DA PREGUIÇA


Conclusão: Ser preguiçoso, é ser altruísta!

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

dieu sauve le roi


não há nada que supere a exuberância e o sentido pop do barroco musical.

marche pour la céremonie des turcs.
jean baptiste lully - florença 1632, paris 1687

A propósito da jean-baptiste lully há factos históricos que fundamentam a ideia de que aquilo que os ingleses tão fervorosamente entoam como sendo o seu hino e que igualmente nos fascina pela respectiva energia e sentido melodioso - "god save our noble queen" - teria sido originalmente escrito pelo compositor barroco de origem italiana de nome lully e de cujo génio e pompa acima se coloca um extracto. Segue assim a ideia de que, muito embora os ingleses ardilosamente atribuam a genialidade da melodia do respectivo hino, a um anónimo qeu consideram grandiloquente - mas ainda assim sempre anónimo! - aqueles mesmos dados históricos contribuem para tornar legítima a pretensão de estabelecer aquela mesma melodia como partindo do génio daquele jean-baptiste, favorito musical de "du soleil" Luís XIV a quem originalmente a música seria dedicada, evidentemente, com a seguinte letra: "dieu, sauve le roi."

É evidente que nenhum inglês no seu perfeito juízo, toleraria tal origem francófona, nem que tal lhe possa custar falta de rigor (ou mesmo mistificação) da História.

«LEGISLAR MELHOR» !?!?!

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

TEMPO

É coisa que não tenho tido nos últimos tempos e que não tenho neste momento...

já não há paciência ou espírito de caridade que aguente...

"(...) Estavam passadas 2h30 de concerto e o público não desistia. «Arménio, o Trolha da Areosa», «Lado Lunar» e «Chico Fininho» encerraram o concerto que prosseguiu em mais meia hora de encore. “Obrigado! Sem vocês não andava aqui há 26 anos”, agradeceu emocionado. "
in O Primeiro de Janeiro, edição online: www.oprimeirodejaneiro.pt/

terça-feira, 21 de novembro de 2006

SINTONISE

QUANTO MAIS RURAL, MAIS FRACO O É!

Parece-me pacifico que, quanto mais provinciano for o estabelecimento onde tomas o teu café, maior é a probabilidade de te servirem uma das seguintes marcas:
  • Cristina
  • Camelo
  • Tenco
  • Sotocal
  • Palmeira
  • Nandi

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

the poisoned mondays antidote: his majesty hiphoper



"witness the fitness" Roots Manuva.
Run Come Save Me - Agosto de 2001.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

the democratic party


1. Franklim Delano Roosevelt não teve grandes dúvidas sobre a necessidade de empenhar todo o esforço de um país quando a esquadra americana do pacífico foi destruída em pearl harbor, morrendo cerca de 1000 marinheiros norte-americanos.
Franklim Delano Roosevelt era Democrata.

2. Ainda que algumas dúvidas lhe assaltassem, Harry S. Truman, viu-se na contigência de ordenar o lançamento de duas bombas nucleares sobre hiroshima e nagasáki, obrigando desse modo à capitulação sem condições do império do Japão.
Harry S. Truman, era Democrata.

3. Nenhuma dúvida assaltou J.F.K. durante a crise dos mísseis em cuba, muito embora a consequência da sua não resolução fosse o holocausto nuclear. Dúvidas também não teve quando patrocinou o desembarque de uma força expedicionária na Baía dos Porcos, ou a intervenção americana no Vietname.
J.F.K. era Democrata.

4. Lyndon Jonhson também não teve grandes dúvidas quando solicitou junto do congresso autorização para incrementar a intervenção militar dos EUA no Vietname.
Lyndon Jonhson era Democrata.

5. Jimmy Carter, ao contrário dos seus antecessores, teve demasiadas dúvidas sobre tudo, em particular sobre o seu papel na política externa e aquele dos estados unidos no mundo. Jimmy Carter deveria ter-se ficado pelo que bem conhecia, as suas plantação de amendoins, e assim não tinha titubeado e perdido as eleições imediatamente seguintes à sua, contra um artista de cinema (?) chamado Ronald Reagan.
Jimmy Carter era e é Democrata.

6. Bill Clinton não teve dúvidas sobre a necessidade de colocar pressão sobre Saddam, bombardeando várias vezes o Iraque, nem ordenar o lançamento de mísseis contra bases terroristas, no Yemen e na Somália, após ataques contra o USSS Cole, ou a primeira tentativa de mandar abaixo o World Trade Center em 1993.
Bill Clinton era e é Democrata.

É por isso que hoje, a grande parte dos americanos desconfiam dos democratas e sentem por isso, uma tremenda insegurança quando os ouvem dizer que o exército americano terá que retirar do Iraque daqui a 3 ou 4 meses. Com o que é que se fica? Com a sensação de que se Administração Bush pode ter cometido erros sobre a estratégia adoptada no combate á ameaça terrorista, os Democratas não os cometerão, porque muito simplesmente não têm qualquer tipo de estratégia definida. A única coisa em que realmente acreditam é fugir do Iraque a 7 pés e desfazer a Administração Bush. O que para um povo ameaçado, é muito pouco….
Por isso mesmo, as sondagens continuam a dar vitória a qualquer Republicano que se apresente ás próximas eleições presidenciais, por muito que a generalidade dos europeus desejosos dos apaziguamento, pretendesse o contrário… De qualquer modo, que seria de nós europeus se, por exemplo, os Democratas Roosevelt ou Truman não tivessem compreendido as exigências da História e tivessem alinhado por esse pacifismo de trazer por casa que parece, nos nossos tempos, engripar o empenho no sistema capitalista e na liberdade que sempre foi a matriz ideológica do partido Democrata norte-americano.
Assim, não será surpresa para ninguém que os Republicanos MacCain ou Giulianni serão os senhores que se seguem...

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

bond is back



james bond - casino royal.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

the poisoned mondays antidote



rosalia de souza feat. nicola conte.
maria moita - "garota moderna" lp, 2006.

DESEMPREGO NO MUNDO

É interessante ver o ranking dos pases relativamente á taxa de desemprego.
Portugal situa-se na primeira metade da tabela, no lugar 74, mas é deveras interessante verificar que em Andorra a taxa de desemprego é 0%, e, no lado oposto, a Libéria tem uma taxa de desemprego de 85%.
Conseguimos imaginar o que é isso?

Vejam aqui

clube beretta 2000 - os diários

parte II: o confronto.

um cão fascista

O xico russo bem me havia avisado de que fizesse atenção… de que passasse a ter algum cuidado. E o xico russo, por ser homem de poucas palavras mas sempre de pertinentes cogitações, se um dia o diz ou bem te avisa, é bom que dele sempre faças caso e ganhes tino com as suas palavras, por muito económicas ou simuladas te pareçam: “Olha que já sabem o que andas para aí a fazer… E quem sabe, sabe-o bem e de modo alargado… Não está para vos deixar de rédea solta!”. Os avisos do xico russo, quem sabe, até poderiam tornar-se adágios, ou rimas de rapper. Mas percebendo a substância dos seus complementos, por muito indirectos que surgissem naquela gramática quase cinzelada que era a do xico russo, o aviso, no que a ele respeitava, estava dado. Que eu fizesse atenção … eu e todos os outros, no Clube Beretta 2000.
E não precisei de muito tempo para que a preocupação do xico russo me fosse sinalizada, tornando-se palpável. Ontem do outro lado da barricada ideológica a partir da qual fundamentávamos e centrávamos a actividade do Clube Beretta 2000 surgira o aviso em tom de ameaça.

Cuidado.
São da revolução,
Os olhos que vos seguem,
Carregando neles a utopia como ilusão,
O caminho de um outro sistema que perseguem.

Há seguramente coisas melhor escritas na prata dos chocolates bacci, ou nas tampas dos iogurtes com sabor a noz de macadamia da danone (as grandes companhias, por vezes, até gostam de surpreender e agradar aos seus clientes). Agora, independentemente dos méritos literários ou líricos que possam ser reconhecidos àquela frase composta e recortada a partir de palavras impressas em Jornal (creio que algumas delas teriam sido inicialmente impressas no terras ou no correio da feira) a ameaça e o propósito que resultam daquela composição eram claros: de um lado estão vocês, os fascistas, os adoradores de hóstias, venerando os padres, vocês, os peregrinos de Santa Comba Dão. Do outro estamos nós, os bons de sentimentos, os cosmopolitas, os racionalmente determinados e não tementes a Deus, os socialmente piedosos, mas infelizmente ainda órfãos de uma revolução.
Não importa agora considerar sobre a justiça ou injustiça desses maniqueísmos ideológicos como que, do outro lado, uma grande parte das vezes, nos catalogam. A complexidade das nossas ideias, o argumentário que fundamenta o conjunto das nossas acções e este caminho sinuoso que resolvemos percorrer para a respectiva afirmação, é difícil de ser reduzido a pequenas frases que consistentemente exprimam a substância daquilo em que politicamente nos encontramos empenhados. Mas, como algumas vezes já ouvi, adoradores de hóstias? Peregrinos de Santa Comba Dão? Do outro lado sempre encontrei alguma preguiça intelectual na tentativa de objectivizar minimamente o corpo de ideias que nos motiva. Ser-se liberal é quase sempre equivalente a ser-se fascista e então acreditar-se na vida para além da morte, é ser-se no mínimo estúpido, no máximo, um doente mental. Isto deverá ser motivo de preocupação para nós, pois a ignorância torna-se também mais um adversário: já não bastará o confronto, o empenho físico e os riscos que ele implica, não bastará a dificuldade deu afirmar de um modo claro aquilo que defendemos. A pior coisa de todas é enfrentar a ignorância das pessoas, a incapacidade de perceberem a complexidade de todas as coisas e por essa razão, o impulso de tudo reduzirem ao preconceito, ao jargão ideológico repetido vezes sem conta, ao vazio da demagogia exaltada dos pobres e oprimidos contra os poderosos sem coração. O que importa a todo o custo, é sabotar estes últimos, ainda que eles sejam muito poucos, ou nem existam…
Mas recebida daquele modo a ameaça, isso seria o sinal de que tudo iria aquecer. Como se o calor já não fosse o suficiente por estes dias de Novembro… e era isso de que ainda nos queixávamos, eu e um rafeiro alto e castanho que me seguia em passos vagarosos, a uma distância prudente, enquanto subíamos dificultados pelo calor a ladeira que em Fornos, nos conduz ao largo da Igreja. Tudo estava calmo ás três da tarde e não nos ocorria outra coisa senão este provável engano de Estações, que pela sua macieza e bondade, nem incomodaria de sobremaneira. Ouvia apenas os meus passos… E pensar que no mundo, ou na maior das proximidades, a demência e o receio que domina alguns, nos tornaria por peregrinos à campa do Salazar…

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

brevemente



Parte II: o confronto.

THE RAPTURE

Bom fim-de-semana,
com muita castanha!

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Greve nacional da Função Pública

Quem não está satisfeito com o patrão tem uma solução: despedimento.

Poderá verificar duas situações:
1) não há emprego
2) no caso, pouco provável, de encontrarem emprego poderão constatar que estão muito mal habituados.

A luta continua...

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

terça-feira, 7 de novembro de 2006

da satanização



"I have nothing to declare, except my troubled sense of humour" - satócrites.
"I know that I don´t know" - sócrates.


Aproveitando o facto de não haver figura mais diabolizada do que o primeiro ministro de portugal (e aqui considera-se apenas tal facto e não a justiça ou injustiça do mesmo) e considerando o arrastamento de temas e comentários (ou a sua total ausência ou desinteresse) que presentemente se verifica no feirafranca.blogspot.com, atenta a sugestão de converter este último ao culto satânico, ou pelo menos dar-lhe um "twist" diabolizante, apresento a sugestão de, aproveitando essa figura mal-querida da generalidade dos portugueses - que por vezes parece também espumar da boca - converte-la e renomeá-la para efeitos do presente blog como satócrites (almejando finalidades verdadeiramente infernais), a quem passaríamos a venerar e a prestar um culto diabólico, fazendo exercícios sobre a exumação de cadávares políticos . Que tal?

ARREGAÇA A MANGA

No local de trabalho, como se tira a pinta de alguém pelas mangas de camisa:

Manga comprida, com botão de punho apertado – Funcionário asseado. Normalmente associado ao front Office. Faz tudo certinho, sem nunca colocar em causa o que lhe foi ensinado, especialmente pela mãe.

Manga comprida com botão de punho desapertado – Funcionário asseado. O desapertar do botão, envia uma mensagem importante aos que o rodeiam: Está em stress!

Manga comprida, com meia dobra – Gajo de trabalho. A manga arregaçada com apenas meia dobra transmite a ideia do “Vamos lá a isto!”

Manga comprida, dobrada uma vez – Beto do trabalho. Igual ao gajo de trabalho, mas em que o pormenor estético não é descurado.

Manga comprida, dobrada vez e meia (até ao máximo de duas) – Gajo de trabalho por simpatia. Vê os de trabalho a arregaçarem as mangas, e fá-lo também, não sabendo bem como, nem porquê!

Manga arregaçada mais do que duas vezesTROLHA!

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

frase #

".... é de mim, ou este blog está a ficar uma seca?'"

fritzthegermandog

FRASE 4

"I have nothing to declare, except my genius."

Por Oscar Wilde

the poisoned mondays antidote



"rock your body"
justin timberlake, Justified - Novembro de 2002.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

and rock ´n roll could never ever hip hop like this *




kanye west, two words.
the college drop out, fevereiro 2004, rocafella records.

* igualmente a ouvir, the handsome boy modelling school, "so... how´s your girl?" 1999.

a social-democracia hoje


É das tais coisas que me lança uma tremenda confusão…
Não importa agora discutir as razões que farão futuramente o discurso daqueles favoráveis á despenalização do aborto, nem as razões de que se valerão os que se manifestarão contra. O país insiste em valorar esta mesma questão como a de uma necessidade imperiosa para o nosso progresso colectivo, ainda que tal progresso signifique uma vez mais e apenas, andar a correr atrás do que os outros já fizeram (e ainda que esses outros estejam já na fase de questionar as soluções que agora tanto ansiamos alcançar, exemplo: Espanha despenalizou a prática de aborto com fundamento no desfavorecimento social da mãe e estes são agora cerca de 375 000 por ano, num país que economicamente, tem hoje grande dificuldade em justificar tal número. Tal paradoxo não deixa de ser objecto de preocupação por parte das entidades espanholas).
Mas o que importa agora é discutir o pormenor e as contradições políticas que nesta matéria resultam para a social-democracia portuguesa.
Esta sempre defendeu com enorme intransigência e com uma certa dose de radicalismo, o chamado Serviço Nacional de Saúde. Afinal tal constituiria e constitui uma das tão propaladas “conquistas de Abril” obliterando-se através de tal mistificação, o dado histórico de terem sido Salazar e Marcelo Caetano quem primeiro retirou do domínio das misericórdias a prestação de cuidados de saúde e investiu numa cobertura nacional de rede de hospitais e posteriormente, (com Marcelo Caetano) na institucionalização de cuidados primários, com os chamados Postos Médicos ou postos de saúde – este apego á verdade, poderá na mente de muitos significar que eu saúdo Salazar e bajulo o Marcelo Caetano e que por isso não passo de um porco fascista, mas isso é o país que vive preso aos mitos revolucionários e ao qual eu não dou importância nenhuma.
Tudo isto a propósito das contradições social-democratas portuguesas: descubro pois, que perante a intransigência sempre demonstrada por essa mesma social-democracia na privatização do sistema nacional de saúde e pelo estabelecimento de um sistema misto (privado/público) essa mesma social-democracia, sempre intransigente, avança com a possibilidade de, caso vença o referendo sobre o aborto, financiar directamente a mãe que pretende abortar, pagando-lhe todas as despesas que decorram do ambulatório a realizar junto de clínicas privadas, estabelecendo desse mesmo modo e conscientemente, todo um sistema de prestação de cuidados de saúde sempre defendido pela Direita e por uma visão liberal do Estado (este não seria o responsável pelas estruturas e modelo através dos quais a prestação de cuidados de saúde se efectuaria, antes financiaria directamente o cidadão – através de um cheque-saúde – para que este obtivesse junto de instituições privadas os cuidados de que necessitaria, nomeadamente aqueles mais desfavorecidos).
Ou seja, quando todos os demais cidadãos são sujeitos no sacrossanto sistema nacional de saúde, às demoras intermináveis e às listas de espera, á sua ineficiência e desperdício para realizar intervenções de carácter fundamental para o seu bem-estar, o mesmo Estado que lhes impõe tamanhas dificuldades e riscos – em razão da sua própria intransigência ideológica – permite que para efeitos abortivos, se estabeleça todo um diferente sistema de funcionamento e financiamento, em benefício de algo altamente questionável nos propósitos, revelando desse mesmo modo e simultâneamente, a total falência do sistema com que todos os outros têm de gramar, ainda que seja para salvar a sua própria vida.
Por favor, expliquem-me… Afinal, o que é que a social-democracia quer?

P.S.: não deixa de ser extraordinário que a propósito do referendo sobre o aborto, os partidos políticos que sempre puseram um certo grau de radicalismo na defesa do sistema de saúde público (como em todos os restantes sistemas públicos) permaneçam calados, num silêncio conivente, perante aquilo que constituí um atestado de total incompetência e falência do património colectivo que defendem e em que se empenharam e empenharam o país.

FRASE 3

“20 years from now you will be more disappointed by the things you didn’t do than by the ones you did do. So throw off the bowlines. Sail away from the safe harbour.”

Por Mark Twain

ZERO 7

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

FRASE 2

"If anything can go wrong, it will."

Lei de Murphy

Incongruencias

Se vivemos num Estado Laico, porque continuamos a ter feriados religiosos? E porque é que apenas consideramos religiosos os feriados católicos? Compreendo que vivemos numa sociedade de tradição católica mas isso não significa que o sejamos todos. A meu ver deveria existir uma discussão séria sobre os feriados que fazem sentido e os que não fazem.

E já agora, o que dizer da Concordata? Privilégios em impostos e no exercício da religião.

FRASE 1

"Remember - to fall down is not to fail, to refuse to get back up again is!"

por desconhecido