sexta-feira, 14 de outubro de 2005

CALIPÍGIOS...


Olá a todos.

Acabado de chegar ao local de trabalho, senti-me algo deprimido notando que ainda faltavam quatro horas para cessar o período de afectação laboral. Ainda por cima, e como de costume, o almoço tinha sido interessantíssimo, com permanantes desafios ao torcicolo, de forma a absorver visualmente a maior informação possível que bailava em meu redor, em busca do tão almejado calipígio.

A busca do calipígio, é como uma exploração submarina, exposta a inúmeras vicissitudes, com tubarões lançando olhares furiosos e possessivos e autênticos bacalhaus que nos turvam a vista. Pelo meio os cefalópodes tentam subtilmente lançar os tentáculos a tão apreciado tesouro.

A nossa cultura tradicionalmente conservadora, procurou sempre ocultar ou disfarçar o calipígio, como se pecado fosse ostentar ornamento tão viçoso e apelativo.
Como diz o povo, a tradição já não é o que era, e agora, embora curiosamente ostente mui mais diminuto tamanho, quiçá da alteração dos hábitos alimentares ou da televisão por cabo, mormente a FashionTv, o calipígio libertou-se das grilhetas que furiosamente o espartilhavam, mostrando-se às gentes, que sorrindo lhe retribuem tão alegre face.

Como em tudo na vida, há os que abusam. Bendita/Maldita Democracia, que estabelece tão súbtil barreira entre direitos e liberdades de uns e atropela a vontade e desejos de outros.
É aqui que entra esse monstro horrendo e abominável: a Esteatopigia.
Terrível Adamastor, que desafia nosso mirar, que nos invade a alma, viola o espírito contemplativo.
Uma Esteatopigia atassalha mil reminiscências calipígicas.
E seguindo um costume tão nosso, aquele que mais choca é o que se expõe mais, que mais se vangloria de tão disforme postura, que se regozija com a ignominia que provoca. Não tendo respeito por si próprio, partilha essa insolência pelos demais como que dizendo "... se tenho de viver com isto toda a vida hás-de também provar do meu veneno".
Enfim, quem de vós não foi já padecente de tão abjecto acometimento, ornamentado com requintes de perversidade de côres vivas vulgarmente rosa, verde ou amarelo fluorescente.
Qualquer dia andamos todos com óculos do eclipse para suportarmos tamanha provação.

Bem, que querem é a vida...

2 comentários:

ASP disse...

Meu Caro Amigo Fogaça, adorei o seu «post»!
De facto, a mitologia grega e, bem assim, a própria língua grega («kallipygos» de Vénus/ «stéarpygé»), dão um toque muito literário quando se trata de descrever ou apreciar a anatomia feminina, em especial a descrita e apreciada no seu texto!!!!

amf disse...

Caro Fogaça,
Se dúvidas houvesse sobre a mais valia desta aquisição, todas elas estão desfeitas com este post.
A descrição do acto é quase perfeita num estilo incomparável.