segunda-feira, 24 de outubro de 2005

LÁ FORA

Apenas duas notas sobre politica internacional.

Na Polónia, onde já estive por duas vezes, e por isso me diz algo, realizou-se ontem a 2ª volta das eleições presidenciais, entre dois candidatos de centro direita (curioso).
Venceu o candidato conservador Lech Kaczynski, com 55,5% dos votos.
Até aqui nada de anormal.
A curiosidade acontece no facto do agora presidente eleito ser irmão gémeo do actual primeiro-ministro!!!
Imagine-se o que seria, no nosso país, tal situação. Um Santana Lopes com um irmão gémeo a PR... Um Sócrates... Um Guterres... Chiça!!!

No Brasil decorreu ontem um referendo sobre a probição de venda de armas.
Num país onde as armas são responsáveis por 40.000 mortes por ano, num país com um elevado indice de criminalidade, os brasileiros votaram por larga maioria, cerca de 64%, contra a proibição do comércio de armas.
Principal razão para tal facto - se o Estado não nos consegue proteger, temos que nos proteger nós próprios.
O indice de abstenção foi de "apenas" 20%

2 comentários:

fritzthegermandog disse...

Liebler amf (ao contrário do que normalmente sucede, hoje refiro de modo acertado a sua identidade):

Ich Liebe Internationales Politik um zu diskutieren.

Sempre que faz ou tece comentários sobre a situação política interna do nosso país - ainda que convocando a Polónia para esse mesmo efeito - noto que sempre o faz com um evidente desagrado ou desconforto e pior que tudo, como se a única coisa que quisesse ou pretendesse é o máximo de distância relativamente à política e aos seus protagonistas.

Sendo contudo a atitude comum, ela é a atitude errada.

Aquilo que o nosso país hoje reflecte em termos políticos é o resultado do esgotamento do modelo societário e estadual que ao longo dos últimos trinta anos tem vindo a ser assumido e concretizado pelos dois principais partidos portugueses (PS e PSD). A estafada "vox populi" de hoje, de que os "políticos" são todos os mesmos (e sobretudo aqueles que dominaram o país nestes 30 anos) não pretende reflectir senão uma evidência: que de facto assim é, que todos deram a sua concordância a um modelo social e estadual que se resume numa única palavra, SOCIAL-DEMOCRACIA. A prática político-partidária do Portugal pós-25 de Abril, foi essencialmente dirigida à construção dessa dita social-democracia, assente num Estado Previdência. Foi esse o empenhamento assumido quer por PS quer por PSD - e por isso, quer um quer outro, sempre contaram com a respectiva concordância tácita (independentemente da táctica e discurso político marcada pelas necessidades eleitorais).
O problema é que hoje esse mesmo modelo social-democrata do estado previdência está em crise, pois é verdadeiramente insustentável. E se tal modelo de sociedade e estado o estão, estarão em crise igualmente, aqueles que tanto esforço puseram na sua edificação: os respectivos partidos políticos (PS e PSD) e respectivos protagonistas.

O povo tem toda a razão. Efectivamente eles são todos os mesmos e todos serão iguais. Nada mais verdadeiro, atento o modelo social e económico que hoje ainda assenta os seus arrais. Agora o caro amf tem obrigação de ser mais exigente consigo mesmo e não se ficar pela fobia ao sócrates, ao guterres, ao santana, ao barroso, ao cavaco, ao mário, ao mota pinto, ao sampaio, ao eanes, ao freitas e a todos os outros que durante trinta anos, conduziram a presente viatura segundo uma ideia que, simplesmente, se esgotou.
É preciso de igual forma tirar conclusões e agir em conformidade e consequência, mais do que ficarmos pela simples fobia.

fritzthegermandog disse...

Aber, Ich liebe Internationales Politik zu diskutieren. Dass ist was ich jetz mache.

Efectivamente, comecei por referência à política internacional. Mas não falarei da Polónia. Falarei antes do Brasil - esse colosso cultural, económico e político que nos salvará. Ele e assim Deus queira, toda a riqueza e diversidade cultural e económica de todos aqueles que se sentem parte de uma herança e de uma identidade que fala português e que não pode nunca pretender resumir-se e fechar-se ao quadrado que habitamos. A bem do nosso promissor futuro, tal identidade não é "nossa" é universal e por isso pertença do mundo.

Quanto ao Brasil - e é interessante que possamos por isso sobre a mesa, para que um paraleleo possa ser feito relativamente ao post anterior - o referendum a que o amf faz referência, é o reflexo de toda uma outra atitude e visão posta na edificação do estado e da sociedade.
Como República Federativa que são, o Brasil (bem como a maioria dos estados sul-americanos) toma por modelo a constituição dos Estados Unidos, não só no desenho institucional (sistema presidencialista, duas câmaras de representantes, governadores estaduais etc..) como de igual modo, na concepção do HOMEM perante esse mesmo Estado. E aí, tal como nos Estados Unidos, a concepção é verdadeiramente LIBERAL no sentido filosófico-político: o HOMEM é um ser irrepetível, cuja individualidade deve ser defendida a todo o custo, sobretudo contra as interferências e modelações do próprio estado. É por isso que tanto no Brasil, como nos Estados Unidos, se permitu essa máxima afirmação de individualidade, reconhecida a cada o indivíduo, de poder defender-se a ele mesmo e de ser ele próprio (naturalmente, segundo um enqudramento legal) a efectuar essa mesma defesa.

Assim, e ao contrátrio daquilo que resulta do seu post, o referendum não decorre só da incapacidade ou não do Estado em promover a defesa de cada um, têm de igual modo e sobretudo a ver com esta mesma concepção liberal do sistema constitucional ali existente. Reduzir a discussão do porte de arma ao número de mortes que dela possa resultar é ver o problema pela metade, e por isso é que qualquer discussão no Brasil, ou nos Estados Unidos é sempre alvo de acesa polémica, porque pressupõe, não a falência do Estado, mas sim do indivíduo perante ele.

Viva o Brasil!