quarta-feira, 26 de outubro de 2005

la liberté par le monarque

Num tempo em que renovadas respostas dificilmente surgirão de um Republicanismo e de um Estado Laico e Previdente que, sem qualquer pudor, um vez mais precipita o país para uma divisão cujo fundamento é puramente partidário e logo, em absoluto, irrelevante, não será altura de procurar soluções fora dessa formatação Republicana de carácter social-previdente que de gerações a esta parte, diligentemente, nos têm procurado apresentar como inquestionável?

“C´est au nom du Dieu très grand et très bon, à la suite des hommes qu´il aime et qu´il inspire, et sous l´influence de son pouvoir créateur, que vous reviendrez à la votre ancienne constitution et que un ROI vous donnera la seule chose que vous deviez sagement désirer : la liberté par le monarque."
França, anónimo, século XVIII

4 comentários:

ASP disse...

Caro Fritz:
O debate sobre a MONARQUIA parece-me deveras interessante para este espaço.
Todavia, interrogo-me: o que é que a falência do modelo social de Estado (vulgo: Estado Previdência) tem a ver com o assunto?
É que, com a devida vénia, parece-me haver muitos «defensores da República», se é que lhes podemos assim chamar, que preconizam um modelo social de Estado diferente do vigente, estribados em concepções mais liberais e individualistas, e que, nem por isso, são particulares adeptos da «Causa Real» - não lhe parece?

fritzthegermandog disse...

liebler asp:

immer gut wenn Sie mit mir entsprechen wollen um diesen Themen zu diskutieren.

Eu começaria por dividir as questões: 1. o problema do regime em si mesmo traduzido na questão republicanismo vs. monarquia; 2. o problema do modelo de estado que concretiza esse mesmo regime (republicano ou monárquico), ou seja, estado-previdência vs. outro qualquer (por exemplo modelo subsidiário de estado).

É evidente que a discussão sobre o modelo de estado se nos afigura de maior viabilidade do que aquela outra sobre o regime, uma vez que esta se prende com valores e concepções que não tocam os aspectos mais imediatos da normal vida das pessoas, tornando a discussão algo etérea, mas nem por isso menos intereesante.
Mas porque assim sugere, creio que poderíamos por as cartas na mesa sobre este mesmo assunto, republicanismo vs. monarquia.

E tal discussão deve começar não por remexer as velhas feridas da primeira república - de como a sua demagogia ferverosa e a intransigência absurda do seu radicalismo, por um simples acaso, sobressaltou e amordaçou o país, tratando aos pontapés e à cacetada tudo o que não partilhasse essa visão muito sobrabranceira e muito lisboeta de como à província haveria de chegar a "revolução das luzes" e de que era imperioso resgatar o campo e camponês da água benta - mas sim por questionar o futuro e o papel no mesmo futuro de uma estafada república.

Há algo, de que de resto venho dando nota em sucessivos posts, em que profundamente acredito: na herança cultural e linguística dos povos. E no nosso caso - o português - é por aí que devemos começar a pensar o futuro, porque essa mesma herança nos une de uma forma indestrutível a outros povos do planeta, de um potencial absolutamente fascinante . Um intlectual francês perguntava-se o que tinha acontecido ás elites portuguesas e á visão que passaram a ter do mundo (o lugar dos portugueses por execelência - dizia ele) dizendo que a esse nível, aquilo que de melhor tinha restado de idêntica vocação francesa era a Argélia. Portugal tinha o Brasil.
Sendo certo que os últimos 180 anos foram de perda para Portugal (tanto como monarquia como república, muito embora na primeira tenha havido históricamente e políticamente algo de absolutamente fascinante a todos os títulos, como foi esse Reino Unido de Portugal de do Brasil)o que é um facto é que, 180 anos passados, restou essa herança, esse património comum, que não é algo que a grande maioria dos paíse se possa orgulhar de ter.
Ora é a partir daí, revalorizando e tornando cada vez mais funcional essa relação priviligiada, ao nível económico, científico, natural, social, cultural, que Portugal, juntamente com todos os outros (Angola, Brasil, Moçambique, Cabo Verde e todos os demais)poderá afirmar-se internacionalmente, captando e parilhando daí as sinergias necessárias.
Contudo para tanto torna-se necessário que aquilo que temos - e não é pouco - possa ser simbólicamente valorizado e reactualizado (e da nossa história e da história de todos os outros, há um símbolo comum, a cruz de cristo).
E é precisamente aqui que eu desconfio em absoluto da república. porque enquanto regime político sempre pretendeu tudo dessacralizar, tudo tratar segundo princípios mecânicos ou geométricos, tudo reduzindo a um postulado único, o da Razão Universal. E enquanto princípio a que tudo deve ser reduzido, de nada interessa a particularidade e o papel do particular povo e da particular herança lusófona. É por isso que o Sampaio enquanto presidente de mais um racionalismo repúblicano, gosta de parecer um gajo qualquer, porque é um simples cidadão, da república, expressão iluminista da razão universal. E ai daquele que fale em símbolos ou da cruz de cristo (e ainda menos do Rei) que de todo o mundo virão maçons, e demais pregadores do iluminismo de régua e esquadro na mão.
A república tira-nos daquilo a que históricamente pertencemos e que histórica e culturalmente partilhamos, e encerranos num quadro mais pequeno do que aquele que deve ser o nosso. E será por aí que a monarquia passará a fazer sentido.

ASP disse...

Caro Fritz:
Deixemos então de lado a questão do modelo social de Estado para outra discussão - sendo certo que, porventura, conceptualmente, até teremos posições muito próximas ou até mesmo coincidentes!
Quanto à questão de regime, quer-me parecer que, entre nós, a «Causa Real» está votada ao insucesso, raiando mesmo, não raras vezes, o ridículo! Se não, veja-se a «evolução» - eu chamar-lhe-ia «degeneração»! - que o PPM sofreu nos últimos anos, reconduzido a uma aliança de cantores populares (os manos Câmara Pereira) com estrelas televisivas «soft porn» (Elsa Raposo)! E, advinhando o que poderá dizer, pergunto-lhe: onde estão os verdadeiros (credíveis, idóneos, etc.) monárquicos? Porque razão não dão eles a cara pela «Causa»?

fritzthegermandog disse...

Liebler asp,

guten morgen, wie gehts?

O facto de por diversas vezes ao longo de sucessivos posts me revelar cáustico relativamente á república, não deve fazer de mim, aos olhos do liebler asp, um monárquico convicto. Não o sou, assim como também a convicção na república é cada vez mais relativa. O fundamental, parece-me, é saber, presentemente, o que é que cada um destes mesmos regimes melhor oferece ao nosso futuro. E aí, atenta a nossa circusntância histórica e cultural, e a nossa presente motivação, julgo a república muito desmotivadora e sobretudo, muito pouco agregadora.
Daí a razão do presente debate e troca de ideias. E o liebler asp, apesar de achar (e bem!)de que à causa monárquica faltará presentemente mais visibilidade, deve questionar-se porque razão a república e a monarquia são ora objecto das nossas medições. Acredite-me que eu, de igual forma, não julgava vir a interrogar-me e a debater este tipo de questão, mas contudo, faço-o presentemnte consigo, que de igual modo se disponibilizou à mesma interrogação e ao mesmo debate. Ou seja, apesar da sua pouca visibilidade em termos de figuras nacionais, tal debate existe e se tiver o cuidado de sondar o fenómeno bloguístico em português verá que ele se multiplica cada vez mais. E a interrogação deverá ser: havendo duas pessoas, como nós próprias, que nunca se lembraram de questionar a suposta bondade da república, porque razão, agora, a questionam? O problema - se é que algum existe nisso - não está no facto de, como diz, não haver visibilidade da causa monárquica, antes no facto de quem nunca se julgou monárquico - independentemente da visibilidade da sua causa - se dispôr a assumir tal faceta e questionar a viabilidade da república, coisa que nunca julgou vir a fazer. Agora multiplique isso e depois acrescente-lhe a credibilidade do paulo teixeira pinto, do joão pereira coutinho, do jaime nogueira pinto ou do arquitecto ribeiro telles.
A propóstio, não acho que os manos câmara pereira, ou a prozac elsa, sejam erros de "casting". Pelo contrário, são figuras que funcionam bastante bem para um determinado tipo de público e simultânemanete farão passar a ideia de que a monarquia, como regime políticamente moderno, nada têm a ver com aquela ideia muito enraizada que a mesma não é senão um conjunto de priviligiados e de snobs com uma perspectiva feudalizada da natureza humana.

heil der könig!!