quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

clube beretta 2000 - os diários

O encontro com o major – parte I

O alfredo da tijuca, quando o apanhamos nos dezassete, resolvera aparecer com uma pistola automática lüger de 1926. Evidentemente que pelos dezassete voltou a permanecer, pois, em caso algum, permitiríamos que chegasse a pôr os pés no escort de 1987. Não pelo escort, mas sim pela pistola. Sempre havíamos afirmado o extremo rigor que poríamos nos pressupostos de integração no Clube Beretta 2000. Um desses mesmos pressupostos passava, naturalmente, pelo respeito à memória e engenho desses armeiros italianos, que em golpes de génio sucessivos, passaram dos mosquetes de carregamento pela boca no século XVI, às maravilhas automáticas que trazíamos na mão e com as quais, julgamos poder fazer justiça. Por isso havíamos definido que jamais alguém tomará parte em actividades definidas pelo Clube Beretta 2000, com pistolas da concorrência. O alfredo da tijuca que grame o frio e que se lixe e arranje uma Beretta genuína...
O razz, também não há forma de se localizar. Havia trazido toda uma série musical que se adequasse às suas projecções cinematográficas, mas quem estava no carro concordou que o nosso propósito, hoje, era bem mais prosaico e muito mais português – talvez cantarolar um fadinho viesse a calhar. Constatou-se, contudo, que nenhum de nós era assim tão apreciador da canção nacional a ponto de propor-se piratear a amália ou o alfredo marceneiro, agregando-os em mp3 num disco prateado para depois ouvi-los no carro. Para isso talvez desse menos trabalho e resultasse bem melhor roubar cassettes de um desses expositores insólitos de fita magnética, que ainda abundam pela tabernas do interior, com o melhor da música nacional. Como ninguém o fez, foi ainda o razz que geriu a radiola e os altifalantes, em função das sugestões cinéfilas que lhe apareciam pela cabeça.
Eram 16 horas e 30 minutos e seguíamos pela Rua da Constituição abaixo já depois dos semáforos com a Avenida de França. O escort tinha sido estacionado um pouco acima. O razz e o biela seguiam agora pelo passeio, eu e o antónio barbeiro paralelamente, pelo alcatrão. O propósito era dar com Valentim Loureiro dentro da sede da Liga, pela qual entramos sem que fossemos questionados nas intenções – é estranho entrar-se assim pelos sítios, de arma em punho, sem que nos perguntem ao que vamos. Como sabem, o que nos movia no essencial, era repor uma lógica e uma fonética aceitável nos lugares comuns de que se faz a modalidade dita futebol. Nada mais sério, nada mais simples.

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