sexta-feira, 21 de abril de 2006

os diários de chalana


“... o octávio sempre tivera semblante de sarrafa, embora, reconhecidamente, houvesse jeito naqueles pés. Contudo, não havia jogo em que não murmurasse e não se pusesse a balbuciar que sabia onde estivéramos e o que disséramos dele e do pedroto, do gomes e do rudolfo e dos outros todos. E depois dizia que também sabia em que esquinas de alfama e do bairro alto parávamos os carros, quanto pagávamos e quem metíamos lá dentro, as solteiras e as casadas. Andava o jogo nisto, que nos sabia os carros, as boites e os hotéis de lisboa para onde levávamos as putas e os engates e quem ainda do benfica, limpava seis riscos de cocaína. Uma vez, no estádio da luz, preguei-lhe semelhante bicanço e pisei-o nas partes baixas, que o homem lá teve que sair de maca. Eu, óbviamente não fui expulso, mas também já ninguém o podia aturar ... “.

In “Os Diários de Chalana” volume VIII (1978/1980).
Edição da Câmara Municipal do Barreiro - 2005

1 comentário:

naifa disse...

Tanto cabelo... num tempo em que as camisolas mais pareciam t-shirts herdadas do irmão mais velho de tão desbotadas que eram...
Parecia que já vinham, nesse estado, da fábrica.... um género de prelúdio do stonewash...