quarta-feira, 26 de abril de 2006

os diários de chalana

“... das coisas absolutamente irrepetíveis, há quem não queira fazer caso. Há quem não queira acreditar que o jeito nos pés, a magia que faz, ora rodopiar, ora entrelaçar uma bola, não depende do vigor com que nos possa crescer um bigode – por muito vigoroso que ele se revele – nem depende das imitações baratas e muito pouco rigorosas dos cortes de cabelo, arquitectados pelo saber estético do barbeiro da aldeia a que acresceu uma inspiração de pénalties e bagaço. Ás aproximações, às tentativas de repetir o irrepetível, eu costumo dizer que, antónio violante chalana só houve um e haverá apenas um, porque o que existiu para lá do cromo – a tridimensionalidade do empenho rebaixado na condução da bola, o pequeno salto depois do golo, a finta irrepetível que deixou o adversário pregado ou estendido – serve apenas os predestinado, e não os seus aspirantes, por muito bem que até possam ficar na fotografia.”


In “Diários de Chalana” volume XIX (reflexões)

Edição da Câmara Municipal do Barreiro

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