domingo, 4 de setembro de 2005

CORRUPÇÃO Vs RMG

Ao que parece Portugal, não fosse o fenómeno da corrupção, teria possibilidade de atingir o nível de vida da Finlândia. Para tal bastaria afectar todos os recursos financeiros gastos neste fenómeno, em investimento.
Pessoalmente acho que se está a desvalorizar uma componente essencial deste – A Redistribuição do Rendimento/Riqueza – função normalmente associada ao Estado, e que é disso exemplo o Rendimento Mínimo Garantido (RMG). No caso do fenómeno da corrupção, o princípio é o mesmo, apenas os agentes redistribuidores são diferentes, passam a ser os particulares ou os próprios agentes económicos.

Sou defensor da legalização da Corrupção!

Se, dada a nossa particular existência enquanto povo, a corrupção é vista como um fenómeno “que já faz parte”, porque não assumi-lo de uma vez, tentando retirar dele todos os benefícios que daí poderão advir?
Por essa Europa fora temos exemplos pragmáticos, daquilo que é retirar de comportamentos desviantes/alternativos, benefícios para a nação. Veja-se a legalização da prostituição e do consumo e distribuição de estupefacientes.
Mais. Defendo a corrupção no mercado de Capitais… explico-me melhor! Para além da já existente, ou não, defendo a corrupção como um qualquer “asset” a ser transaccionado no mercado regulamentado. Imagine-se a possibilidade de comprar e/ou vender, em pleno mercado criado para o efeito, uma prestação de serviços de corrupção sobre um determinado interesse. O preço da corrupção seria definido todos os dias no mercado à vista dando, não só, toda a clareza necessária ao investidor/corruptor, como permitiria o seu acesso a todos os cidadãos. Mesmo àqueles a quem poderia estar, anteriormente, vedado. Aliás, o melhor desta revolução no mercado de capitais, seria levar a comercialização de interesses de corrupção para o mercado de Derivados – Futuros e Opções. Grande Potencial!
Seria extraordinária, para todo o português, a possibilidade de comprar/vender contratos de futuros ou opções, sobre um determinado interesse, ou sobre um determinado cabaz de interesses de corrupção. O funcionamento, tal como hoje acontece com os contratos sobre acções; índices; assets; … passaria pela compra hoje, de um ou mais contratos de futuros, com maturidade a seis meses ou mais. O investidor/corruptor teria a possibilidade de comprar aos preços de hoje um conjunto de interesses de corrupção, os quais, apenas poderia dispor daí por seis meses.
Ex: Comprando um contrato por 100, supondo que daí a seis meses o preço à vista do mesmo tipo de corrupção estava a 120, o investidor nesse momento poderia ter duas opções: 1) gerar uma poupança de 20 e usufruir dos interesses de corrupção adquiridos; 2) fechar o contrato antes da maturidade retirando uma mais-valia de 20, que posteriormente declarava na declaração anual de rendimentos. Se não o fizesse era, de certeza, vítima de pressões corruptivas/chantagistas no sentido de ser denunciado por evasão fiscal.

Tudo claro, tudo perfeitamente legal!

Aqui está. O Estado ganharia por via fiscal e, ao mesmo tempo, promoveria a redistribuição de rendimentos.


Às vezes dou por mim a pensar: “Tu, com ideias destas, devias formar um partido!”

6 comentários:

ASP disse...

Ressalvando o sentido irónico, aliás do meu agrado - diga-se -, que marca o texto objecto do meu comentário, gostaria apenas de lembrar que o fenómeno da corrupção representa o maior perigo para os fundamentos ou alicerces de qualquer Estado de Direito Democrático!
A sua banalização na Sociedade e no Estado e, outrossim, o seu carácter transversal, que vai desde a pequena corrupção e tráfico de influências à alta corrupção económico-finaceira e política, gera, inelutavelmente, o declínio do Estado, constituíndo, como se sabe, um importante indíce de desenvolvimento/ subdesenvolvimento.
No que tange à ocorrência deste "epifenómeno" no nosso País, a vários níveis, mas com especial enfoque para os relacionamentos Autarquias/Empreiteiros/Partidos Políticos, gostaria de deixar para debate e/ou futuros comentários as declarações do Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Paulo Morais, por sinal "bem reveladoras"!

ASP disse...

Apenas uma pequena correcção, porventura um "preciosismo": a terminonolgia Rendimento Mínimo Garantido "finou-se", tendo "ressuscitado" na nova designação Rendimento Social de Inserção ... uma "novação" socialisto-socrática!

JAM disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
JAM disse...

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a rectificação feita, pelo meu caro amigo contributor, ASP. Sinceramente já não me recordava dessa nova terminologia, que afinal marca uma certa distância do RMG. Em oposição ao “garantido” pelo RMG, está a "ajuda à reinserção”, promovida pelo RSI. Uma importante questão de português.

Quanto à questão colocada pelo comentador Naifa, o exemplo que deu, do meu ponto de vista, enquadra-se no princípio da redistribuição de riqueza. Nesse exemplo, objectivamente, o Estado não tira nenhum proveito senão assegurar a promoção de um princípio que, teoricamente, é da sua responsabilidade.

amf disse...

Aos "relacionamentos Autarquias/Empreiteiros/Partidos Políticos", gostaria que não se esquecessem desse negócio de milhões que tão bem combina na relação acima mencionada: o Futebol.
Penso que a relação devia ser "Autarquias/Empreiteiros/Futebol", já que Autarquias e Partidos Politicos confundem-se e, muitas das vezes, unem-se num só, sendo impossivel distinguir onde acaba um e começa outro.
Temos tantos exemplos pelo nosso país fora.

El Torero disse...

Com ideias destas, ainda te candidatas a Presidente da República.