segunda-feira, 5 de setembro de 2005

O «EPIFENÓMENO» DA CORRUPÇÃO



REVISTA «VISÃO», 26 de Agosto de 2005
O vice-presidente e vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Paulo Morais, acusa várias autarquias do país de cederem a pressões de empreiteiros e partidos políticos para a viabilização de determinados projectos urbanísticos.

Em entrevista à VISÃO, Paulo Morais afirma que «o urbanismo é, na maioria das câmaras, a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados». «Nas mais diversas câmaras do País há projectos imobiliários que só podem ter sido aprovados por corruptos ou atrasados mentais», declara Paulo Morais na entrevista, sem no entanto especificar a que projectos e municípios se refere.

O vereador acrescenta que «as estruturas corporativas são hoje muito mais fortes porque têm uma aparente legitimidade democrática. Se os vereadores do Urbanismo são os coveiros da democracia, os partidos são as casas mortuárias». Paulo Morais garante ter recebido «pressões e cunhas de dezenas de pessoas, da forma mais ostensiva, inclusive a nível governamental» relativamente ao projecto de construção de um edifício no Parque da Cidade, da empresa Rodrigues Gomes.

O social-democrata, que foi afastado das listas da coligação PSD- CDS-PP para a Câmara do Porto, diz que «os pelouros do Urbanismo das maiores câmaras são o local onde tudo se joga».Paulo Morais refere ter sido pressionado por membros do actual e dos anteriores governos e por partidos, mas escusa-se a referir nomes das pessoas que o terão tentado influenciar.

Para Paulo Morais, as tentativas de forçar a aprovação de projectos imobiliários através de «manobras dilatórias, recursos e formalismos» acontecem porque «a legislação na área do Urbanismo é complexa, hermética e confusa o suficiente para favorecer os mais fortes e quem pode pagar os melhores juristas».

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