segunda-feira, 28 de novembro de 2005

o fantasma do rock a doença da pop





Sou daqueles para quem o rock morreu (dele apenas sobrarão os fantasmas do Elvis e do Cobain).
E para a pop, desde que os The Simths enforcaram o D.J. e depois se enforcaram a eles mesmos (Morrissey salva-nos!) também não parece haver qualquer espécie de rendenção prevista – ainda consigo achar alguma piada aos Coldplay e respeitar o trabalho musical dos Radiohead. Tudo o resto soa a repetição de fórmulas. Ora, daquele cadáver e deste moribundo, há três consequências que deles directamente derivam:

1. a única verdadeira revolução musical dos últimos 25 anos foi o aparecimento do rap como linguagem musical, a sua evolução para o hip-hop e deste para os “samples” e sequenciadores electrónicos e música electrónica (quanto a esta ver sugestões no feirafranca de jam).

2. a justiça foi finalmente feita aos músicos negros a quem se deve toda a música de consumo de massa dos últimos 60 anos, sendo eles que presentemente dominam os “charts” um pouco por todo o lado.

3. percebendo que pouco mais pode resultar daquele cadáver rock e do outro moribundo pop, alguns músicos encetaram para derivações pós-rock e pós-pop, procurando uma revitalização musical que partindo daquela tradição agora cadavérica, lhe acrescenta novos caminhos e sonoridades (a electrónica no que respeita à música pop têm desempenhado esse mesmo papel).

E é sobre este último ponto que pretendo apresentar 2 sugestões: Notwist (neongolden) e Tortoise (standards) Ambos assumem a desconstrução da linguagem musical que nos é tão familiar. Ela é bem mais evidente nos Tortoise, mas em ambos os projectos – e assumidamente o são, uma vez que todos os seus elementos seguem constituem paralelamente outros como sejam o Tied & Tickled Trio, Chicago Underground Trio, ou o Isotop 217 – existe essa preocupação em estabelecer uma diferente sonoridade, seja pela utilização da electrónica combinada com um uso de uma paleta de instrumentos mais alargada(violoncelo, banjo, trompete - Notwist) seja pela clara aposta na música instrumental (Tortoise), que se expande e não se agrilhoa à formatação pop/rock em 3 minutos, traduzida no já gasto verso, refrão, verso, refrão, solo, refrão.
Uma recomendação fundamental: dar uma oportunidade. Mais ao americanos Tortoise de uma sonoridade mais difícil, do que aos alemães Notwist (ainda claramente pop).

1 comentário:

JAM disse...

Caro Fritz,

Perfeitamente de acordo com tudo o que escreveu.
Só um aspecto em que discordo: Smiths!
Bem sei que, além do caro amigo, muitos poderão discordar comigo, mas nunca consegui perceber o fenómeno.
O "som da frente", a mim, nunca me cativou!

Um abraço.