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Há uma clara vantagem ao almoço: a de se fazerem acompanhar sempre as lulas grelhadas com batatas cozidas. Por muita que seja a tua fome e por muito que se coma, elas nunca chegam a carregar no estômago, demorando aquelas eternidades gástricas que sempre acontecem aos almoços pesados, servidos por carne mal passada enrolada nos fritos indigestos. Assim, por sugestão minha e apesar da extensa escolha de carnes e peixes disponibilizada, termos todos alinhado pelas batatas e as lulas no grelhador – ainda que elas nos possam saber bem melhor pelo verão! – fora a melhor opção de todos, atentos os desenvolvimentos que seguidamente, bem nutridos mas perfeitamente maleáveis e escorreitos de movimentos, pretendíamos desencadear ao longo da estrada nacional 109 e ligação à A25, na expectativa apenas que o aguardado rodopio domingueiro e automóvel, se tornasse visível na distância.
Acresce que, sendo todos pessoas de educação humilde mas esmera, não houve lugar a qualquer sofreguidão, qualquer palavrear de boca cheia durante a refeição, todos deglutindo com parcimónia – fazendo adequado uso de faca e garfo – esses bichos estranhos e viscosos, que nos levantam a pergunta sobre os universos paralelos concebidos e frequentados por Deus, para que um dia ousasse neste, a admissão de tais criaturas. Para mim – como creio, para todos! – estando infinitamente longe de ser Deus e dos porquês que envolvem toda a sua criação, o tempero e o grelhador continua a ser o único e previsível destino desses animais esquisitos, que com propriedade se qualificam como nem sendo verdadeiramente carne, nem sendo adequadamente peixe. De uma forma muito térrea poderia até ser dito a propósito deles, que o seu único deus criador habitando as redondezas, seria precisamente Asdrubalino da Feijoca que no seu tempero e assadura, os elevava à categoria do sagrado e do divino.
O alfredo da tijuca é que, pelo tempo que demorara o almoço, não largara mão da ak-47, apesar das nossas sucessivas insistências para a alcançarmos e darmo-nos conta dessa áurea matraqueadora que envolve tais armas de assalto, pegando nela e puxando para trás, pelo menos uma vez, a respectiva culatra. Evidentemente que tal só poderia ser feito se tivéssemos a ak-47 nas mãos, o que sistematicamente nos era recusado pelo alfredo da tijuca, que para mais adoptara o quase silêncio e uma certa sobranceria como postura convivencial, não se mostrando tal éticamente correcto, face á tolerância e à liberalidade por todos nós demonstrada quando considerado o facto de termos permitido a sua participação no Clube Beretta 2000, sem que tivesse preenchido cabalmente os requisitos para tanto. Para mim, não era seguramente a circunstância de o alfredo da tijuca arranjar Kalashnikovs na Ucrânia que iria fazer cessar aquela acumulação de pontos que lhe garantia para já e por troca, uma porrada de ciganos. Por mim e perante tal postura, essa contabilidade e acumulação prosseguia.
Porque assim persistia, estranhamente, esteve a arma de assalto encostada à cadeira desse nosso convidado especial, apoiada sobre a coronha, sem que ninguém ousasse tocar, permanecendo perfeitamente visível a todos os presentes àquela hora pelo “O Tasco”, comessem eles lulas grelhadas ou enguias à espanhola. Nenhum melindre ou sobressalto ocorreu. Não há dúvida de que à mesa, sempre o propósito é o do armistício ou o da trégua, nunca o do confronto, ainda que à nossa frente, ao serviço da nossa faca e do nosso garfo, sejam criaturas estranhas o alimento ser subtraído a Deus e à criação.
Eram pois chegadas as horas... Das lulas, nem no prato nem já no estômago havia sinal e foi com a agilidade e a rapidez esperada que depois das contas e da gorjeta, todos saímos... O domingo ampliava o máximo de perfeição que se conhece a qualquer domingo. Sobretudo, porque era convidativo no conforto ameno que o sol propiciava e porque dessa maneira, permanecia favorável aos propósitos por nós delineados, já que nenhuma dúvida existia pelos quilómetros adiante, fosse qual fosse a direcção que pensássemos, que se alinhava um único congestionamento e pior, existia uma única e estreita ideia por milhares de cabeças, repercutindo em uníssono a mesma intenção: a de se fazerem chegar ao Furadouro às manadas, presas ao aconchego automóvel, ao turpor das digestões difíceis e à humidade dos meses que agora se fazia soltar dos tecidos e das roupas. O homem, o chefe de família ouviria adormecido o relato e assim, não importaria às famílias, que muito mais riqueza e diversidade existisse no mundo ... e esse, o seu verdadeiro e inconcebível engano! 2.10 am automatic The Black Keys Rubber Factory. Anunciei a tragédia, a catástrofe em prejuízo dessa estreiteza de perspectivas alinhada ao domingo em manadas, quando fiz girar a chave na ignição... Em sentido contrário, a velocidade proibitiva, afirmaríamos todo um outro lado, toda uma outra dimensão da inabarcável diversidade da existência... Os domingos não podem mais ocorrer, como se fossem uma coisa qualquer...
Há uma clara vantagem ao almoço: a de se fazerem acompanhar sempre as lulas grelhadas com batatas cozidas. Por muita que seja a tua fome e por muito que se coma, elas nunca chegam a carregar no estômago, demorando aquelas eternidades gástricas que sempre acontecem aos almoços pesados, servidos por carne mal passada enrolada nos fritos indigestos. Assim, por sugestão minha e apesar da extensa escolha de carnes e peixes disponibilizada, termos todos alinhado pelas batatas e as lulas no grelhador – ainda que elas nos possam saber bem melhor pelo verão! – fora a melhor opção de todos, atentos os desenvolvimentos que seguidamente, bem nutridos mas perfeitamente maleáveis e escorreitos de movimentos, pretendíamos desencadear ao longo da estrada nacional 109 e ligação à A25, na expectativa apenas que o aguardado rodopio domingueiro e automóvel, se tornasse visível na distância.
Acresce que, sendo todos pessoas de educação humilde mas esmera, não houve lugar a qualquer sofreguidão, qualquer palavrear de boca cheia durante a refeição, todos deglutindo com parcimónia – fazendo adequado uso de faca e garfo – esses bichos estranhos e viscosos, que nos levantam a pergunta sobre os universos paralelos concebidos e frequentados por Deus, para que um dia ousasse neste, a admissão de tais criaturas. Para mim – como creio, para todos! – estando infinitamente longe de ser Deus e dos porquês que envolvem toda a sua criação, o tempero e o grelhador continua a ser o único e previsível destino desses animais esquisitos, que com propriedade se qualificam como nem sendo verdadeiramente carne, nem sendo adequadamente peixe. De uma forma muito térrea poderia até ser dito a propósito deles, que o seu único deus criador habitando as redondezas, seria precisamente Asdrubalino da Feijoca que no seu tempero e assadura, os elevava à categoria do sagrado e do divino.
O alfredo da tijuca é que, pelo tempo que demorara o almoço, não largara mão da ak-47, apesar das nossas sucessivas insistências para a alcançarmos e darmo-nos conta dessa áurea matraqueadora que envolve tais armas de assalto, pegando nela e puxando para trás, pelo menos uma vez, a respectiva culatra. Evidentemente que tal só poderia ser feito se tivéssemos a ak-47 nas mãos, o que sistematicamente nos era recusado pelo alfredo da tijuca, que para mais adoptara o quase silêncio e uma certa sobranceria como postura convivencial, não se mostrando tal éticamente correcto, face á tolerância e à liberalidade por todos nós demonstrada quando considerado o facto de termos permitido a sua participação no Clube Beretta 2000, sem que tivesse preenchido cabalmente os requisitos para tanto. Para mim, não era seguramente a circunstância de o alfredo da tijuca arranjar Kalashnikovs na Ucrânia que iria fazer cessar aquela acumulação de pontos que lhe garantia para já e por troca, uma porrada de ciganos. Por mim e perante tal postura, essa contabilidade e acumulação prosseguia.
Porque assim persistia, estranhamente, esteve a arma de assalto encostada à cadeira desse nosso convidado especial, apoiada sobre a coronha, sem que ninguém ousasse tocar, permanecendo perfeitamente visível a todos os presentes àquela hora pelo “O Tasco”, comessem eles lulas grelhadas ou enguias à espanhola. Nenhum melindre ou sobressalto ocorreu. Não há dúvida de que à mesa, sempre o propósito é o do armistício ou o da trégua, nunca o do confronto, ainda que à nossa frente, ao serviço da nossa faca e do nosso garfo, sejam criaturas estranhas o alimento ser subtraído a Deus e à criação.
Eram pois chegadas as horas... Das lulas, nem no prato nem já no estômago havia sinal e foi com a agilidade e a rapidez esperada que depois das contas e da gorjeta, todos saímos... O domingo ampliava o máximo de perfeição que se conhece a qualquer domingo. Sobretudo, porque era convidativo no conforto ameno que o sol propiciava e porque dessa maneira, permanecia favorável aos propósitos por nós delineados, já que nenhuma dúvida existia pelos quilómetros adiante, fosse qual fosse a direcção que pensássemos, que se alinhava um único congestionamento e pior, existia uma única e estreita ideia por milhares de cabeças, repercutindo em uníssono a mesma intenção: a de se fazerem chegar ao Furadouro às manadas, presas ao aconchego automóvel, ao turpor das digestões difíceis e à humidade dos meses que agora se fazia soltar dos tecidos e das roupas. O homem, o chefe de família ouviria adormecido o relato e assim, não importaria às famílias, que muito mais riqueza e diversidade existisse no mundo ... e esse, o seu verdadeiro e inconcebível engano! 2.10 am automatic The Black Keys Rubber Factory. Anunciei a tragédia, a catástrofe em prejuízo dessa estreiteza de perspectivas alinhada ao domingo em manadas, quando fiz girar a chave na ignição... Em sentido contrário, a velocidade proibitiva, afirmaríamos todo um outro lado, toda uma outra dimensão da inabarcável diversidade da existência... Os domingos não podem mais ocorrer, como se fossem uma coisa qualquer...
2 comentários:
Particular atenção às famílias, na berma da estrada, no já tradicionalmente instituído piquenique domingueiro!
A malha é boa!
GANDA SOM!
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