terça-feira, 17 de outubro de 2006

A DESMISTIFICAÇÃO DA FRASE: “NAQUELE TEMPO ERA MUITO DINHEIRO”

Não raras vezes, seguido da quantificação de uma determinada quantia, há quem utilize a frase em epígrafe para demonstrar, embora de forma inconsciente, a força da inflação no nosso poder de compra. Numa breve demonstração tentarei fazer ver aos caros leitores que esta frase está em declínio, ou melhor, em reestruturação.

Tomemos por exemplo uma pergunta simples que fiz ao meu pai em 1982, sobre o montante que era preciso ter no banco para se poder afirmar que alguém era rico. A resposta foi certeira nos 1.000.000$00 (5.000€). Estou certo que a maior parte dos leitores, já nascidos há data, têm a sensação que era muito dinheiro. Mas a pergunta impõem-se:

Muito, quanto?

Vamos então actualizar o valor da resposta, tendo como factor de actualização a evolução da taxa de inflação de 1982 a 2006. Efectuando o cálculo – que vos dispenso a apresentação – ficamos com a módica quantia correspondente de: 8.520.314$29 (42.499,15€). Se assumirmos que a pessoa fez um depósito, há data, neste valor sem nunca fazer qualquer levantamento, teria em 2006, supondo juros compostos, a quantia de 10.888.240$06 (54.310,31€).

É muito dinheiro?

Uns dirão que sim, outros que não. No entanto todos percebemos que 1.000.000$00 hoje valem muito menos que em 82. No entanto, curioso é perceber quanto é que valeriam 1.000.000$00 há dez anos atrás (1996)! Apenas 1.336.747$90 (6.667,67€)!

Tudo isto para dizer o quê?!

Se é bem verdade que a aplicação da frase em questão poderá fazer todo o sentido para os nossos pais, para nós, fará cada vez menos, ou pelo menos, não terá o mesmo impacto. Por isso proponho a retirada do "muito":

“Naquele tempo, era dinheiro!”

Parece-me muito melhor!

1 comentário:

naifa disse...

No tempo do arroz de quinze....