terça-feira, 24 de outubro de 2006

OPÇÃO: FRANCÊS

Um das opões relevantes que fiz na minha vida, foi a língua estrangeira a escolher aquando da minha entrada para o, na altura denominado, Ciclo ou pré-preparatório.

Duas opções: Francês vs Inglês.

Os meus pais escolheram-me francês!


Curiosamente (se é que interessava para alguma coisa) a minha vontade era precisamente a contrária! Mas a decisão estava tomada e, segundo quem a tomou por mim, tinham-no feito em consciência, e em consonância com a opinião de outras pessoas ligadas à educação. Ainda considerei sair de casa, mas tal ameaça não surtiu qualquer efeito na inabalável convicção dos meus progenitores.
Em 1984/5, para mim, a malta dita “fixe” era conotada com o inglês, enquanto a malta do francês – havia essa convicção – era uma mistura entre pessoal que já tinha barba; outros que estavam à espera de concluir o 2º ano do ciclo para ir trabalhar; crianças da telescola; seminaristas; uma comunidade dos arrabaldes da, ao tempo, Vila da Feira, e outras tantas crianças do centro.
Infelizmente tal premonição estava absolutamente correcta, o que implicava que os cinco anos seguintes seriam uma longa travessia, à qual teria que sobreviver. Curiosamente, e contrariando um pouco a ordem natural das coisas, acabei por me relacionar muito bem com todos estes grupos. Acho que, por ser o único que tinha relógio, granjeei simpatia ente os colegas de turma, pois era a sua referência para saberem se faltava muito para tocar a campainha.
Sendo certo que, no plano académico, tal opção não se mostrou profícua, a um nível de vivência pessoal, tal opção, cedo permitiu entrar em contacto com alguma das realidades que a vida nos reserva, e que os pais nos tentam vedar. O tabaco, a cerveja e as festas, começaram a ser parte integrante do espírito que nos movia (não se preocupem, isto foi mais adiante).
O certo é que só me apercebi da diferença de vivências, entre quem inicialmente estudou francês, e quem estudou inglês, quando nos juntaram já no décimo ano do liceu. A dissemelhança entre as duas tribos, ou melhor, ente a tribo – nós – e o resto da comunidade era notória, consubstanciada no medo que alguns dos meus novos colegas vindos do inglês sentiam quando se cruzavam com os outros.

Ainda hoje julgo que os meus pais estão convencidos que essa foi a melhor opção… e eu, por motivos diferentes, até sou capaz de concordar!

5 comentários:

naifa disse...

Portanto, até os seus 14/15 anos o Jam cantarolou os sucessos da época apenas foneticamente, sem perceber patavina do que as letras diziam... certo?

Era crucial saber inglês porque a BRAVO só a tínhamos em alemão.....

El Torero disse...

Caro Jam,

As saudades que eu tinha de um post à la Jam.

Obrigado.

lololinhazinha disse...

Ó Champs Elisée!!
Na minha escola as professoras de francês estavam sempre grávidas e por isso nunca consegui aprender a língua em condições. Lembro-me da malta do francês como língua prioritária e, realmente, eram tenebrosos. Fica a pergunta, digna de um estudo canadiense: porque será??

Framboesa disse...

É uma delícia ler este post, de tão bem escrito que está.

fritzthegermandog disse...

chére jam:

creio que poderemos partilhar a experiência a esse mesmo nível. francês foi igualmente a opção nos primeiros anos do ciclo e não deixo por isso de recordar o facto de aqueles que haviam escolhido inglês tinham no meu tempo de ciclo e liceu uma certa áurea de urbanidade e sofisticação (se é que isso alguma vez existiu na vila da feira dos anos 80). aqueles que eram de francês, incluindo-me eu neles, tinha a ideia de que seríamos os saloios, e de que assim, estaríamos a um nível abaixo daqueles que escolheram o inglês - pelo menos a julgar pelas suas roupas e proveniências (as minhas turmas eram sempre de pessoal da redondeza e raros eram os da vila da feira).
De qualquer modo concluo como o caríssimo jam e partilho essa experiência, com a vantagem de aujourdui savoir parler le français un petit meilleur que tout le rest du monde e avoir aussi la pléne comprehension du anglais. c´est tout!