Do ponto de vista estrutural e fenotípico, os portugueses não diferem dos restantes povos.
O traço distintivo deste povo está, naturalmente, na sua cultura. A cultura e a educação são simbióticas: maior cultura e maior educação são duas faces da mesma moeda.
Ora acontece que a educação dos nossos filhos é dada por quem não a tem, pelo que não acredito que venhamos a ter um povo mais culto.
A falta de produtividade dos portugueses decorre da sua cultura, uma vez que, quando inseridos noutro meio, os portugueses demonstram qualidades semelhantes aos demais.
Deste raciocínio resulta que os portugueses nunca poderão ter maior produtividade, a não ser que passemos a ser governados pelos padrões que outras culturas estabelecem. Isto significa que alguns traços distintivos da cultura lusa têm de ser apagados para que outros possam florescer, e para se afastar o fantasma da falência económica.
É, portanto, no esquecimento de Portugal que está a salvação de Portugal.
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14 comentários:
Caro framboesa,
Talvez a globalização nos salve; talvez os senhores de Bruxelas nos proibam de fazer leis relevantes; talvez os professores dos nossos filhos emigrem a conselho da linha SOS professor...se tudo falhar, talvez os espanhóis nos invadam.
caro framboesa:
permita-me discordar.
Não alimento, nem nunca alimentei qualquer tipo de esperaça quanto a uma conversão cultural do povo. Aconselho-o a fazer o mesmo. O povo é aquilo que é, e concerteza que nenhum de nós julga que o povo de outros sítios e lugares, discute proust ao pequeno almoço e dedica as tardes a absorver teorias de gestão elaboradas pelo último guru da economia global. O povo nesses outros sítios é como o nosso: trabalha e vê o futebol ao domingo, e com os seus defeitos e virtudes (porque todos os povos os têm) está-se nas tintas para aculturações, ou para se empenhar em saber alguma coisa mais.
Eu acho antes que o nosso problema está nas elites: havendo boas elites, o povo segue ou corre atrás... O processo é simples: haja elites que cativem que o povo e este entrega-lhes o poder. E o que se passa com as elites no nosso país? Vive toda a sua vida lamuriando-se dele, do país em que vive, porque Londres ou Paris é que são, e a Holanda e a finlândia é que dão cartas. Estas conclusões a que chega a elite portuguesa são sumárias e são normalmente estabelecidas depois de uma semana em férias nas capitais daqueles outros povos. E como normalmente é turismo de que se trata e de visitar aquilo que interessa, não sabem que os sistema nacional de saúde inglês está igualmente á beira do colapso, que a escola pública inglesa está desacreditada e que há uma bomba relógio social em paris, ou em marselha, e que os holandeses têm metade dos problemas de todos os outros, porque legalizam tudo e mais alguma coisa, desde o consumo de drogas, á prostituição, ao tráfico de mulheres, ao sexo com animais, ao proxenetismo, ao casamento gay e tudo mais que se possa inventar.
Para os filandeses, trabalhar é uma questão de sobrevivência e de sanidade mental: o que fazer num país em que durante oito meses ou mais, a temperatura não passa dos zero graus... trabalha-se! Mas para as elites portuguesas Helsinquia é que é! E afinal o que é a finlândia além da calota polar?
A elite lamuria-se do que têm e do que não têm. O povo, é que é sempre o mesmo...
A seguinte lista relaciona todos os países convencionalmente considerados países de alto desenvolvimento humano, num total que á partida considera 152 países.
1.Noruega (=)
2.Islândia (↑ 5)
3.Austrália (=)
4.Luxemburgo (↑ 11)
5.Canadá (↓ 1)
6.Suécia (↓ 4)
7 Suíça (↑ 4)
8 Irlanda (↑ 2)
9 Bélgica (↓ 3)
10 EUA (↓ 2)
11 Japão (↓ 2)
12 Países Baixos (↓ 7)
13 Finlândia (=)
14 Dinamarca (↑ 3)
15 Reino Unido (↓ 3)
16 França (=)
17 Áustria (↓ 3)
18 Itália (↑ 3)
19 Nova Zelândia (↓ 1)
20 Alemanha (↓ 1)
21 Espanha (↑ 1)
22 Hong Kong (↑ 1)
23 Israel (↓ 1)
24 Grécia (=)
25 Singapura (=)
26 Eslovênia (↑ 1)
27 Portugal (↓ 1)
28 Coréia do Sul (=)
29 Chipre (↑ 1)
30 Barbados (↓ 1)
31 República Checa (=)
32 Malta (=)
33 Brunei (=)
34 Argentina (=)
35 Hungria (=)
o presente índice mede vectores como natalidade, esperança média de vida, alfabetização, educação, pobreza entre outros. Portugal ocupa a 27ª posição num quadro que o coloca como país de alto desenvolvimento humano.
Agora lamuriem-se e chorem....
perdão, a lista acima em referência, elaborada pela ONU tem 177 países e não 153. É bom que também nos lembremos disso.
O problema da nossa "elite" é adorar lambuzar-se numa Lux ou pelar-se por uma página de atenção da Caras.
Não falo da parolada que é o nosso Jet7, falo da elite mesmo. Da supostamente "intelectual".
De certa forma acho que o problema é a nossa cultura do sol!
Curioso caro Fritz,
Todos os países que menciona no seu comentário anterior, a saber, Reino Unido, França, Holanda e Finlândia, estao todos colocados acima de Portugal na lista que publicou.
Em que é que ficamos?
As elites têm ou não razão?
Contentamo-nos com a 27ª posição, ou queremos o primeiro lugar?
Caro amf:
eu não quero o primeiro lugar.
não acho que algum dia lá chegaremos (adiante explicarei).
o que não significa que presentemente ache (ao contrário de muitos) que é positivo o lugar em que nos encontramos, considerando que nestes últimos anos subimos imenso naquele índice com 177 países. Vá ver os 150 restantes...
A questão que se coloca (pelo menos para mim) é não desfazer por sistema e sumáriamente aquilo que temos e alcançamos (não duvide que há 25 anos atrás nos encontrávamos atrás da albânia!0lhe onde estamos agora.Seremos assim tão maus?) Aquilo que de algum modo me move - e sei que muitas vezes sou um gajo com quem não apetece trocar impressões - é contrariar a tendência instalada de pura e simplesmente DESFAZER aquilo que temos e bajular acriticamente tudo aquilo que seja dos outros.
não me move absolutamente nada contra outras realidades (como seja a alemã, a finalandesa, a belga, holandesa ou a eslovaca). mas nada neles encontro de tão extraordinário: de uma forma geral acho-os desinteressantes na respectiva cultura e modo de vida, o que não significa que não possa considerar que haja um melhor modo de gerir alguns aspectos da sua vida colectiva. O que é um belga? um eslovaco? um polaco? um luxemburguês? um islandês? o que representa o seu modo de vida e a emanação cultural que deles resulta (se é que alguma emanação cultural própria alguma vez resultou) para o mundo? Eles próprios sabem disso. Além da nokia, o que é que me faria correr para a finlândia? e já agora alguém quer ir correr para a islândia? Quem no mundo fala suomi, ou checo, ou encontra fachadas de um qualquer estilo de edificação croata na ìndia, ou no interior do uruguai? acaso foram os alemães que nos ensinaram a cultura mediterrãnica?
E porque raio tendo nós isso tudo (ainda que não a facilidade económica de outros, não todos) haveremos de passar a vida a lamuriarmo-nos e a desfazer sem excepção aquilo que representamos?
e já agora fica a pergunta: é lamuriando-nos e desprezando as potencialidades da nossa vida colectiva, que alguma vez chegaremos ao primeiro lugar? Eu diria que é um péssimo começo, pelo menos para aqueles que ambicionam estar no top...
os espanhóis, lamuriam-se?
os franceses, lamuriam-se?
os croatas, lamuriam-se?
os belgas, lamuriam-se?
os húngaros, lamuriam-se?
os eslovenos, lamuriam-se?
os gregos, lamuriam-se?
os islandeses, lamuriam-se?
os turcos, lamuriam-se?
os sul-africanos lamauriam-se?
os búlgaros lamuriam-se?
os mexicanos, lammuriam-se?
Não.
Os parvos dos portugueses é que se lamuriam e se lamentam, todos os dias, deles mesmos e da mágua que sentem no seu país. Eternamente, coitados, eternamente...
Pela avaliação que o Caro Fritz faz dos últimos 25 anos em Portugal, parece que a social-democracia não terá sido assim tão nefasta ...
Bem, segundo percebi, o amigo Fritz acha que os portugueses lamuriam-se e nao têm razões para isso.
Pelo contrário, os islandeses, finlandeses, e por aí fora, não se lamuriam, mas estao cheios de razões para se lamuriarem.
Segundo me parece desta, e de outras trocas de ideias a propósito de assuntos semelhantes, o amigo Fritz acha que Portugal tem todas os motivos para os outros quererem vir viver para cá, não resuma tudo ao SOL.
E já agora, essa da Islandia não ter qualquer cultura e modo de vida próprio não lembra a ninguém.
Sabia que foi lá que foi instituída o primeiro processo democrático de decisão no mundo, há cerca de 1000 anos?
caros amigos:
como devem imaginar, não é fácil expor ideias de um modo tão sumário e sobretudo rápido como é este dos comments. sendo coisas que quase escrevemos directamente, sem uma reflexão e um português mais cuidade, corremos sempre o risco de ser mal interpretados no que dizemos. O primeiro pressuposto base de toda a discussão é o seguinte: respeito toda a nacionalidade, todo o conjunto colectivo que se assume como nação.
O segundo pressuposto é de que a visão ou opiniões que venho defendendo assentam em visões prórprias, pessoais e que por exemplo passam por achar muito mais interessante culturas e países como a costa rica, ou o cambodja, a pérsia ou o nepal, do que a da islândia ou outros nórdicos equivalentes.
Evidentemente que este facto, não ajudará á discussão com aqueles que acreditam que a suécia, ou a finlãndia, ou a noruega são países mais interessantes do que outros que refiro e até os entendem como modulares, portanto susceptíveis de nos ensinarem qualquer coisinha.
Eu particularmente, prescindo a sua cultura e modo de vida como todos os méritos que ele possa ter (e tem-nos sem dúvida).
Agora há um facto que eu considero importante e que é imanente a toda esta discussão: o de não acreditar nem um milésimo de segundo que algum dia possamos ser diferentes do que somos e nessa medida prescindir dos aspectos que marcam a nossa cultura (e esse lembre-se é o sentido do presente post do framboesa).
Não aspiro a aculturações e á engenharia de modos de vida através da qual nos seriam "implantada" a vivência de outras nacionalidade: a pontualidade britãnica, a eficiência alemã, a sesta espanhola, o traço delicado nas artes dos italianos e o gosto pelo arenque norueguês (este último facto seria introduzido para satisfazer o grupo de pressão nórdico).
perdoar-me-ão a ignorãncia, mas desconheço que outros contributos poderíamos solicitar, aos belgas, aos eslovenos, aos croatas, aos holandeses, aos luxemburgueses, aos islandeses, aos eslovacos e a quem mais quiserem...
Mas aparentemente há uma engenharia das nacionalidades das quais os portugueses querem ser os pioneiros e o empenho é tal que ele próprios se voluntariam para servirem de cobaia (há uma especial propensão à eficiência alemã).
E PORTUGUÊS seria isso: a unidade resultante da agregação das melhores partes e vertentes de todos os outros povos. O PORTUGUÊS era o transformer europeu, o tão ansiado NOVO HOMEM.
Caros amigos: esqueçam...
Não há salvador possível para o que somos, não há revolução cultural, ou processo de reeducação (falar disto arrepia-me) que nos retire desse imaginário em que a maioria de nós persiste, o da FATALIDADE, ou do pobre DESTINO que temos que suportar... a única forma de saltarmos para fora dessa formatação, é simplesmente deixamo-nos disso e por isso a única mas fundamental questão que nos diverge, é eu acreditar que somos bons, muito melhor que a grande maioria (incluindo os nórdicos) enquanto por outro lado, se calhar a da grande maioria, persiste uma visão fatalista do que somos e encanto por esse arquétipo português da não valorização, e da admiração bajuladora do "estangeiro".
caro asp:
acredite que teríamos alcançado muito mais sem a social-democracia. Veja o exemplo da grã-bretenha: também eles, durante as décadas de 50 e 60 se empenharam na construção de uma social-democracia progressista, com nacionalizações, estatização de sistemas, empresas públicas, tudo á boa maneira keynesiana, que depois os afundou durante toda a década de 70 numa crise profunda de conflitualidade social, improdutividade, desemprego e estaganção económica.
A Tatcher mandou tudo ás malvas. "sociedade? e isso existe?". Veja agora a grã-bretanha, 25 anos depois, nem os trabalhistas (aqueles que antes empenharam o país na tal social-democracia) qurem ouvir falar de semelhante! Social-democracia...
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